INTRODUÇÃO: O programa de rastreamento do câncer do colo do útero destina-se a mulheres com idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos, sendo recomendado que seja realizado a cada três anos, após a obtenção de dois resultados negativos, com intervalo anual entre os exames. A sua implementação tem demonstrado eficácia na identificação precoce da doença, contribuindo para a redução da sua morbimortalidade. No entanto, alcançar uma cobertura adequada do exame citopatológico do colo do útero (CPCU) ainda representa um desafio. OBJETIVO: O objetivo deste estudo é avaliar a extensão da cobertura dos CPCU realizados entre 2017 e 2023 na cidade de Juiz de Fora- MG. MÉTODOS: Este estudo constitui uma análise descritiva observacional retrospectiva, utilizando dados dos exames de CPCU registrados no Sistema de Informação do Câncer, abrangendo o período de janeiro de 2017 a dezembro de 2023. A amostra examinada engloba 126.769 procedimentos realizados em Juiz de Fora, os quais foram analisados com base nos critérios de "Ano de competência" e "Faixa etária". Os dados empregados são de acesso público e, portanto, dispensando a necessidade de avaliação por um Comitê de Ética. RESULTADOS: Durante o período de sete anos, de 2017 a 2023, 126.769 exames CPCU foram realizados em Juiz de Fora, resultando em uma média anual de 18.109,85 CPCU. O ano com a maior cobertura foi 2017, com 23.204 exames realizados, enquanto o ano com a menor cobertura foi 2020, com apenas 7.697 exames. Observou-se que a faixa etária mais rastreada foi a de 50 a 54 anos, representando 11,21% do total de exames. Ademais, 102.221 procedimentos (80,63%), foram realizados em mulheres com idades compreendidas entre 25 e 64 anos. CONCLUSÃO: Considerando a população feminina de Juiz de Fora, estima-se que anualmente deveriam ser realizados cerca de 129.418 exames CPCU para atingir uma cobertura de 80% da população-alvo, conforme recomendado pela literatura. No entanto, constata-se uma média anual de apenas 18.109,85 exames no município, dos quais 14.603 são direcionados à população-alvo. Essa discrepância indica uma cobertura significativamente inferior à meta estabelecida, representando apenas 11% do objetivo. Entre as limitações identificadas pelos pesquisadores, destaca-se uma possível super-rastreamento de algumas mulheres, contrapondo com a ausência dos dados de exames realizados pelo sistema privado de saúde, distorcendo a estimativa de cobertura. Apesar das limitações mencionadas, este estudo proporcionou uma visão geral da realização dos CPCU em Juiz de Fora. Além disso, é importante ressaltar que a prevenção do câncer do colo do útero também inclui a vacinação contra o Papiloma Vírus Humano, que está associado à oncogênese dessa neoplasia. Essa vacinação é oferecida pelo SUS desde 2014. No entanto, o impacto esperado dessa vacinação só será percebido quando a população vacinada atingir a faixa etária indicada para o rastreamento do câncer do colo do útero.
Comissão Organizadora
Ananda Coelho
Bruno Luiz De Souza
Beatriz Souza da Conceição
Comissão Científica