Seguimento de dois anos de pacientes com doença arterial coronariana crônica em um centro especializado no Brasil: O registro CIC

  • Autor
  • Manuel Jorge Rosa Gomes
  • Co-autores
  • Eduardo Martelli Moreira , Lucas Luiz Constantino , Sônia Maria Reis da Costa Rêgo , Henrique Trombini Pinesi , Carlos Vicente Serrano Júnior
  • Resumo
  • Contexto: A incidência de eventos cardiovasculares em pacientes com doença arterial coronariana (DAC) crônica pode variar significativamente entre os países. Apesar de populoso, o Brasil é geralmente sub-representado em registros internacionais.

    Objetivos: Este estudo tem como objetivo descrever a qualidade do cuidado e a incidência em 2 anos do desfecho composto de infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral ou morte, e fatores associados ao prognóstico em pacientes com DAC crônica em um centro de saúde público terciário no Brasil.

    Métodos: Foram incluídos e seguidos pacientes com pelo menos uma das características: procedimentos de revascularização prévios, antecedente de IAM ou estenose > 50% em pelo menos uma artéria coronária epicárdica.

    Resultados: De julho de 2017 a junho de 2018, 625 participantes foram inscritos. Características basais predominantes: 207 (33,1%) mulheres, idade média de 65,5 ± 9,6 anos, 304 (48,6%) tiveram diabetes, 517 (83,1%) hipertensão, 391 (62,6%) tiveram IAM prévios, 440 tiveram algum procedimento de revascularização, 160 não tinham revascularização ou IAM prévios. Em um seguimento mediano de 881 dias (IQR: 613-1071), ocorreram 37 (7,05%) desfechos compostos primários. Após ajustes, idade (HR 1,37 a cada 5 anos, 95%Cl 1,08 - 1,74), acidente vascular cerebral prévio (HR 8,30, 95%CI 3,07 - 22,45) e LDL-colesterol (HR 1,19 por 10 mg/dL, 95%CI 1,08 - 1,31) foram independentemente associados com o desfecho primário. Os participantes experimentaram alívio dos sintomas de angina baseados na escala da Canadian Cardiovascular Society (CCS) (respectivamente admissão vs. seguimento): 65,7% vs. 81,7% foram assintomáticos, 13% vs. 7,2% CCS 1, 17,1% vs. 8,3% CCS 2, 4,2% vs. 2,9% CCS 3 ou 4 (p < 0,001). A análise de objetivos terapêuticos identificou melhor qualidade da prescrição médica, definida pelo uso de inibidores do sistema renina-angiotensina associados a estatina e qualquer antitrombótico: 65,8% vs. 73,6% (p<0,001), comparando admissão com seguimento. Por outro lado, não houve melhora no LDL-colesterol ou no controle da pressão arterial.

    Conclusão: Este estudo mostra que pacientes com DAC crônica tiveram uma incidência em 2 anos do desfecho composto primário de 7,05% e a redução do LDL-colesterol foi o único fator de risco modificável associado com piores prognósticos.

  • Palavras-chave
  • Doença arterial coronariana, LDL-colesterol, angina, qualidade do cuidado
  • Área Temática
  • Clínica Médica
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