INTRODUÇÃO: A aplicação de pressão no fundo uterino, conhecida como Manobra de Kristeller, é um recurso utilizado em centros obstétricos com o objetivo de encurtar a duração do segundo estágio do parto e acelerar a saída do bebê. A manobra consiste na aplicação de uma força, por um assistente de parto ou um cinto abdominal inflável, na porção superior do útero, em uma angulação de 30° a 45° em relação à coluna da mulher, direcionada à pelve. Apesar de ser uma prática comum, a Manobra de Kristeller é controversa, pois envolve diversos riscos à saúde da mãe e do bebê, como ruptura e prolapso uterino, laceração perineal e danos cerebrais. OBJETIVO: Avaliar a eficácia da Manobra de Kristeller na redução da duração do segundo estágio do parto e apresentar os riscos que essa prática impõe à saúde materno-fetal. MÉTODOS: Foi realizada uma revisão integrativa, na qual foram analisados artigos publicados entre 2012 e 2024, nas bases de dados Pubmed e Cochrane, com os seguintes descritores: “Fundal pressure”, “Kristeller Maneuver” e “Second Stage of Labour”. Foram incluídos 8 artigos na revisão. RESULTADOS: Apesar da aplicação frequente de pressão no fundo uterino em centros obstétricos, não há estudos que demonstrem sua eficácia em acelerar o trabalho de parto de forma segura. Em um estudo, a utilização dessa manobra aumentou a duração da fase expulsiva em até 15 minutos e a necessidade de intervenções como fórceps e extração a vácuo (Sartore et al.). No entanto, outro estudo (Moiety et al.) mostrou uma ligeira redução do tempo da fase expulsiva no grupo submetido à manobra. A realização de episiotomia e a ocorrência de laceração perineal foram mais frequentes em mulheres submetidas à Manobra de Kristeller. Embora raro, o risco de prolapso ou rompimento uterino também aumentou nesse grupo, com incidência de 1,5% versus 0,6% no grupo controle (Moiety et al.). Em relação à saúde fetal, a aplicação da pressão no fundo uterino pode causar compressão da cabeça do bebê, resultando em hipoperfusão, edema cerebral, hipóxia fetal e deficiência cerebral infantil. CONCLUSÃO: A Manobra de Kristeller não apresentou eficácia em reduzir o tempo do segundo estágio do parto de forma significativa e, por outro lado, submete a saúde da mulher e do bebê a diversos riscos. Não há consenso na literatura sobre a utilização dessa manobra, de modo que mais estudos devem ser realizados para determinar se ela pode ser aplicada de forma segura ou se deve ser evitada.
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