Introdução: Na escola há ênfase no cuidado dos meninos por representar maior desafio pedagógico, entretanto vemos que as garotas sofrem com a maior pressão para manterem bom desempenho acadêmico, esperado como uma expressão de sua feminilidade. Na adolescência, observamos crescimentos de sintomas internalizantes nas meninas. Objetivo: Avaliar a prevalência de comportamentos de risco e sua relação com gênero na adolescência. Métodos: Para este estudo transversal observacional, foram aplicados 6 questionários em adolescentes de 10 a 19 anos avaliando autoconceito, popularidade, realização pessoal, uso de substância psicoativas, sintomas depressivos e garra. Os dados foram avaliados através do Teste Mann Whitney, regressão logística binária. Resultados: Participaram 411 alunos com média de idade de 14,7 anos. A prevalência de vulnerabilidades e comportamentos de risco foi alta entre os alunos: 58% referiram ter sofrido bullying, 49% tinham usado SPA, 26% tinham realizado cutting, 22% apresentavam escores sugestivos de sintomas depressivos graves, e 37% referiram pensamentos suicidas pelo menos alguns dias nas últimas 2 semanas. Quando analisado por gênero, as meninas apresentaram escores significativamente piores do que os meninos em todas as escalas de percepções e comportamentos avaliados. Análise de regressão logística binária considerando como variável dependente sexo e ajustando para as variáveis mais significativas, identificou que as meninas apresentaram menor popularidade, realização com a vida e tinham uma chance 2 vezes maior de se cortar (IC 95% 0,20-1,30, p=0,007). Entretanto, na análise de regressão logística, sintomas depressivos, pensamentos suicidas, bullying, autoestima e comportamento de risco de uso de SPA não foram significativamente diferentes entre os gêneros. Discussão: Meninas apresentaram menor satisfação com a vida, sentindo-se menos realizada e popular entre colegas. Cutting foi mais prevalente no sexo feminino. A prevalência de bullying, pensamentos suicidas, e uso de SPA foi alta mas semelhante em ambos sexos. Conclusão: A prevalência de vulnerabilidades foi alta em ambos os sexos. Percebe-se que meninas acumulam mais fatores de risco e são afetadas mais negativamente pelo ambiente, sendo assim, um possível alvo de intervenção são fatores ambientais visando a redução de desigualdade de papéis de gênero. Para isso, a educação e a escola têm papel fundamental ao promoverem atividades de reflexão e não-propagação de preconceitos e discriminações.
Os trabalhos publicados deverão ter sido inscritos no Congresso Médico Acadêmico da Unicamp - COMAU, e terem o seu projeto aprovado por 2 avaliadores (docentes e pós graduandos escolhidos pela Comissão Científica).
O contato com a Comissão Científica pode ser realizado através do e-mail: ctfcomau@unicamp.br
Corpo Editorial: Diretório Científico Adolfo Lutz
Endereço: R. Tessália Vieira de Camargo, 126 - Cidade Universitária, Campinas - SP, 13083-887
Periodicidade: Anual
https://doity.com.br/anais/comau2020