Introdução: A apendicite é uma inflamação do apêndice vermiforme, sendo uma das emergências cirúrgicas mais comuns em todo o mundo. Tradicionalmente, o tratamento padrão para a apendicite aguda tem sido a apendicectomia, uma intervenção cirúrgica para remoção do apêndice inflamado. No entanto, nos últimos anos, diversos estudos têm explorado o manejo clínico não-cirúrgico, como o uso de antibióticos, como alternativa para pacientes selecionados. Objetivo: O objetivo desta revisão é avaliar a literatura atual sobre o tratamento clínico da apendicite, especificamente o uso de antibióticos como alternativa à cirurgia, identificando as vantagens, limitações e as implicações clínicas dessa abordagem. Métodos: Foi realizada uma revisão bibliográfica integrativa nas bases de dados PubMed e Scielo, incluindo estudos publicados entre 2010 e 2023. Foram selecionados artigos que abordassem o tratamento clínico da apendicite, com enfoque em ensaios clínicos randomizados, revisões sistemáticas, metanálises e diretrizes clínicas. Os critérios de inclusão foram: estudos em humanos, publicações em português, inglês ou espanhol, e abordagens terapêuticas utilizando antibióticos para a apendicite aguda. Foram excluídos artigos que tratavam exclusivamente de casos pediátricos ou de apendicite complicada com abscesso ou peritonite. Resultados: A análise da literatura revelou que o tratamento com antibióticos para apendicite aguda não complicada pode ser eficaz em cerca de 60% a 80% dos casos, evitando a necessidade de cirurgia imediata. Ensaios clínicos randomizados mostraram que pacientes tratados com antibióticos apresentaram taxas de complicações mais baixas e uma recuperação mais rápida em comparação com aqueles submetidos à cirurgia. No entanto, foi observado que aproximadamente 20% a 30% dos pacientes inicialmente tratados com antibióticos eventualmente necessitam de apendicectomia devido à recorrência ou à falha do tratamento. As evidências sugerem que, embora a abordagem não-cirúrgica possa ser segura e eficaz para certos grupos de pacientes, a decisão deve ser personalizada com base na apresentação clínica, nos riscos individuais e nas preferências dos pacientes. Estudos comparativos entre antibióticos e apendicectomia demonstram que, embora a apendicectomia permaneça o tratamento definitivo com risco mínimo de recorrência, ela está associada a complicações perioperatórias, como infecção do local cirúrgico, lesão intestinal e, raramente, mortalidade relacionada à cirurgia. Os pacientes submetidos a cirurgia tendem a ter uma estadia hospitalar inicial mais longa, mas têm menos probabilidade de precisar de hospitalização adicional devido à recorrência de sintomas. Considerações finais: O tratamento clínico da apendicite aguda com antibióticos surge como uma alternativa promissora à apendicectomia em casos selecionados. Entretanto, a abordagem não-cirúrgica deve ser considerada com cautela, levando em conta as características do paciente, a disponibilidade de recursos para monitoramento e a possibilidade de recorrência da doença.
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