Introdução: A protozoose leishmaniose tegumentar americana é uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por algumas espécies de protozoários do gênero Leishmania, transmitida através da picada de fêmeas do mosquito flebótomo. Atualmente, existem três principais padrões epidemiológicos no Brasil: silvestre, ocupacional/ lazer e rural/ periurbano. O acometimento pela LTA pode atingir negativamente a qualidade de vida dos indivíduos, pois estão em áreas de difícil acesso e assistência hospitalar. No Brasil, o aumento do número de casos com o passar dos anos é notório, com coeficiente de detecção de 7,37 casos a cada 100 mil habitantes apenas em 2019, sendo um dos focos da LTA o estado do Pará, mais precisamente em áreas distantes da capital (Belém) e de centros urbanos, como a região do Araguaia, devido à prática de atividades laborais extrativistas. O avanço da urbanização no estado do Pará, com ênfase nas recentes notificações de doenças tropicais na região de saúde do Araguaia, e o crescente desmatamento para produção agropecuária resultam no aumento de casos de infecção por LTA devido à presença do mosquito transmissor em regiões habitáveis. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico e demográfico dos pacientes infectados por leishmaniose tegumentar americana na região de saúde do Araguaia no estado do Pará e relacionar os resultados com as variáveis das demais regiões de saúde (CIR) de notificação. Materiais e métodos: Estudo ecológico, observacional e analítico, com levantamento de dados do período de janeiro de 2015 a dezembro de 2019, através de informações fornecidas pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A partir dos dados coletados, foram consideradas as seguintes variáveis: sexo, raça, forma clínica, evolução do caso e faixa etária detalhada, com o uso das ferramentas Microsoft Excel e TabWin para estratificação de resultados quantitativos. Resultados e discussão: Foram observados 40.287 casos notificados na Região Norte no período analisado, onde a maioria dos pacientes paraenses com Leishmaniose Tegumentar Americana é do sexo masculino (81,74%), adultos (71,5%), pardos (75,7%), apresentam a forma cutânea (97,6%) e tem alta prevalência nas regiões do Xingu (19%) e Baixo Amazonas (18%). A região do Araguaia, por sua vez, é a sétima região do Pará com o maior número de notificações, obtendo pacientes com perfil epidemiológico semelhante ao do estado Pará, que são do sexo masculino (81%), com alta taxa de cura (97,6%), pardos (58,4%) e apresentam em sua maioria a forma cutânea da doença (94,7%). Entende-se que a expansão das áreas habitáveis e a maior utilização dos espaços rurais para exploração agropecuária e mineradora, em sua maioria pelos homens, são fatores predisponentes ao aparecimento de casos de LTA. Conclusão: determinantes epidemiológicos como morar em regiões endêmicas, trabalhar em zonas rurais ou periurbanas, sexo masculino, raça parda e ter idade economicamente ativa são fatores que estão relacionados às maiores proporções de casos. Através da análise dos dados fornecidos por esse estudo, podem ser elaboradas políticas públicas de saúde que atendam diretamente as regiões endêmicas e os grupos populacionais mais acometidos pela doença, realizando a prevenção, promoção e tratamento eficientes.
Os trabalhos publicados deverão ter sido inscritos no Congresso Médico Acadêmico da Unicamp - COMAU, e terem o seu projeto aprovado por 2 avaliadores (docentes e pós graduandos escolhidos pela Comissão Científica).
O contato com a Comissão Científica pode ser realizado através do e-mail: ctfcomau@unicamp.br
Corpo Editorial: Diretório Científico Adolfo Lutz
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