As neoplasias mieloproliferativas (NMP) clássicas são doenças clonais da célula-tronco hematopoiética que resultam na proliferação exacerbada de uma ou mais séries mieloides, causando leucocitose no sangue periférico, aumento da massa eritrocitária e/ou trombocitose, e compreendem policitemia vera (PV), trombocitemia essencial (TE) e mielofibrose primária (MF). A COVID-19 é uma infecção sistêmica e respiratória causada pelo betacoronavírus SARS-CoV-2 que foi inicialmente observada em dezembro de 2019, na China, e rapidamente tornou-se uma preocupação de saúde pública a nível global. O objetivo deste estudo, prospectivo e observacional, é analisar a incidência e evolução clínica da COVID-19, em pacientes com neoplasias mieloproliferativas Filadélfia negativas (NMP) acompanhadas num único centro de hematologia, considerando a hipótese de que as características epidemiológicas e fisiopatológicas das NMP tornem os pacientes mais propensos a complicações hiperinflamatórias da COVID-19. Foram aplicados dois questionários aos pacientes com NMP em seguimento ambulatorial, com um intervalo de 6 meses e coletados dados clínicos e laboratoriais dos prontuários médicos, através dos quais buscamos identificar casos confirmados e suspeitos de COVID-19, avaliar dados comportamentais durante a pandemia, exposição, vacinação e analisar os fatores de risco para gravidade e prognóstico. Os dados foram coletados e armazenados no sistema REDCap. O estudo ainda está em andamento. Entre novembro/2020 e julho/2021, foram avaliados 145 pacientes, 65 (44,8%) com trombocitemia essencial (TE), 40 (27,6%) com policitemia vera (PV), 33 (22,8%) com mielofibrose primária (MF) e 7 (4,8%) com NMP não-classificadas. A mediana de idade foi de 67,4 anos; 65,5% eram mulheres; 86,1% apresentaram alguma comorbidade, sendo as mais prevalentes hipertensão (51,8%), diabetes (17,5%) e cardiopatias (13,1%). A adesão ao isolamento social foi de 82,8%. Dentre estes, 9 (6,2%) tiveram diagnóstico confirmado de COVID-19 (por PCR ou sorologia) e 5 (3,4%), quadro clínico suspeito. Dentre os casos confirmados, a mediana de idade foi de 44 anos; 7 eram mulheres; 7 eram pacientes com TE e 2 com PV. Sete casos foram leves e 2 moderados, com hospitalização, mas sem necessidade de ventilação mecânica ou oxigênio. Não houve óbitos por COVID-19. Seis pacientes afirmaram seguir as medidas de isolamento social e 3 haviam recebido a primeira dose da vacina, sendo que em 2 destes a infecção ocorreu após o início da vacinação. Pudemos observar que a frequência de COVID-19 foi maior em pacientes mais jovens e do sexo feminino. Devido ao tamanho amostral, não foi possível analisar a letalidade e gravidade da infecção do grupo estudado. É possível observar que as medidas preventivas em relação à COVID-19 devem ser mantidas, pois houveram casos pós-vacinação. Serão rastreados os pacientes com perda de seguimento durante a pandemia e que não responderam aos questionários, no intuito de identificar mortes por COVID-19 nessa população.
Os trabalhos publicados deverão ter sido inscritos no Congresso Médico Acadêmico da Unicamp - COMAU, e terem o seu projeto aprovado por 2 avaliadores (docentes e pós graduandos escolhidos pela Comissão Científica).
O contato com a Comissão Científica pode ser realizado através do e-mail: ctfcomau@unicamp.br
Corpo Editorial: Diretório Científico Adolfo Lutz
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Periodicidade: Anual
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