Introdução: A Hanseníase é uma doença crônica infectocontagiosa que acomete principalmente os nervos periféricos, olhos e pele. A doença tem evolução lenta e progressiva e, se não tratada, pode causar incapacidades físicas. O Brasil ocupa o segundo lugar na relação de países com maior número de casos no mundo e, de acordo com o Boletim Epidemiológico de Hanseníase de 2023, o Tocantins ocupou a segunda posição entre os estados com maior número de casos novos por 100 mil habitantes. O diagnóstico da hanseníase é, acima de tudo, clínico e, em sua maioria, pode ser confirmado no nível da Atenção Primária à Saúde. Objetivos: Este estudo teve como objetivo descrever as características sociodemográficas, clínicas e operacionais dos pacientes notificados com hanseníase no hospital universitário do norte do Tocantins durante os anos de 2017 a 2022. Metodologia: O presente estudo consistiu em um estudo descritivo, retrospectivo, observacional e transversal, de caráter quantitativo, com base nos registros presentes nos prontuários dos pacientes do Hospital de Doenças Tropicais (HDT-UFT). Resultados: Durante os anos de 2017 a 2022, foram notificados 410 pacientes no Hospital Universitário do Norte do Tocantins (HDT-UFT). Pode-se observar uma predominância do sexo masculino (67,3%), com faixa etária preponderante dos 30 aos 59 anos (45,3%), de cor parda (90,7%) e analfabetos (62,9%). Segundo as características clínicas da doença, a multibacilar foi predominante (79,26%), e a forma clínica principal foi a dimorfa (46,34%). Em relação ao grau de incapacidade física no diagnóstico (GIF), 29% apresentaram GIF 1, porém, 136 pacientes (33%) não foram avaliados. A baciloscopia foi positiva em 153 pacientes (37,31%). A maioria dos pacientes não possuía episódios reacionais no diagnóstico (46,09%). De acordo com as características operacionais, o principal modo de entrada foi o de caso novo (56,3%) e o modo de detecção foi o de encaminhamento (62%). O ano de maior diagnóstico foi o de 2017, sendo diagnosticados 152 pacientes (37%), e o de menor diagnóstico foi o ano de 2020, com 19 (4%). Conclusão: Conclui-se que as populações mais desassistidas são as mais afetadas pela doença, havendo uma relação consistente entre a hanseníase e circunstâncias socioeconômicas desfavoráveis em regiões endêmicas, além da predominância do sexo masculino, fatores que indicam um maior risco para adquirir a doença. Ainda, percebe-se uma dificuldade no diagnóstico da doença no nível da atenção primária à saúde, haja vista que uma quantidade significativa dos pacientes já possuía grau de incapacidade física no diagnóstico.
Comissão Organizadora
Centro Acadêmico Ruth Sonntag Nussenzweig
Talys Arruda Jucá da Silva
Sarah Garcia Bento Fonseca
ASHLEY FERNANDA DE SOUSA E SOUSA
Mônica Oliveira Silva Barbosa
Julia Leite Abreu
Comissão Científica
Ana Beatriz Pereira de Souza
Gustavo Costa Freitas
Ana Caroline Lemos de Andrade