Introdução: O estudo sobre a qualidade de vida de estudantes de medicina é recorrente na literatura, uma vez que o curso apresenta densa carga horária, de conteúdo e exige que o aluno aprenda a lidar com a interface entre vida e morte. Aspectos espirituais, religiosos e de crença pessoal podem influenciar na qualidade de vida. Objetivo: Descrever algumas características da prática religiosa e da espiritualidade de estudantes de medicina, e relacionar a espiritualidade, a religião e as crenças pessoais com sua qualidade de vida. Método: Realizou-se um estudo descritivo de corte transversal. Foram convidados a participar todos os alunos matriculados em uma faculdade de medicina no interior de São Paulo em 2020. O convite foi enviado via whatsapp, quando se informou ao possível participante o link para o questionário a ser respondido no Google Forms. O questionário incluiu uma seção de caracterização dos participantes e, na sequência, o questionário sobre qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde - módulo de Espiritualidade, religião e crenças pessoais (WHOQol – SRPB). Realizou-se, inicialmente, análise descritiva simples das variáveis estudadas: frequência absoluta e percentual para variáveis qualitativas, bem como média e desvio padrão para variáveis quantitativas. Após verificação da distribuição aproximadamente normal da variável dependente, foi realizada análise bivariada utilizando o teste paramétrico t-Student para amostras independentes, considerando o escore médio obtido através do WHOQol – SRPB como variável dependente e como independentes as oito variáveis de caracterização da amostra estudada. Finalmente, realizou-se análise múltipla por regressão linear, para o escore médio obtido através do WHOQol – SRPB e considerando as seguintes variáveis independentes: idade, sexo, cor de pele, ano da graduação, religião, frequência em cerimônias/ cultos/ missas, frequência a grupos de oração na FMJ, e qualidade de vida autorreferida. Resultados: Foram analisadas as respostas de 200 participantes, 33,3% do total de pessoas convidadas a participar. Pouco menos de um terço (30,5%) dos participantes não responderam a pergunta da religião, enquanto 10% declararam não ter religião e 38% referiram ser católicos. Quase a metade (47,8%) dos que disseram ter religião mencionaram frequentar cultos/cerimônias somente em ocasiões especiais. Poucos participantes (7%) frequentavam grupos de oração na faculdade. A grande maioria dos participantes (92,5%) considerou que sua qualidade de vida era boa ou muito boa. A média do escore de qualidade de vida obtido a partir do WHOQol SRPB para o conjunto dos participantes foi 60,8 (DP= 18,4). Na análise bivariada somente se observou diferença estatística quanto ao escore médio obtido no WHOQol - SRPB em relação a idade, a ter religião, a apresentar alguma frequência às cerimônias, e a auto avaliação da qualidade de vida. Na análise por regressão linear, possuir alguma religião, estar cursando do 3° ao 6° ano e qualidade de vida auto referida como boa ou muito boa foram as variáveis independentemente associadas ao maior escore no WHOQol - SRPB. Conclusão: Espiritualidade, religião e crenças pessoais estiveram associadas à qualidade de vida dos participantes. Isto reforça o entendimento de que são necessárias ações voltadas a criar ambientes propícios nas faculdades de medicina para que os estudantes possam expressar e discutir suas crenças pessoais no contexto da formação médica.
Os trabalhos publicados deverão ter sido inscritos no Congresso Médico Acadêmico da Unicamp - COMAU, e terem o seu projeto aprovado por 2 avaliadores (docentes e pós graduandos escolhidos pela Comissão Científica).
O contato com a Comissão Científica pode ser realizado através do e-mail: ctfcomau@unicamp.br
Corpo Editorial: Diretório Científico Adolfo Lutz
Endereço: R. Tessália Vieira de Camargo, 126 - Cidade Universitária, Campinas - SP, 13083-887
Periodicidade: Anual
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