INTRODUÇÃO: Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) para que haja uma boa condução durante o processo parturitivo, os profissionais da saúde devem nortear suas condutas utilizando boas práticas baseadas em evidências científicas. Assim, o Ministério da Saúde, a partir das “Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal” instituiu que dentre as boas Boas Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento, destacam-se a liberdade e autonomia da mulher em escolher a posição que julgar mais confortável e a livre movimentação durante o trabalho de parto, reforçando a recomendação de que os profissionais de saúde não devem impor uma posição de parto à mulher, mas sim desencorajar-la a ficar em posição supina, decúbito dorsal horizontal, ou posição semi-supina e estimular a livre escolha de posição que achar mais confortável, incluindo as verticalizadas, por exemplo as posições de cócoras, lateral ou quatro apoios, priorizando o conforto e respeitando o desejo da mulher. OBJETIVO: Descrever os benefícios das posições verticalizadas durante o processo de parto em relação às posições horizontais. METODOLOGIA: Revisão integrativa de literatura realizada em novembro de 2023. Para isso, foram utilizadas as bases de dados científicas SCIELO, LILACS e BDENF com os descritores conforme a descrição do DeCS: Posicionamento do Paciente, Trabalho de Parto e Parto Humanizado. Foram incluídos os artigos que abrangiam os termos supracitados e nas bases de dados citadas, no período de 2018 até 2023, dispostos na íntegra, nos idiomas português e inglês. Como critérios de exclusão: monografias, teses de conclusão de curso e resumos. Após seleção, 07 artigos científicos foram explorados. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os estudos corroboram que a ação fisiológica e física, associada com a adoção de posições verticalizadas possuem diversos benefícios para promover um trabalho de parto mais efetivo, menos doloroso com progressão mais rápida e com menos complicações materno-fetal. Assim, dentre os benefícios citados nos estudos destacam-se que estas posições impedem a compressão dos grandes vasos, ajudam no aumento do diâmetro da pelve, proporcionam maior eficiência das contrações uterinas devido a ação da força gravitacional facilitando na descida e expulsão do feto de forma mais rápida, diminui a distensão do períneo posterior, diminui intervenções com uso de analgésicos pela redução da dor, atenuação de riscos de lacerações e incidência de episiotomias e de roturas uterinas, evidenciando os inúmeros benefícios ao binômio mãe-filho. Em contrapartida, os estudos mostraram que a posição litotômica, ou horizontal no momento do parto, eleva a ocorrência de partos vaginais instrumentalizados, com intervenções invasivas e por vezes desnecessárias, como a episiotomia, a amniotomia, o fórceps, a cesariana sem indicação, o uso de ocitocinas, entre outras. Além de favorecer um trabalho de parto mais demorado e doloroso e aumentar a ocorrência de distocias e lacerações. Nesse contexto, a literatura aponta que a adoção dessas posições se estabeleceu para facilitar o trabalho dos profissionais para observar a situação do períneo, para realizar a episiotomia e também para extrair o feto, destacando que o parto na posição supina é mantido pela comodidade assistencial, prejudicando a participação mais ativa da mulher CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, apesar das evidências científicas, na realidade dos serviços de saúde no que tange a assistência obstétrica, nota-se a dicotomia entre as práticas que são preconizadas pelo Ministério da Saúde e a OMS e as que são postas em prática nos ambientes de saúde, na qual são focadas no profissional e em intervenções desnecessárias em detrimento das escolhas e benefícios da mulher. Dessa forma, urge que os profissionais orientem as parturientes desde o pré-natal a respeito dos seus direitos, da fisiologia do trabalho de parto e dos benefícios das posições verticalizadas durante este processo, para que possam retomar com autonomia, física e emocionalmente, o foco do processo de parir, propiciando uma mudança na cultura hospitalocêntrica ao reorganizar a assistência voltada para as necessidades das mulheres.
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