AUTORRETRATOS: CONSTRUÇÃO DA IMAGEM COMO NARRATIVA NO ENSINO DE ARTE E ARQUITETURA

AUTORRETRATOS: CONSTRUÇÃO DA IMAGEM COMO NARRATIVA NO ENSINO DE ARTE E ARQUITETURA

• Autor
• SIMONE MENEZES MENDES
• Co-autores
• GERMANA DE LIMA GIRÃO ANDRADE
• Resumo

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  Introdução: Pertencente aos semestres iniciais da graduação em Arquitetura e Urbanismo, a disciplina Arte e Arquitetura discute as relações entre as duas manifestações culturais e sua existência como reflexo sócio-político e histórico das sociedades. Em tempos de isolamento social, determinação governamental usada como estratégia de enfrentamento da pandemia de COVID-19, as aulas estão sendo ministrada remotamente em ambiente virtual. De maneira inédita, alunos que estão iniciando o curso não conhecem os colegas, o professor ou o ambiente universitário, são introduzidos no mundo da arquitetura e urbanismo à distância, tendo porém, a seu favor, a intimidade com os meios tecnológicos. Apesar disso, nesse primeiro momento, é importante que se forme conexão e engajamento para permitir o encantamento dos alunos com os assuntos com os quais eles lidarão ao longo de uma trajetória de 5 anos pelo menos. Uma grande preocupação para os docentes nesta modalidade de ensino, de forma geral, é como conseguir interação com alunos desconhecidos, a quem não se vê, pois estão escondidos atrás de câmeras desligadas. Compreende-se que, apesar de verem  os docentes se apresentarem em ao vivo nas aulas síncronas, frequentemente optam por permanecer ocultos, sem ligar suas câmeras, por medo de se expor aos outros, mostrar seus ambientes familiares, por pura timidez ou mesmo pela conveniência de ficarem a vontade para fazer outras atividades no momento da aula. Objetivos: Assim, o presente artigo objetiva partilhar a experiência docente, como migrante digital (PRENSKY, 2001, p. 5, apud FEY, 2011), na busca pela interação professor-alunos nas aulas à distância, como forma de melhorar o engajamento e as dinâmicas de aprendizado nessa disciplina introdutória à história da arte, arquitetura e evolução urbana. Métodos: Segunda afirmam LEITE e TASSONI (2006, apud VERAS e FERREIRA 2011), cabe ao professor as decisões sobre os processos e objetivos de ensino, articulados nas dimensões cognitiva e afetiva, a partir das quais se possibilita a estruturação do relacionamento positivo dos alunos com o conteúdo e atividades acadêmicas. Dessa forma, visando a construção, no contexto da sala de aula à distância, de uma interrelação positiva e afetiva entre professor e alunos, durante a primeira aula a professora se apresentou, explanou sobre o conteúdo da disciplina e depois, defendendo a ideia que a escolha do curso demonstra a sensibilidade artística latente (muitas vezes desconhecida pela própria pessoa), passou a indagar qual seriam os talentos artísticos dos alunos. As respostas, que variaram entre cantar, dançar, tocar instrumentos, desenhar, até o esperado “nunca pensei nisso, acho que não tenho talento artístico nenhum”, eram dadas enquanto voluntariamente, as câmaras eram acionadas. Em seguida, no decorrer da mesma aula, foi iniciada apresentação de slides introdutória dos assuntos abordados na disciplina, mostrando manifestações artísticas variadas, comparando-as e mostrando sua relação com o momento histórico, e como expressão psicológica do autor. Neste contexto foram discutidas ‘O grito’ e ‘Melancolia’ de Edward Munch, ‘Convergência’ de Jackson Pollock, ‘Red Canva’ de Georgia O’Keefe e ‘Natureza Morta’ de Paul Cesánne, passando depois à representações da figura humana em ‘Retrato de Dora Assise’ de Picasso, ‘Mao Tsé Tung’ de Andy Warhol, e os autorretratos de Rembrandt e Norman Rockwell. Em ‘American Gothic’ de Grant Wood e ‘Casal Arnolfini’ de Jan van Eyck foram destacados os aspectos das imagens que proporcionavam riqueza narrativa e por fim, duas obras contundentes de Norman Rockwell, que suscitaram discussões, mostrando engajamento dos alunos em torno dos dois temas: ‘Veja o problema com o qual vivemos’, que mostra, através da imagem de uma criança negra vítima de preconceito racial sendo escoltada por adultos, durante o período segregacionista americano na década de 1960; e ‘Menina no espelho’, que ilustra o contraste entre a imagem feminina veiculada pela publicidade e a imagem real percebida no espelho, que levantou questões sobre as ilusões disseminadas pelas redes sociais, autoaceitação e empoderamento feminino. Todas as imagens mostradas tinham como objetivo a assimilação do entendimento de arte como meio narrativo, conceito que deveria então ser demonstrado através da construção de suas próprias imagens pessoais: foi solicitado para a aula seguinte que os estudantes fizessem seus autorretratos, fotografias nas quais exprimiriam sua história, personalidade e predileções, sendo acordado que a docente também se exporia através do exercício. Resultados: De acordo com WALTON (1986, apud Nascimento, 2004, apud VERAS e FERREIRA 2011) a relação de afetividade positiva professor-alunos é um elemento que deve se fazer presente no contexto acadêmico, uma vez que os aspectos cognitivos e afetivos se influenciam nas atividades humanas. Percebe-se então que a geração de ambientes virtuais satisfatórios e de bem-estar, no contexto das aulas à distância, podem potencializar trocas culturais e absorção de conhecimentos. Assim, o encontro subsequente, no qual foram apresentados os autorretratos, inclusive da própria docente, representou o compartilhamento, em sala de aula, de intimidades através das fotografias, acompanhados de narrativas e explicações sobre os detalhes inseridos na composição dos cenários, que mostravam quartos, cantinhos de estudo, livros preferidos, mapas de locais visitados e malas de viagem, bichinhos de pelúcia, gatos e cachorros de estimação, violões, filhos e cônjuges, sapatilhas de ballet e instrumentos de trabalho, demonstrando que se configurou um exitoso ambiente de confiança e conforto. Conclusão/Considerações finais: Durante as apresentações dos autorretratos, foi observada intensa troca de mensagens de apreciação e incentivo no chat, mostrando que as interações, mesmo que à distância, estavam sendo efetivadas. Na percepção docente, este momento foi fundamental para construção da relação professor-alunos, despertando o interesse e o engajamento, fundamentais para o processo ensino-aprendizagem, e muito além, a atividade permitiu um vislumbre das personalidades dos atores envolvidos, reverberando também na alimentação do entusiasmo docente durante as aulas.

   

• Palavras-chave
• autorreferência; imagem narrativa; aula remota.
• Modalidade
• Pôster
• Área Temática
• Prática docente e tecnologias educacionais

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