Introdução: Segundo a Fio Cruz (2016), a depressão pós-parto (DPP) acomete cerca de 25% das mães brasileiras. Sendo caracterizada pelo sentimento de intensa tristeza e diminuição no interesse em atividades cotidianas, durante as primeiras semanas ou meses após o parto. A condição pode ainda evoluir para uma forma mais agressiva, conhecida como psicose pós-parto. A DPP não se restringe às mães, além de afetar significativamente o parceiro e membros da família, pode impactar até mesmo o crescimento e desenvolvimento da criança, por meio de problemas na amamentação, distanciamento emocional e menor estímulo cognitivo. Objetivo: Identificar os fatores de risco associados ao desenvolvimento da depressão pós-parto no Brasil. Métodos: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura pautada em artigos publicados na base de dados Pubmed. A pesquisa foi realizada utilizando os descritores ?postpartum depression”, ?brazil” e ?risk factors”, com auxílio do operador booleano AND. Os critérios de inclusão foram artigos publicados nos últimos 5 anos nos idiomas inglês e português, e como critérios de exclusão, artigos que não atendiam aos critérios de público-alvo, país ou tema estabelecidos. Restaram 9 artigos para leitura na íntegra, ao final foram selecionados 3 artigos para compor a amostra. Resultados e discussão: Um estudo realizado com 3174 mães com filhos <12 meses de idade de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família observou que a depressão esteve inversamente associada ao nível de escolaridade paterna e materna e mais prevalente em mães solteiras, mães com idade >35 anos e mulheres com três ou mais partos. A prevalência de sintomas depressivos também foi maior em mulheres tabagistas, que relataram menos de 6 consultas de pré-natal e que não receberam apoio do companheiro e familiares. Em outro estudo, realizado com 227 puérperas, constatou-se que mulheres que fazem uso de tabaco e álcool regularmente e possuem nível moderado ou alto de ansiedade, apresentam maior probabilidade de desenvolverem depressão. Em um estudo associando sintomas de depressão pós-parto e violência, realizado com 330 mulheres, verificou-se que cerca de um terço dos participantes apresentaram sintomas de DPP, sendo mais frequentes entre aquelas sem vínculo matrimonial, com renda familiar de até 1 salário-mínimo e que consumiram álcool e tabaco durante a gestação. Além disso, 45% das mulheres relataram histórico de violência pelo parceiro íntimo em algum momento da vida, estas também possuíram maior incidência de sintomas depressivos. Conclusão: Os achados na literatura científica demonstram que fatores psicossociais e sociodemográficos, como renda familiar, nível de escolaridade dos progenitores e saúde mental; além de consumo de álcool e tabaco elevados, ter sofrido abuso de parceiro íntimo, estar em relação não matrimonial e desamparo em relação ao parceiro e a família, são fatores de risco para o desenvolvimento de depressão pós-parto. A incidência de DPP em puérperas é uma questão de saúde pública, e torna fundamental a promoção de informação, assistência econômica e acolhimento psicológico tanto durante a gestação, quanto após o parto.
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