INTRODUÇÃO: A gravidez na adolescência representa um desafio significativo em termos de saúde pública, com taxas preocupantes em diversos países, incluindo o Brasil. A reincidência da gravidez na adolescência é uma questão ainda mais complexa, com implicações sérias para o futuro das jovens e de seus filhos. Este estudo busca analisar os fatores associados a essa reincidência, assim como seus impactos maternos e neonatais desfavoráveis, visando contribuir para estratégias efetivas de redução desse fenômeno. OBJETIVO: Investigar os fatores associados à reincidência de gravidez na adolescência e seus impactos maternos e neonatais desfavoráveis, com o intuito de fornecer subsídios para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e intervenção nesse fenômeno, contribuindo assim para a promoção da saúde pública e o bem-estar das jovens e seus filhos. METODOLOGIA OU MÉTODOS: Os dados para este estudo foram obtidos por meio da pesquisa nacional "Nascer no Brasil", de base hospitalar, com puérperas e seus recém-nascidos, coletados entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012. A amostra foi selecionada em três estágios, incluindo hospitais com mais de 500 partos/ano, estratificados segundo as macrorregiões do país, a localização e o tipo de serviço. Foram consideradas nesta análise todas as puérperas adolescentes com idade menor ou igual a 19 anos, categorizadas em primíparas e multíparas (adolescentes com gestação reincidente). Os dados foram coletados por meio de formulários eletrônicos, entrevistas, cartão pré-natal e prontuários materno e do recém-nascido. O desenho complexo da amostragem foi considerado durante toda a análise estatística, utilizando-se o teste qui-quadrado de Rao-Scott para verificar diferenças entre as proporções. Posteriormente, foram realizadas análises de regressão logística univariada e múltipla para identificar os fatores associados à reincidência de gravidez na adolescência e seus desfechos maternos e neonatais desfavoráveis. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A reincidência da gravidez na adolescência foi de 18,6%, associada a fatores como idade materna de 17 a 19 anos, escolaridade inadequada, gravidez não intencional, residência na capital, entre outros. Desfechos maternos e neonatais desfavoráveis, como doença hipertensiva e restrição de crescimento intrauterino, foram associados à primiparidade, independentemente da reincidência da gravidez na adolescência. A falta de planejamento familiar, associada a condições socioeconômicas desfavoráveis, parece contribuir significativamente para a reincidência da gravidez na adolescência. Além disso, a falta de acesso a serviços de saúde adequados e a educação sexual eficaz são fatores que podem perpetuar esse problema. CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo destaca a importância de políticas de saúde voltadas para a prevenção da gravidez na adolescência, com ênfase na promoção da educação sexual, acesso a métodos contraceptivos e apoio adequado às mães adolescentes. É essencial abordar as questões socioeconômicas que contribuem para a reincidência da gravidez na adolescência, visando romper o ciclo de pobreza e vulnerabilidade. A atenção pré-natal adequada é fundamental para melhorar os desfechos maternos e neonatais entre as gestantes adolescentes.
Comissão Organizadora
Ananda Coelho
Beatriz Souza da Conceição
Comissão Científica