PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS HOSPITALIZAÇÕES POR TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS AO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NO ESTADO DE SÃO PAULO (2011-2020): RECORTE DE GÊNERO E SUBSTÂNCIA

  • Autor
  • Ivan Lira dos Santos
  • Co-autores
  • Hendrick Yuji Ivanaga , Gabriel Greggio Secco Felix , Vitor Hideki Nakamura de Sousa , João Vitor Jurca Murta , Eduardo Henrique Teixeira
  • Resumo
  • O presente estudo busca descrever as taxas de internação por transtornos mentais e comportamentais associadas ao uso de substâncias psicoativas (SPA) no estado de São Paulo durante o período de 2011-2020. Trata-se de um estudo observacional de base hospitalar em que foram utilizados dados secundários oriundos do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS abarcando internações compreendidas entre os capítulos CID-10 de F10 até F19. Foi descrita a amostra de substâncias psicoativas no estado de São Paulo durante 2011 a 2020, as quais contabilizaram 339.517 autorizações de internação hospitalar (AIH), o que corresponde a 1.4% do total de internações no período computado (n=24.839.884). Desse total de hospitalizações, 81.7% (n=277.929) corresponderam ao sexo masculino e 18.3% (n=61.588) ao feminino. Obteve-se correlação estatisticamente significante (p<0.05)  ao dividir as internações por gênero no seguintes critérios: idade, com predominância da faixa etária de 20 a 39 anos em ambos os grupos, raça/cor branca em ambos, diagnóstico maior de abuso de álcool em homens (49.4%) e múltiplas drogas em mulheres (48.9%), houve ligeira predominância de evasão hospitalar em homens (3.9%) quando comparado a mulheres (3.3%), em ambos o caráter de internação predominante foi o de urgência e a vasta maioria dos leitos ocupados em ambos os grupos são da psiquiatria ou da clínica médica, o uso de UTI é minoritário em ambos os grupos, correspondendo a menos de 1%. Para taxas de internação a cada 100.000 habitantes no estado de São Paulo durante 2011 a 2020 temos que há queda nas internações no período analisado (tabela 4) de 406 para 145 internados. Queda essa que é observada em diferentes graus no recorte por gênero (figura 1) e por faixas etárias (figura 2). O ano de 2020, no qual se deu a pandemia de COVID-19 descreve queda das taxas de internação de ambos os gêneros em causas majoritárias de internações por SPA (álcool, cocaína, múltiplas drogas). Já nas demais causas houve queda discreta ou insignificante. Esse estudo buscou descrever o cenário epidemiológico das hospitalizações por substancias psicoativas no estado de São Paulo durante 2011-2020 para gerar evidências em saúde pública perante o desafio de manejar a morbidade envolvendo transtornos mentais e comportamentais associadas ao uso de substâncias psicoativas.  Embora as taxas de hospitalização demonstram queda no estado de São Paulo, homens jovens na faixa de 20 até 39 anos ostentam as maiores taxas de internação não só para o agregado de casos, mas também para grandes causas de internação que abarcam mais de 90% da amostra, as quais são álcool, múltiplas drogas e cocaína. Houve para substâncias minoritárias (alucinógenos, sedativos e hipnóticos, fumo, outros estimulantes, opioides) certa equivalência entre os sexos sem predominância absoluta como nas causas majoritárias supracitadas. Destaca-se a relevância de estudos epidemiológicos sobre hospitalizações decorrentes do uso de drogas, pois não só profissionais de saúde, mas também o gestor e a academia poderão delinear atos de enfrentamento dessas causas de hospitalização sob a égide da Reforma Psiquiátrica Brasileira ofertando cuidado humanizado e do diálogo intersetorial.

  • Palavras-chave
  • Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias, Hospitalização, Análise de Gênero na Saúde, Epidemiologia Descritiva
  • Área Temática
  • Saúde Mental e Psiquiatria
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