Introdução: A Febre Maculosa é uma doença infecciosa bacteriana causada pelo agente etiológico Rickettsia rickettsii, sua transmissão deve-se a picada de carrapatos, principalmente o Amblyomma cajennense. Embora tenha preferência por essa espécie, é importante destacar que qualquer carrapato pode se tornar reservatório desta doença febril aguda. Analogamente, até mesmo carrapatos de cachorros domésticos e de coelhos tendem a ser fontes de transmissão. As literaturas trazem que, no Brasil, os que atuam como principais reservatórios da doença são os carrapatos Hydrochaeris hydrochaeris, parasita das capivaras, e Didelphys sp, dos gambás. Quanto à ocorrência da transmissão, deve-se pela picada do carrapato infectado, que permanece na pele do ser humano com uma média mínima de 4 a 6 horas. Além disso, já foram identificados casos em que a condução da doença ocorreu por meio de lesões geradas pelo esmagamento do carrapato na epiderme. Objetivo: Traçar o perfil epidemiológico de indivíduos com febre maculosa no Brasil entre 2013 e 2022. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico, de abordagem quantitativa e caráter descritivo. A pesquisa foi realizada no Sistema de Notificação de Agravos Notificáveis (SINAN) na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram utilizados dados secundários sobre a doença no Brasil de 2013 a 2022, analisadas as variáveis: Sexo, faixa etária, escolaridade, regiões de residência e evolução. Para tanto, foi realizada a descrição por meio de frequência absoluta e relativa. Este tipo de estudo dispensa aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, por se tratar de dados de domínio público. Resultados: Neste recorte temporal, no Brasil, foram notificados 1.957 casos de febre maculosa. Em relação aos anos, houve uma constância dos casos entre 2013 e 2017, por conseguinte, teve os maiores registros em 2018 com 13,3% (N= 262) e 2019 com 14,4% (N= 282), com leve declínio entre 2020 e 2022, mas todos ultrapassando a média de 100 casos anuais. Inerente ao sexo, a população masculina apresentou 70,5% das notificações (N= 1.380), comparadas ao sexo feminino que obteve 29,5% (N= 577). Quanto à faixa etária, a predominante foi a de 40-59 anos com 35,5% (N= 695), em seguida a de 20-39 com 27,3% (N= 534). No tocante à escolaridade, constatou-se que a maioria dos indivíduos 38,6% (N= 755) foram ignorados/registrados em branco e, dos informados, os com maiores registros foram de ensino médio completo com 12,4% (N= 242) e de 5 a 8 série incompleta com 9,9% (N= 193). Frente às regiões, o Sudeste ocupa-se em primeiro lugar com 71,4% (N= 1.397), seguidamente, o Sul com 24,2% (N= 473). Concernente a evolução, a maioria dos casos obteve cura 57,9% (N= 1.134), enquanto 34,6% (N= 678) foram a óbito, no entanto, 7,5% (N= 146) foram registrados em branco quanto a evolução deste agravo patológico. Conclusão: É visível que o Brasil apresentou diversos casos de Febre maculosa, principalmente em homens, na faixa-etária de 40-59, predominantemente na região Sudeste e com ensino médio completo. Foi registrado a cura da maioria, mas com número significativo de óbitos. Ademais, nota-se uma grande frequência de notificações incompletas. Assim, ressalta-se a importância do preenchimento das fichas de notificação, mas também da vigilância recorrente da doença, acompanhamento dos casos suspeitos e designação dos cuidados essenciais nos indivíduos acometidos.
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