Impacto da Não-Adesão à Medicação em Pacientes Transplantados: Explorando Intervenções para Aumentar a Conformidade Terapêutica

Impacto da Não-Adesão à Medicação em Pacientes Transplantados: Explorando Intervenções para Aumentar a Conformidade Terapêutica

• Autor
• Marina Martins Siqueira
• Co-autores
• Cláudia Affonso Silva Araújo , Rafaela Strussmann Nunes da Cunha
• Resumo

• A indústria farmacêutica é responsável por desenvolver medicamentos cada vez mais eficazes para imunossupressão em pacientes transplantados. Entretanto, a adesão de pacientes à medicação está longe do necessário para alcançar a eficácia do tratamento. Estima-se que 50% dos pacientes não aderem à terapia de  longo prazo para doenças crônicas. Longe de ser apenas um problema clínico, a não adesão à medicação representa um fardo financeiro, especialmente para os sistemas públicos de saúde. Os custos anuais da não adesão à medicação variam entre 100 e 290 milhões de dólares nos EUA, 1,25 milhões de euros na Europa e aproximadamente 7 milhões de dólares na Austrália. Ademais, 10% das hospitalizações em adultos são atribuídas à não adesão à medicação, gerando - em media - três consultas médicas extras por ano e um aumento de 2.000 dólares no tratamento (Cutler et al., 2018). Este estudo tem como objetivo avaliar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, os múltiplos fatores que influenciam a não adesão e como eles podem ser sanados por meio de intervenções para aumentar a adesão dos pacientes ao tratamento médico. Assim, este estudo pretende ser útil para a comunidade acadêmica, profissionais, gestores de saúde e de políticas públicas. A busca foi realizada em cinco bases de dados: EBSCO, Emerald, Proquest, Science Direct e Web of Science. Os 15 estudos incluídos indicam que as intervenções são direcionadas a 8 temas principais: conhecimento, métodos de lembrete, apoio social, obtenção de medicamentos, discussão dos motivos da não adesão, estratégias para superar barreiras, responsabilidade e aspectos psicológicos. No que diz respeito ao nível das iniciativas, os aspectos ligados ao nível micro, em especial ao paciente, são o foco principal. A nível meso, no que diz respeito às organizações de saúde, apenas uma intervenção abordou as práticas e competências exigidas à equipa de transplante. Não foram apresentadas intervenções para o nível macro, porém sugere-se que as esferas sejam combinadas (Cleary, Gross, Zaslavsky e Taplin, 2012) Considerando a complexidade da mudança de comportamentos relacionados com a saúde, as intervenções poderiam ser mais centradas no paciente. Os benefícios esperados com os avanços nas farmacoterapias, no acesso da população aos medicamentos e aos transplantes de órgãos são limitados quando não acompanhados de intervenções e políticas públicas para melhorar a adesão. Além do seu impacto impressionante nos resultados de saúde, a não adesão conduz a custos evitáveis para os sistemas de saúde em todo o mundo.

• Palavras-chave
• imunossupressores; medicamento; transplante; não-adesão, tratamento imunossupressor
• Área Temática
• Administração Pública