Para a pediatria a infecção por SARS-CoV-2 é geralmente assintomática ou causa uma doença autolimitada; de curta e leve duração. Contudo, crianças portadoras de comorbidades possem maior risco de quadros pediátricos graves. Risco já mensurado de forma agregada em metanálise que cobriu publicações entre janeiro e outubro de 2020, todavia pelo desenho do estudo não foi possível avaliar de forma desagregada cada comorbidade. Destarte, o presente estudo possui como objetivo geral: calcular taxas de letalidade segundo faixas etárias e presença de comorbidades, objetivo específico: calcular as razões de chance de óbito (odds ratio) para comorbidades e sintomatologia (Quadro 1); ambos os objetivos referentes casos de COVID-19 pediátricos contabilizados no SIVEP-GRIPE. Os critérios de inclusão foram pacientes menores de 18 anos de idade com diagnóstico confirmado por RT-PCR positivo para COVID-19, no Brasil de janeiro até julho de 2021. Trata-se de um estudo coorte retrospectivo, em que foram exportados microdados do SIVEP-GRIPE e selecionadas variáveis de interesse: sexo, cor, idade, sintomas e comorbidades. O cálculo de letalidade foi realizado mediante razão entre óbitos e casos totais para faixas etárias e presença de comorbidades. Para cálculo das razões de chance de óbito foi utilizado o método da regressão logística simples e múltipla para propor modelo preditivo de desfecho óbito segundo as covariáveis supracitadas. As análises estatísticas foram realizadas no software R-Studio. Houve 6.118 casos de Síndrome Gripal e 482 óbitos COVID-19 notificadas em pacientes pediátricos (até 18 anos) pelo SIVEP Gripe para o ano de 2021 no Brasil até a primeira semana de julho/2021 (tabela 1). A amostra é representada por maioria de homens 55.0% (3.367), com predominância de 0 a 4 anos 57.2% (3.498) e média de idade de 5,8±6,4 anos. Foram significativos (p<0.05) no modelo logístico para desfecho óbito as variáveis sociodemográficas: 15-18 anos (OR:1.8, IC95:1.49-2.20) e pretos e pardos (OR:1.43, IC95:1.21-1.68); a sintomatologia desconforto respiratório (OR:2.08, IC95:1.76-2.47); e as comorbidades: obesidade (OR:1.96, IC95:1.38-2.75), cardiopatia (OR:3.88, IC95:2.92-5.10), doença hematológica: (OR:3.03, IC95:1.91-4.68), síndrome de Down (OR:2.05, IC95:1.34-3.06), neuropatas (OR:3.37, IC95:2.64-4.27) e imunodeprimidos (OR:3.75, IC95:2.60-5.32). Não expressaram significância estatística para o desfecho óbito: hepatopatia, nefropatia, asma, pneumopatia e diabetes. Embora seja um estudo de cuja base de dados é secundária com as limitações intrínsecas, o levantamento epidemiológico do perfil de paciente pediátrico grave com COVID-19 estratifica riscos de comorbidades pediátricas de forma individualizada. Isto posto, Pacientes pediátricos de maior faixa etária dos 15 a 18 anos, pretos e pardos, com comorbidades, possuem razão de chance elevada para óbito. Assim como os que apresentam desconforto respiratório. Obesos, Cardiopatas, portadores de doenças Hematológicas, Síndrome de Down, Neuropatas e Imunodeprimidos foram as comorbidades que significaram maior razão de chance para óbito. Cardiopatas e imunodeprimidos destacam-se pois ostentam maiores chances de óbito dentre todas as comorbidades estudadas.
Os trabalhos publicados deverão ter sido inscritos no Congresso Médico Acadêmico da Unicamp - COMAU, e terem o seu projeto aprovado por 2 avaliadores (docentes e pós graduandos escolhidos pela Comissão Científica).
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Corpo Editorial: Diretório Científico Adolfo Lutz
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