AVALIAÇÃO DA COVID-19 EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA

AVALIAÇÃO DA COVID-19 EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA

• Autor
• Leonardo Vitor do Nascimento Fechio
• Co-autores
• Katia Borgia Barbosa Pagnano
• Resumo

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  A COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV 2, atingiu proporções mundiais, sendo atualmente uma pandemia. Por ser uma doença recém descrita, ainda há poucos dados sobre sua manifestação em pacientes com leucemia mielóide crônica (LMC) e a influência dos inibidores de tirosina quinase (ITK) na sua evolução. Esse projeto visa avaliar a incidência e prognóstico da COVID-19 em pacientes com LMC de dois centros, além do efeito das vacinas e suas possíveis reações adversas nessa população.

  Esta pesquisa é um estudo prospectivo, observacional, em andamento. Os pacientes responderam a dois questionários com 6 meses de intervalo entre eles. Foram incluídas perguntas sobre sintomas, comorbidades, confirmação ou suspeita de COVID-19, contatos com infectados, comportamento na pandemia, gravidade da infecção e vacinação. Cada questionário avaliou dados dos 6 meses anteriores à sua aplicação. Adicionalmente, foram obtidos dados clínicos, laboratoriais e de tratamento dos prontuários médicos. Os dados foram armazenados no sistema REDCap.

  Entre setembro de 2020 e agosto de 2021, 228 pacientes responderam ao primeiro questionário e 155 destes responderam ao segundo, 129 (56,6%) eram homens. A mediana de idade foi 56,5 anos (19-90). A maioria estava em tratamento com inibidores de tirosina quinase (88,1%) e 11,9% estavam sem tratamento, em protocolo de descontinuação. Setenta e nove % dos pacientes realizaram distanciamento social e 30% tiveram familiares ou contatos próximos com COVID-19. Nos 6 meses anteriores à aplicação do primeiro questionário, 49 (21,6%) tiveram sintomas respiratórios, 33 (14,5%) tiveram febre, 7 (3,1%) tiveram pneumonia e 47 (20,7%) falta de ar ou tosse seca. Comorbidades observadas: 80 (35,6%) hipertensão, 35 (15,6%) diabetes, 15 (6,7%) insuficiência renal, 13 (5,8%) doença pulmonar, 37 (16,4%) cardiopatia e 45 (20%) outra doença crônica. No total, 32 (14%) pacientes com LMC tiveram diagnóstico de COVID-19, enquanto 10 tiveram quadro clínico suspeito. A mediana de idade foi 42 anos, 68,8% eram homens; 12 (38,7%) não respeitavam o distanciamento social. 37,9% tinham comorbidades: 13,8% diabetes, 27,6% hipertensão, 3,4% insuficiência renal, 20,7% cardiopatia e 17,2% outra doença crônica. Quinze tiveram algum familiar ou contato próximo diagnosticado com COVID-19. Vinte e nove pacientes tiveram a forma leve da infecção, sem necessidade de internação. Um paciente de 71 anos em uso de nilotinibe e em resposta molecular maior (RMM) teve quadro grave, com óbito, e uma paciente teve quadro moderado, sem necessidade de internação. Trinta pacientes estavam na fase crônica e um em fase acelerada. Catorze apresentavam RMM, dois apresentavam resposta hematológica, 5 resposta citogenética completa, 3 MR4.0 e 7 MR4.5. Tratamento vigente: imatinibe (18), dasatinibe (6), nilotinibe (5) e dois sem tratamento. Houve um caso de reinfecção. Até o momento, 115 (50,9%) pacientes receberam vacinas para a COVID-19. Dentre os vacinados, 42 apresentaram reações adversas: 17 apresentaram febre, 13 dor de cabeça e 35, outro tipo de reação (dores no corpo, calafrios ou dores no braço).

  Nesses resultados preliminares, observamos que a gravidade e mortalidade da COVID-19 na LMC foi menor do que a descrita em outras neoplasias hematológicas.  Tivemos um caso de óbito e um de reinfecção, não sendo possível descartar a hipótese de uma variante. A incidência de COVID-19 na população de LMC estudada foi de 14%, mais frequente em homens, com menor mediana de idade e menor taxa de isolamento social, predominando casos leves e moderados. Todos os casos descritos até o momento ocorreram antes do início da vacinação.

   

• Palavras-chave
• leucemia mieloide crônica, COVID-19, SARS-CoV 2, inibidores de tirosina quinase, prognóstico
• Área Temática
• Clínica Médica

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