Introdução: O câncer de colo de útero (CCU) apresenta alta prevalência e o rastreio e a vacina são prevenções que promovem redução dos riscos, no entanto, os determinantes sociais da saúde exercem impacto significativo, corroborando dificuldades na detecção e prevenção de lesões. Objetivos: Esse trabalho teve como objetivo analisar a literatura científica acerca do impacto dos determinantes sociais de saúde no contexto do câncer de colo de útero. Métodos: Revisão integrativa, realizada na base BVS, com pesquisa dos descritores “Neoplasias do Colo do Útero” e “Determinantes Sociais da Saúde” unidos pelo booleano AND. Foram incluídos artigos dos últimos 5 anos, completos, em inglês e português e excluídos os que tangenciavam ao tema, 11 artigos foram analisados. Resultados: O Índice de Responsabilidade Social (ISR) é um indicador utilizado para apoiar o planejamento de políticas públicas em São Paulo, considerando fatores como riqueza, educação e longevidade, seu uso na saúde mostrou que cidades com maior ISR detectavam lesões de CCU mais precocemente. Além disso, à nível mundial, há piores desfechos do CCU em regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano, por isso, esses locais demandam maiores estratégias preventivas. Outrossim, 99% dos CCUs estão associados ao HPV, logo, o reconhecimento desse é indispensável, porém, a aplicação de maneira universal enfrenta como barreira a falta de conscientização e de conhecimento. Em pesquisa nos Estados Unidos, mulheres com menor estabilidade econômica, educação e cuidados de saúde entendiam menos a necessidade do rastreio. Outro apontamento desse estudo foi que mais velhas, com menor nível acadêmico e que não foram em consulta médica há mais de 1 ano tinham menos conhecimento acerca da importância da vacinação e de seu próprio status vacinal. Para mais, outro estudo realizado nos Estados Unidos evidenciou que populações vulneráveis estão mais descobertas, com destaque para hispânicos. O area deprivation index (ADI) é um índice que pode ser utilizado para apoiar e promover saúde pública, políticas, capacitar profissionais e organizações comunitárias. A deficiência física também representa um determinante social de saúde que impacta o rastreio do CCU, nesse sentido, estudo com mulheres com lesão medular no Brasil demonstrou que essas pacientes buscam a realização dos exames, mas enfrentam dificuldades com a estrutura física, transporte e profissionais despreparados. Dessarte, com a vacinação contra o HPV, a eliminação do CCU nas próximas décadas é uma perspectiva, no entanto, tal conquista deve ser atrasada pelas disparidades relacionadas à pobreza. Entre os fatores de risco para o CCU estão idade, comportamento sexual, tabagismo e paridade, por isso, atividades educativas são importantes para prevenir lesões HSIL (de alto risco). Inclusive, estudo realizado com mulheres da Zâmbia portadoras do HIV evidenciou que esse grupo tinha menos conhecimento sobre a prevenção do CCU. É preciso maior atenção também para mulheres idosas, através da melhora da cobertura (campanhas de estímulo ao citopatológico) e da busca ativa de mulheres em atraso do exame. Assim, uma intervenção para modificar esse cenário é realizada com populações ribeirinhas do Amazonas, com atividades audiovisuais baseadas nas características socioculturais, garantindo maior adesão. Conclusão/considerações finais: Os determinantes sociais da saúde impactam diretamente o diagnóstico e prevenção do CCU, pois as disparidades dificultam o acesso aos exames de rastreamento e aos métodos de prevenção primária.
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