INTRODUÇÃO: A diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica caracterizada pela resistência à insulina (RI), o que leva a diversos efeitos sistêmicos adversos. Dentre eles, a RI é frequentemente associada ao desenvolvimento da Síndrome do Ovários Policísticos (SOP). A SOP é uma das mais comuns desordens endócrinas de mulheres em idade reprodutiva, sendo caracterizada por aumento da produção de androgênios, anovulação crônica e morfologia policística ovariana. A insulina em excesso na RI age de maneira sinérgica ao Hormônio Luteinizante nas células da teca ovariana, aumentando a produção de androgênios e desencadeando a síndrome e seus efeitos hiperandrogênicos sistêmicos, como hirsutismo, acne, alopecia androgênica ou infertilidade. OBJETIVO: Compreender a DM2 como fator de risco para a SOP METODOLOGIA: O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Foi realizada uma busca na base de dados PubMed utilizando os descritores “diabetes” e “polycystic ovarian syndrome”. Foram incluídos artigos que avaliam a DM2 como fator de risco para a SOP e que abordam a fisiopatologia dessas condições. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A SOP em pacientes com diabetes mellitus do tipo 2 é uma condição altamente prevalente que não é rotineiramente identificada ou rastreada. Em uma meta-análise com 1389 pacientes portadoras de DM2, foi constatada uma prevalência de SOP de 21%, porcentagem cerca de 2 a 4 vezes maior do que nas mulheres sem DM2. Além disso, foi evidenciado uma maior prevalência da SOP em pacientes com diabetes e em idade reprodutiva, criando um alerta para a necessidade de rastreio precoce da doença para prevenir seus danos (5).Em estudo realizado com mulheres com diabetes tipo 2, 82% delas possuía padrão ecográfico de SOP. Dessas mulheres, 52% tinham evidências clínicas de hiperandrogenismo e/ou disfunções menstruais (1).Em outra pesquisa realizada com mulheres que apresentaram diabetes gestacional prévio, foi percebido maior prevalência de ovários policísticos, hirsutismo, ciclos menstruais irregulares e Índice de Massa Corporal (IMC) maior do que o grupo controle. (3)Tais estudos sustentam a ideia de que mulheres com DM apresentam um risco significativamente maior de desenvolver SOP, o que pode levar a complicações sistêmicas adicionais, como elevação do risco cardiovascular, aumento da prevalência de síndrome metabólica e obesidade, acantose nigricans e até mesmo problemas de infertilidade.Além disso, mulheres com DM2 geralmente têm um IMC mais alto, resistência à insulina em uma idade mais precoce e hiperinsulinemia do que mulheres sem DM2, o que pode contribuir para a maior prevalência de SOP (5). Ressalta-se a necessidade de um controle de dieta e da prática de exercícios físicos, os quais podem prevenir tanto a DM2 quanto a SOP.CONCLUSÃO:Nota-se, baseado nos estudos analisados, elevada prevalência de mulheres com diabetes mellitus que desenvolvem a síndrome dos ovários policísticos, em comparação às mulheres sem DM. Isso ressalta a importância do rastreio e diagnóstico dessas condições, para propiciar melhor qualidade de vida e saúde para as mulheres, uma vez que ambas as condições geram, a longo prazo, efeitos metabólicos danosos, que causam aumento da morbimortalidade por doenças cardiovasculares e metabólicas durante a vida.
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Ananda Coelho
Bruno Luiz De Souza
Beatriz Souza da Conceição
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