INTRODUÇÃO: Os Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) são uma classe farmacológica de medicamentos supressores do ácido clorídrico (HCL) que atuam diminuindo a acidez estomacal através da inibição da enzima co-transportadora dos íons hidrogênio e potássio (H+/K+) mediante a utilização de adenosina trifosfato (ATP). Esses fármacos são frequentemente prescritos para amenizar manifestações gástricas decorrentes de úlceras pépticas, doença do refluxo gastroesofágico e no tratamento da infecção pela H. pylori. Desse modo, apesar de ser seguro e sua comercialização regulamentada pela ANVISA, o uso desses pró-fármacos configura-se ainda como um grande problema no Brasil, visto que a automedicação é amplamente difundida, e seu uso de forma contínua pode desencadear reações indesejadas principalmente em grupos que possuem maior vulnerabilidade, como os idosos, tendo em vista que, as alterações fisiológicas do envelhecimento promovem efeitos sobre a farmacocinética e farmacodinâmica de alguns medicamentos e o público geriátrico faz o uso indiscriminado destes fármacos sem a devida orientação de profissionais de saúde, para o tratamento de manifestações digestivas ou para prevenir o surgimento de sintomas, principalmente derivados da utilização de polifarmácia, ficando suscetíveis a problemas mais sérios de saúde. OBJETIVO: Descrever, conforme a literatura científica, os malefícios que o uso prolongado dos Inibidores da Bomba de Prótons ocasiona a saúde dos idosos. METODOLOGIA: Estudo de revisão integrativa realizado em novembro de 2023 mediante busca na Biblioteca Virtual em Saúde e nas bases de dados eletrônicas Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde e Scientific Electronic Library Online através da utilização dos descritores “Inibidores da Bomba de Prótons”, “Idosos” e “Uso Inadequado de Medicamentos”. Quanto aos critérios de inclusão, foram considerados: estudos completos, disponíveis online, publicados nos idiomas português, inglês e espanhol e no recorte temporal de 2019 a 2023. Foram excluídos estudos duplicados, que não atenderam aos critérios de inclusão e fora do escopo deste estudo. Dessa forma, foram selecionadas 6 publicações científicas para compor a amostra final deste estudo. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise da literatura evidenciou que dentre os malefícios à saúde da pessoa idosa ocasionados pelo uso contínuo dos IBPs, citam-se o risco aumentado de osteoporose, fraturas ósseas e quedas, aumento da suscetibilidade de infecções intestinais decorrente da alteração da microbiota, risco para o desenvolvimento de distúrbios neurológicos, como a demencia senil, além de distúrbios renais e deficiência de minerais e vitamina B12 devido a diminuição da absorção. Dessarte, quanto o desenvolvimento da demencia senil, os estudos demostraram que o uso prolongado dos IBPs, como estes atravessam a barreira hematoencefálica, podem interferir no processo de degradação da proteína beta-amilóide e ocasionar o acúmulo dessa substância, que é característica observada na Doença de Alzheimer. No entanto, no que concerne aos mecanismos envolvidos para o seu desenvolvimento, a literatura aponta que estes ainda não foram totalmente esclarecidos e que necessitam de mais estudos para explicar essa correlação. Outrossim, deficiência de ferro também foi observada, porém em menor número de estudos, nos quais alegaram o aumento do desenvolvimento de anemia ferropriva em pacientes em uso prolongado de IBPs em relação ao grupo controle. Além disso, destacou-se também a associação entre o uso de IBPs e o aumento de eventos cardíacos, principalmente em idosos polifarmaciados e que fazem o uso de antiplaquetários. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Mediante os dados supracitados, infere-se que os fármacos Inibidores da Bomba de Prótons correspondem uma classe farmacológica que apesar de ser amplamente utilizada pela população em geral, seu uso prolongado, principalmente pelo público geriátrico torna-se um grande problema de saúde, visto que, a utilização inadequada sem a devida prescrição e orientação médica e em um período de tempo elevado pode culminar em desfechos desfavoráveis e aumentar o risco de desenvolvimentos de outros agravos. Desse modo, é fundamental que os profissionais da saúde atuem através do processo de educação em saúde para informar e orientar acerca dos malefícios que o uso destes pode ocasionar a saúde, não somente dos idosos, mas ressaltando as potencialidades que emergem nessa faixa etária. Além disso, ressalta-se também a relevância da formulação de mais estudos científicos que esclarecam os mecanismos envolvidos na associação do uso prolongado dos IBPs e o risco aumentado para o surgimento da demência senil, bem como e dos outros desfechos associados a seu uso, para que sejam comprovados os efeitos desfavoráveis causados por esses fármacos e viabilize a busca de alternativas mais adequadas que garantam ao paciente idoso um tratamento efetivo e consequentemente uma melhor qualidade de vida.
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