Denominada “mal do século” por alguns e profundamente arraigada no senso comum, a depressão enquanto forma específica de sofrimento psíquico e de construção discursiva necessita de um olhar teórico-epistêmico com alcance maior que a hegemônica redução organicista derivada do discurso biomédico. Partindo da premissa psicanalítica de que o sofrimento psíquico se constitui no campo do Outro, ou seja, no campo social da significação, este trabalho apresenta algumas definições de depressão, bem como seus lugares em distintas dimensões sociais. Para tanto, partindo do primeiro objetivo específico, faz-se o levantamento do léxico “depressão” em dois dos dicionários mais utilizados. O segundo objetivo consiste na compreensão da depressão enquanto categoria nosográfica constituída no campo epistêmico-discursivo da psiquiatria norte-americana. Por fim, no último objetivo, apreende-se o termo “depressão” a partir do arcabouço conceitual-discursivo da psicanálise. Para estruturação metodológica, parte-se da premissa psicanalítica, paradigmática no campo das denominadas ciências pós-modernas, de que não há pesquisa, mesmo bibliográfica, sem enviesamento subjetivo. Posto isso, abandona-se a rigidez metodológica como “imitação cientificista da objetividade científica” e adota-se o modelo exploratório de pesquisa bibliográfica. Dessa forma, a decisão bibliográfica, segundo Gil (2008), ocorre a partir do percurso individual do pesquisador na exploração de um determinado tema. A consulta aos dicionários, Dicio, dicionário online de português (2021) e Michaelis Online (2021), permitiu a observação de um aspecto comum fundamental: a depressão é compreendida a partir do paradigma organicista da psiquiatria descritiva, excluindo, portanto, outros que compõem o campo das psicologias. Essa constatação lançou a inevitável tarefa de compreensão da categoria diagnóstica na psiquiatria descritiva e sua constituição epistemológica. Para o DSM-5, há os transtornos depressivos que, apesar de apresentarem questões em comum, como a tristeza duradoura, a irritabilidade e alterações somáticas e cognitivas que dificultam a vida do indivíduo; possuem também aspectos distintos, sobretudo relacionado às possíveis causas da depressão, e sua duração. Assim, o manual diagnóstico em questão divide os transtornos depressivos em: Transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior), transtorno depressivo persistente (distimia), transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado. Observa-se, portanto, a construção de uma nosografia pretensamente “ateórica” com respeito à etiologia e, simultaneamente, afinada de maneira cientificista – e este termo merecerá maior desenvolvimento posterior – com a construção epistêmica biomédica de “doença” enquanto constructo natural e objetivo (não-subjetivo). Abordando uma outra possibilidade de diálogo sobre a depressão, há a Psicanálise, que ressalta a etiologia psicossocial da depressão no conflito psíquico, abrindo espaço para as intervenções psicoterapêuticas. A Psicanálise resgata a dimensão do sofrimento como mobilizador e expressão dos processos subjetivos. Partindo de uma abordagem mais compreensiva da condição patológica por meio de seu método clínico. Nesse aspecto, não há semblante de “doença” com percurso previsível e semiologia universais, conforme a psiquiatria descritiva, mas, sim, a palavra, sem qualquer amparo em suposta metalinguagem, de um sujeito que sofre de maneira singular. Conclui-se, portanto, que a depressão não recebe apenas nomes distintos oriundos de campos epistêmico-discursivos específicos. As diferenças dos nomes e dos lugares epistêmicos também são distinções quanto à compreensão, à etiologia, aos modos de tratamento e, fundamentalmente, à posição do sujeito diante do seu próprio sofrimento.
Seja bem-vind@ à leitura dos Anais da Conexão Unifametro 2021!
Temos o prazer de disponibilizar à comunidade acadêmica os Anais do VIX Encontro de Iniciação à Pesquisa, VIX Encontro de Monitoria e Iniciação Científica, XI Encontro de Pós-graduação e II Encontro de Experiências Docentes. Aqui estão os trabalhos que foram apresentados durante o evento, que agora são compartilhados em forma de artigos digitais.
Esperamos que essa coletânea possa auxiliar em estudos e pesquisas, estimular outros alunos e professores à produção científica e dar subsídios a novas práticas em campos de atuação diversos das áreas da saúde, humanas e exatas.
Agradecemos a todos pela confiaça em compartilhar suas produções científicas em nosso evento e contamos com sua participação na próxima Conexão!.
Boa leitura!
Drª. Denise Moreira Lima Lobo
Coordenadora da Comissão Científica da Conexão Unifametro 2021
As normas para submissão e apresentação de trabalhos podem ser acessadas neste link.
Comissão Organizadora
Ailton Pereira da Silva
Douglas Joca Paiva
Francisco Igor da Costa Meneses
Juliana Pereira Pessoa
Letícia Feitosa de Almeida
Nicoly França Filgueiras
Raphaela Alves Eleuterio Sobral
Sérgio Murilo Costa
Thalita do Nascimento Rodrigues
Comissão Científica
Denise Moreira Lima Lobo - Coordenação Comissão Científica
A Comissão Científica permanece à disposição pelo e-mail conexaocientifica@unifametro.edu.br e presencialmente na sala da Coordenadoria de Pesquisa e Monitoria (COOPEM) localizada no Campus Carneiro da Cunha do Centro Universitário Fametro - Unifametro.
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2020 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2020
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2019 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2019
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2018 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaofametro2018.