Introdução: O retinoblastoma é o tumor intraocular maligno mais comum na infância, originando-se nas células da retina imatura. Representa aproximadamente 3% dos cânceres pediátricos e afeta principalmente crianças menores de cinco anos. O diagnóstico precoce do retinoblastoma é fundamental para aumentar as chances de cura, preservar a visão e reduzir a mortalidade e morbidade associadas. No entanto, fatores como o acesso limitado a cuidados especializados, falta de conhecimento sobre os sinais e sintomas iniciais e disparidades na infraestrutura de saúde contribuem para o diagnóstico tardio em muitos casos, especialmente em países de baixa e média renda. Portanto, é crucial compreender as estratégias e avanços que facilitam o diagnóstico precoce do retinoblastoma, visando melhorar os desfechos clínicos. Objetivo: Esta revisão integrativa busca examinar a literatura existente sobre o diagnóstico precoce do retinoblastoma, identificando métodos eficazes, tecnologias emergentes e práticas recomendadas que podem contribuir para a detecção precoce da doença em diferentes contextos socioeconômicos. Metodologia: Para a realização desta revisão integrativa, foram consultadas bases de dados como PubMed, Scopus e Web of Science, abrangendo artigos publicados entre 2013 e 2023. Os critérios de inclusão foram estudos que abordaram estratégias de diagnóstico precoce do retinoblastoma, incluindo métodos clínicos, tecnologias de imagem, testes genéticos e exames de triagem ocular em populações pediátricas. Estudos que se concentravam apenas em intervenções terapêuticas ou que não abordavam diretamente o diagnóstico precoce foram excluídos. No total, 28 artigos atenderam aos critérios de elegibilidade e foram incluídos na análise. Resultados: A revisão identificou que o diagnóstico precoce do retinoblastoma depende de uma combinação de exames clínicos, tecnologias de imagem avançadas, exames genéticos e campanhas de conscientização pública. Clinicamente, o reflexo do "olho de gato" (leucocoria) e o estrabismo são sinais iniciais mais comuns do retinoblastoma. A detecção precoce desses sinais por parte de pediatras e oftalmologistas é fundamental para o encaminhamento rápido a centros especializados. No que diz respeito às tecnologias de imagem, a ultrassonografia ocular e a ressonância magnética (RM) são métodos padrão para o diagnóstico do retinoblastoma, permitindo a avaliação da extensão do tumor e o planejamento do tratamento. A ultrassonografia ocular é frequentemente utilizada como a primeira linha de imagem devido à sua disponibilidade e baixo custo, enquanto a RM fornece detalhes adicionais sobre a invasão extraocular e a extensão intracraniana. A tomografia computadorizada (TC) também pode ser usada, embora sua utilização tenha diminuído devido à exposição à radiação. Avanços recentes em genética molecular também desempenham um papel crucial no diagnóstico precoce, especialmente em casos hereditários de retinoblastoma. A análise genética pode identificar mutações nos genes RB1, permitindo a triagem de familiares de pacientes e a detecção de indivíduos assintomáticos que estão em risco. Testes genéticos em bebês com histórico familiar de retinoblastoma permitem a implementação de monitoramento regular e intervenções antecipadas. Ainda a revisão destacou a importância das campanhas de conscientização pública e da educação de profissionais de saúde para melhorar a detecção precoce. Em países de baixa e média renda, programas de triagem ocular em comunidades, realizados por profissionais treinados, têm mostrado resultados promissores na detecção precoce de retinoblastoma. Iniciativas que envolvem o uso de tecnologia, como aplicativos de smartphone para detectar leucocoria em fotografias, estão em desenvolvimento e podem melhorar o diagnóstico precoce em áreas com recursos limitados. Considerações Finais: O diagnóstico precoce do retinoblastoma é essencial para melhorar o prognóstico e reduzir a mortalidade e morbidade associadas. A integração de abordagens clínicas, tecnologias de imagem, testes genéticos e campanhas de conscientização pode ajudar a detectar a doença em estágios iniciais, permitindo tratamentos mais eficazes. No entanto, desafios como desigualdades no acesso à saúde e falta de infraestrutura continuam a dificultar o diagnóstico precoce, especialmente em regiões menos favorecidas. Estudos futuros devem focar no desenvolvimento de estratégias adaptadas a diferentes contextos, promovendo uma abordagem global para o diagnóstico precoce do retinoblastoma e garantindo que todas as crianças tenham acesso a cuidados de saúde oculares adequados.
Comissão Organizadora
Editora Lion
Comissão Científica