Introdução: No Brasil, os animais peçonhentos, como serpentes, escorpiões e aranhas, causam danos à saúde humana, podendo levar à morte ou gerar sequelas incapacitantes. Anualmente, são registrados cerca de 37.000 acidentes por escorpiões, 26.000 por serpentes e 20.000 por aranhas. Os registros desses acidentes são feitos através de sistemas de informação que permitem o mapeamento dos animais e a produção e distribuição de soros. O diagnóstico do tipo de envenenamento é feito com base em informações epidemiológicas e no quadro clínico do paciente. O conhecimento das espécies de animais de importância médica e sua distribuição no território brasileiro é fundamental para a adoção de medidas preventivas e terapêuticas. Objetivo: Analisar os aspectos epidemiológicos dos acidentes causados por animais peçonhentos no Estado do Piauí, no período 2018 a 2022. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, longitudinal e quantitativo dos casos de acidentes causados por animais peçonhentos no estado do Piauí entre 2016 e 2020. Os dados foram obtidos através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), contendo informações como ano do acidente, município de ocorrência, faixa etária, raça, sexo, tempo de picada até o atendimento, local da picada, tipo de acidente, classificação final e evolução. A análise foi realizada no software Excel for Windows versão 2021. Como os dados foram coletados a partir de fontes secundárias disponíveis publicamente, não foi necessário submeter o projeto ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP). Resultado: No período analisado, ocorreram 23.160 casos de acidentes por animais peçonhentos no Estado do Piauí. A maioria desses casos, 5.799 (25,0%), foi registrada em 2022. O município de Teresina foi o que teve mais casos, com 3.533 (15,3%) registros. Homens foram os mais afetados, representando 13.231 (57,1%) dos casos. A faixa etária mais afetada foi a de 20 a 39 anos, seguida pela raça parda, com 7.543 (32,6%) e 14.884 (64,3%) dos casos, respectivamente. Em relação ao tempo entre a picada e o atendimento médico, a maioria dos casos (7.861, 33,9%) recebeu atendimento entre 0 e 60 minutos após a picada. O pé foi o local mais afetado, com 5.334 (23,0%) casos, seguido da mão, com 5.145 (22,2%) casos. O tipo de acidente mais frequente foi causado por escorpião, com 14.750 (63,7%) casos. Felizmente, a maioria dos casos (18.859, 81,4%) evoluiu para a cura. No entanto, houve 24 (0,1%) casos fatais. Conclusão: Os dados apresentados evidenciam a importância do problema dos acidentes por animais peçonhentos no Estado do Piauí, com uma tendência crescente no número de registros, sobretudo em 2022. Apesar da maioria dos casos ter evoluído para a cura, os 24 casos fatais destacam a necessidade de implementação de ações preventivas efetivas, incluindo a educação da população, medidas de controle de animais peçonhentos e a melhoria das políticas de atendimento médico. Tais medidas poderão contribuir para reduzir a incidência desses acidentes e evitar possíveis fatalidades no futuro.
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