PARA ONDE SE ORIENTA SUA PSICOLOGIA? UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DA MONITORIA EM PSICOLOGIA SOCIAL
Introdução: A formação em Psicologia ainda está pautada em seu maior paradigma: a perspectiva clínica. Propor a Psicologia Social enquanto área de atuação e disciplina obrigatória na graduação permite a abertura para discussões sobre temas contemporâneos e problemáticas sociais complexas. Silvia Lane (2007), em seu projeto do Compromisso Social da Psicologia, formula que a compreensão dos conceitos ‘sujeito’ e ‘sociedade’ são marcadas por um movimento basal que destaca as contradições do processo histórico e, a partir disso, podemos apontar as possibilidades de transformação. Mas o diálogo sobre essas questões sociais e possibilidades, apontadas por Lane, retoma a delicadeza da mediação no debate, dado por um cenário pouco dialógico que a sociedade brasileira vem vivendo. A monitoria em Psicologia Social foi pensada como um projeto de possibilidades, estas voltadas para o desafio de propor tais debates, bem como sair dos muros da universidade e aproximar-se da realidade brasileira e cearense, colocando em pauta os dilemas éticos e políticos da profissão; fomentando uma formação que ultrapasse o conteúdo programático e produzindo uma formação em Psicologia para a diversidade e pluralidade. Objetivos: Objetiva-se de forma geral, apontar as inquietações surgidas no processo de monitoria; e mais especificamente discorrer sobre a perspectiva em Psicologia Social e discutir as relações ético-políticas da formação em Psicologia. Métodos: Essa produção é um relato de experiência do percurso de monitoria da disciplina de Psicologia Social II, do curso de Psicologia do Centro Universitário Fametro – Unifametro. Foi realizada revisão de literatura para a escrita deste resumo, investigando a bibliografia básica da disciplina, bem como as publicações do Conselho Regional (CRP-11) e Federal de Psicologia, com foco em Psicologia Social. Os métodos de monitoria utilizados foram: visitas institucionais (5), participação em curso de extensão (1), revisão de literatura das publicações em Psicologia Social (recorte de 2016 – 2019), planejamento de atividades com orientadora (9), encontros de monitoria com os estudantes (6), co-participação como facilitador em sala de aula (3) participação em Fórum de Redução de Danos (3). Os métodos elencados ainda estão ocorrendo, pois, o relato foi escrito no decorrer da vigência do contrato de monitoria. A abordagem do relato é do tipo qualitativa, por focar nas diversas relações advindas dos trabalhos voltados para a monitoria, ressaltando o aspecto formação como o mais importante. Resultados: A disciplina de Psicologia Social II introduz importantes discussões, pois traz em suas propostas um novo olhar acerca das problemáticas da atuação das psicólogas e qual espaço as mesmas ocupam. Para isso, se estudam as epistemologias em Psicologia Social, as abordagens da América Latina e os marcadores mais variados, como Pobreza, Racismo, Diversidade Sexual, Violência e outros. Portanto, aponta-se a importância de uma formação que se conecte à vida humana e aos modos como ela se configura nas mais diversas realidades, requerendo um olhar-intervenção que se renda à complexidade e se desvencilhe de modelos de subjetivação abstratos e naturalizados, tão próprios da história desse núcleo de saber (CABRAL, 2015). A proposta dessa monitoria foi de movimentar encontros que pudessem ser extensões da sala de aula, sendo parte de suas atividades: preparação de planejamento da disciplina com a professora; participação em aulas como co-facilitador; momentos monitor-estudante para desdobramento dos temas relacionados às aulas; trocas de conteúdos no Google Classroom, importante ferramenta de comunicação e viabilização das propostas; visitas institucionais em locais que trabalhem com os públicos e os objetivos relacionados ao que vinha sendo estudado; desenvolvimento de pesquisa sobre formação em Psicologia. Ao que me parece, estar em campo, apesar das discussões constantes sobre os contextos psicossociais, retoma a necessidade de resposta a esse imaginário social que a ciência psicológica ocupa. Martín-Baró (1986/2011) propõe colocar a Psicologia contra a ordem, mas mais do que isso, nos convida a repensar a estruturação desse saber para que suas intervenções sejam postas ao lado das lutas por transformação social. Tencionar as discussões propostas em sala de aula, abrir a possibilidade de um novo fazer em Psicologia, ampliar as possibilidades de atuação das profissionais, causar reflexão sobre o sentido ético e político da profissão, sair do molde das quatro paredes; esse é o mínimo que o espaço de monitoria se propõe. Sair desse paradigma destaque da Psicologia e permitir-se estar com os invisíveis, aqueles que não são os primeiros a se imaginar quando damos um exemplo em sala de aula; os invisíveis que agora são vistos, aqueles que decidimos ignorar por aceitar uma vertente de Psicologia, por reproduzir o discurso do acolhimento integral a quem for, mas não ser essa nossa primeira opção ao se pensar na atuação; saber articular novas redes de cuidado. A produção de redes de cuidado só pode acontecer na conexão direta com as pessoas e a vida que levam, sem julgamentos, classificações, interpretações, imposição de saberes (CABRAL, 2015). Conclusão: A ocupação do lugar de monitor da disciplina fez surgir diversas inquietações acerca das problemáticas sociais e de como se fazer debater temas tão delicados, mas também permitiu a experiência do lugar docente, em como pensar as possibilidades de discussão aparentes, a partir das propostas das atividades programadas. Apostou-se em propostas práticas, pensando em como mobilizar uma formação mais viva, ativa e ética. Esse relato abre a possibilidade de um estudo mais aprofundado sobre formação em Psicologia, principalmente em abordagem mais voltada para os contextos sócio-políticos, tão necessários para a prática, seja ela em qualquer espaço de atuação da profissional.
Referências: BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Sílvia Lane e o projeto do "Compromisso Social da Psicologia". Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 19, n. spe2, p. 46-56, 2007.
CABRAL, B. E. B. Redes de cuidado e a formação/atuação de psicólogos: como “amarrar buracos”? (PG. 90 – 109). IN: LIMA, A. F. L.; ANTUNES, D. C.; CALEGARE, M. G. A. (Orgs.). A Psicologia Social e os atuais desafios ético-políticos no Brasil [Recurso eletrônico on-line] Porto Alegre: ABRAPSO, 2015.
MARTÍN-BARÓ, Ignacio; JÚNIOR, Fernando Lacerda (Org.; notas; trad.). Crítica e Libertação na Psicologia: Estudos psicossociais. Petrópolis: Vozes, 2017.
Descritores: Psicologia; Psicologia Social; Formação.
Seja bem-vind@ à leitura dos Anais da Conexão Unifametro 2019!
Temos o prazer de disponibilizar à comunidade acadêmica os Anais do VII Encontro de Iniciação à Pesquisa, VII Encontro de Monitoria e Iniciação Científica e IX Encontro de Pós-graduação. Aqui estão os trabalhos que foram apresentados durante o evento, que agora são compartilhados em forma de artigos digitais. O tema da Conexão Unifametro 2019 foi “Diversidades tecnológicas e seus impactos sustentáveis”.
Com este tema, procuramos fomentar discussões e pesquisas que abordassem as mais diversas áreas do conhecimento, demonstrando o potencial transdisciplinar e inovador dos pesquisadores, reforçando a demanda da sustentabilidade como eixo norteador.
Tratam-se de trabalhos interessantes que podem auxiliar em estudos e pesquisas, estimular outros alunos e professores à produção científica e dar subsídios a novas práticas em campos de atuação diversos das áreas da saúde, humanas e exatas.
Esperamos que esta publicação ajude como mais uma opção de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento científico, uma vez que concentra artigos resultantes de investigações comprometidas com a publicização do conhecimento de qualidade, a responsabilidade social e mudanças nos contextos de atuação com uso da tecnologia e seus impactos sustentáveis.
Boa leitura!
Drª. Ana Ciléia Pinto Teixeira Henriques
Coordenadora da Comissão Científica da Conexão Unifametro 2019
As normas para submissão e apresentação de trabalhos foram dispostas neste edital.
Comissão Organizadora
Renata Eugênia de Almeida Duarte (coordenação)
Ailton Pereira da Silva
Ana Cileia Pinto Teixeira Henriques
André Macedo de Oliveira
José Jerisvaldo Uchoa Pinto Filho
Maria Nataline da Silva Rocha
Rafael Santana da Silva Azevedo
Rita Maria Lima Rebouças
Sérgio Murilo Costa Ribeiro
Thalita do Nascimento Rodrigues
Comissão Científica
Ana Ciléia Pinto Teixeira Henriques (Coordenação)
Representações docentes
Ana Carolina de Oliveira e Silva
Anne Caroline Moraes de Assis
Isabelle Lucena Lavor
Moisés Maia Neto
Patrícia da Silva Taddeo
Pedro Diniz Rebouças
Solange Sousa Pinheiro
A Comissão Científica permanece à disposição pelo e-mail conexaocientifica@unifametro.edu.br e presencialmente na sala da Coordenadoria de Pesquisa e Monitoria (COOPEM) localizada no Campus Carneiro da Cunha do Centro Universitário Fametro - Unifametro.
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2018 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaofametro2018.