Introdução: A hantavirose é uma doença febril aguda, ocasionada através do agente etiológico viral da família Bunyaviridae, gênero Hantavirus que se apresenta de duas síndromes distintas: a febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR), cujo é endêmica na Europa e Ásia, e a síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH), está que é restrita às Américas. A transmissão é decorrente da inalação de partículas virais presentes tanto nas fezes, quanto na urina e saliva de roedores silvestres. Inclusive, outras formas já foram identificadas e descritas, porém pouco frequentes, a exemplo da percutânea, que é paralela ao contato do vírus com as mucosas. Atrelado ao Brasil, às literaturas trazem que os casos registrados estão distribuídos em todas as regiões, repercutidas em três dos seis grandes biomas brasileiros, sendo eles: Cerrado, Mata Atlântica e Floresta Amazônica, como também em áreas de transição entre estes biomas. Objetivo: Traçar o perfil epidemiológico de indivíduos com hantavirose no Brasil entre 2013 e 2022. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo, de abordagem quantitativa e caráter descritivo. A pesquisa foi realizada no Sistema de Notificação de Agravos Notificáveis (SINAN) na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram utilizados dados secundários sobre a doença no Brasil de 2013 a 2022, analisadas as variáveis: ambiente de infecção, sexo, faixa-etária, escolaridade, regiões de residência e evolução. Para tanto, foi realizada a descrição por meio de frequência absoluta e relativa. Este tipo de estudo dispensa aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, por se tratar de dados de domínio público. Resultados: Neste período, no Brasil, foram notificados 690 casos de Hantavirose. Em detrimento ao ambiente de infecção, o local de trabalho lidera com 39,7% (N= 274) dos casos, em segundo, o ambiente domiciliar com 29,3% (N= 202) e, por último, o de lazer com 8,5% (N= 59), sendo que 22,5% (N= 155) foram ignorados/preenchidos em branco e/ou registrados por outras causas. Em relação aos anos, os com maiores registros foram, respectivamente, 2013 com 19,3% (N= 133) e 2015 tendo 16,2%(N= 112), os demais anos mantiveram valores anuais inferiores a 100 casos. Inerente ao sexo, a população masculina apresentou 77% das notificações (N= 531), comparado ao sexo feminino que obteve 23% (N= 159). Quanto à faixa etária, a predominante foi a de 20-39 anos tendo 48,8% (N= 337), em seguida, a de 40-59 com 34% (N= 237). Consoante à escolaridade, constatou-se que a maioria dos indivíduos 30,1% (N= 208) foram ignorados/registrados em branco e, dos informados, os com maiores registros foram de 5° a 8° série incompleta 16,7% (N= 115) e ensino médio completo com 15,2% (N= 105). Frente às regiões, o Sul ocupa-se em primeiro lugar com 44,5% (N= 307), seguidamente, o Sudeste com 24,9% (N= 172) e o Centro-Oeste também com 24,9% (N= 172). No que tange a evolução, a maioria dos casos obteve cura 51,3% (N= 354), enquanto 40,7% (N= 281) foram a óbito, no entanto, 8% (N= 55) foram registrados em branco e por outras causas não especificadas em pertinência a evolução do quadro patológico e infeccioso de Hantavirose. Conclusão: Destarte, embora a Hantavirose seja uma doença pouco discutida e com pouquíssimos estudos desenvolvidos, o Brasil apresentou uma quantidade alta de casos registrados. Destes, no recorte temporal do estudo, verificou-se o contágio principalmente no ambiente de trabalho, alta prevalência em homens, na faixa-etária de 20-39 anos, predominantemente na região Sul e com escolaridade de 5° a 8° série incompleta. Foi registrada a cura da maioria, entretanto, teve um número significativo de óbitos. É notória a grande frequência de notificações incompletas, assim, ressalta-se a relevância do preenchimento das fichas de notificação, cujo requer bastante atenção por parte dos profissionais, além de um olhar mais cuidadoso frente a essa patologia e sua possibilidade diagnóstica.
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