Introdução: O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica não transmissível que afeta o metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, causando hiperglicemia e diversas complicações crônicas, como retinopatia, nefropatia, neuropatia, arteriosclerose, cardiopatia e amputações. O DM pode ser classificado em tipo 1 (DM1), tipo 2 (DM2), gestacional e Mody. O DM1 é o mais comum na infância, caracterizado pela destruição autoimune das células beta do pâncreas, que produzem insulina. O DM1 requer um tratamento complexo e contínuo, que envolve o controle glicêmico, a administração de insulina, a alimentação adequada, a prática de exercícios físicos, a monitorização dos sinais e sintomas, a prevenção e o manejo das complicações agudas e crônicas. O tratamento do DM1 na infância implica em mudanças no estilo de vida da criança e de sua família, que podem afetar a qualidade de vida (QV) e o desenvolvimento físico, psicológico e social. Nesse contexto, a atuação de uma equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, dentistas e assistentes sociais, é fundamental para oferecer um cuidado integral, individualizado e humanizado à criança com DM1. Objetivo: Analisar a relevância da prevenção e o tratamento das complicações crônicas do diabetes em crianças, enfatizando o papel da equipe multiprofissional. Metodologia: Foi realizada uma busca nas bases de dados Lilacs, Scielo e PubMed, utilizando os descritores “diabetes mellitus”, “complicações crônicas”, “crianças” e “equipe multiprofissional”, no idioma português, no período de 2019 a 2023. Foram incluídos artigos originais, de revisão e diretrizes, que abordassem a prevenção e o tratamento das complicações crônicas do diabetes em crianças, bem como a atuação da equipe multiprofissional. Foram excluídos artigos que não estivessem disponíveis na íntegra ou que não fossem relevantes para o tema. Resultados e Discussão: Foram encontrados 36 artigos, dos quais 7 foram selecionados para a análise. Os artigos foram agrupados em quatro categorias temáticas: complicações crônicas do diabetes em crianças, prevenção das complicações crônicas do diabetes em crianças, tratamento das complicações crônicas do diabetes em crianças e atuação da equipe multiprofissional no cuidado à criança com diabetes. Na análise, observou-se que as complicações crônicas do diabetes em crianças são decorrentes do estresse oxidativo causado pela hiperglicemia crônica, que ativa diversas vias metabólicas anormais, como a via dos polióis, a via das hexosaminas, a formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs) e a produção de corpos cetônicos, essas vias levam a alterações estruturais e funcionais nos tecidos e órgãos, resultando em danos microvasculares e macrovasculares, podem ainda ocasionar, retinopatia diabética, que é a principal causa de cegueira na população adulta jovem; nefropatia diabética, que é a principal causa de doença renal crônica terminal e necessidade de diálise; neuropatia diabética, que afeta os nervos periféricos e autonômicos, causando dor, parestesia, gastroparesia, hipotensão ortostática e arritmias cardíacas. Além dessas complicações, o diabetes em crianças também pode causar alterações na saúde bucal, como cárie, gengivite, periodontite e xerostomia; alterações na saúde mental. Dessa forma, é imprescindível a prevenção das complicações crônicas do diabetes em crianças que envolve, o controle glicêmico rigoroso, que é o principal fator determinante para a redução do risco e da progressão das complicações, a alimentação balanceada, a prática regular de exercícios físicos, a educação em saúde e na adesão ao tratamento. Além disso, é importante a realização de exames periódicos para a detecção precoce e o tratamento oportuno das complicações, como o exame de fundo de olho, o exame de urina, o exame de creatinina, o exame de microalbuminúria e o exame de hemoglobina glicada. O tratamento das complicações crônicas do diabetes em crianças depende do tipo, da gravidade e da evolução de cada complicação, tem por objetivo de retardar ou a reverter o dano tecidual e a melhorar a função dos órgãos afetados. O tratamento pode envolver o uso de medicamentos específicos, como inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA), estatinas, fibratos, antidepressivos, analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, antifúngicos e anticoagulantes; o uso de terapias complementares, como acupuntura, massagem e fitoterapia. A atuação da equipe multiprofissional no cuidado à criança com diabetes é essencial para oferecer um atendimento integral, individualizado e humanizado, que considere as necessidades biopsicossociais. Além disso, a equipe multiprofissional deve estimular a participação ativa da criança e da família no processo de cuidado, respeitando a sua autonomia, os seus valores, as suas preferências e os seus direitos. Conclusão: Evidencia-se, portanto que, é fundamental a prevenção e o tratamento das complicações que a DM que podem ocasionar à saúde das crianças. Nesse sentido, a atuação de uma equipe multiprofissional é essencial para oferecer de forma interdisciplinar e transdisciplinar o cuidado, promovendo a comunicação, a cooperação, a articulação e a integração entre os profissionais e os serviços de saúde e melhorar a qualidade de vida das crianças e das famílias afetadas por essa doença.
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