MUSEU PESSOAL COMO METODOLOGIA DE APRENDIZADO: Experiência de um grupo de estudos

MUSEU PESSOAL COMO METODOLOGIA DE APRENDIZADO: Experiência de um grupo de estudos

• Autor
• Marília Barreto Ximenes
• Co-autores
• Narlla Andrade de Sousa , Maria Zelfa de Souza Feitosa Oliveira
• Resumo

• O ser humano é um ser sociocultural, ou seja, as relações que estabelece atravessam sua história pessoal e cultural. Silvia Lane (1989) diz que o ser humano é um ser que necessita de interação com o outro para garantir sua sobrevivência, aprender e transformar a realidade. Logo, a subjetividade se constrói  a partir da dimensão  individual, mas também atravessa e é atravessada pelas estruturas sociais. A psicologia social enxerga o indivíduo em uma ótica holística e, dessa forma, a atuação profissional do psicólogo volta-se para o cuidado e auxílio das pessoas em diferentes situações, mediante o desenvolvimento psicossocial, pautado no que o Código de Ética da Psicologia (2005) propõe. Portanto, o encontro do saber psi com a arte é uma das formas de auxiliar nessa produção de sentido e de (re)existência do sujeito, uma vez que a arte pode ser um método catártico para elaboração de sentidos e sentimentos (VIGOTSKI, 1999), seja através de movimentos sociais, expressões artísticas como a música, a pintura, a fotografia, a moda, a elaboração de um museu pessoal, dentre outros. Com base nisso, o presente relato de experiência vem compartilhar como a metodologia da construção de um Museu Pessoal, aplicado em um Grupo de Estudo em modelo online no primeiro semestre de 2022, facilitado pelas autoras,  pode colaborar com a produção de sentido do sujeito, enquanto uma prática que auxilia na contação da própria história, valorizando a subjetividade e seus atravessamentos biopsicossocioespirituais. Na experiência de facilitadoras do Grupo de Estudo titulado de “Arte como recurso terapêutico e (re)existência”, as facilitadoras, discentes do curso de Psicologia da Unifametro, utilizaram-se dessa metodologia com os participantes, para trabalhar a perspectiva da contação da própria história de vida. Logo, como etapa inicial, foi feito um debate acerca da importância dos museus, como patrimônios históricos na hora de contar uma história sobre uma época, uma cultura, uma etnia e uma nação. Assim, foi possível refletir também, de modo mais amplo, os efeitos que a contação da história eurocêntrica, produzida pelo discurso dos Europeus sobre o Brasil, a partir da colonização, na construção das subjetividades brasileiras. Posteriormente, as facilitadoras propuseram que os participantes, a partir do seus recursos artísticos acessíveis no momento- arte e colagem, edição de foto e vídeo, imagens da internet, desenhos, escrita, poesia, dentre outros-, construíssem seu próprio museu- em modelo livre e criativo- com a pergunta norteadora “Como você contaria a sua própria história?”. Dessa forma, a proposta do museu pessoal se deu na perspectiva de oportunizar que cada pessoa contasse sobre sua história de vida - a partir desses recursos-, atribuindo ao que fosse falar os sentidos e significados durante sua própria trajetória, desde os lugares que costumava frequentar quando criança, o que sente saudade, como gosta de ser chamada, seus momentos de lazer, o que gosta de fazer atualmente, etc.Logo, a oportunidade de debate e reflexão ao longo do encontro do grupo proporcionou vivências pertinentes acerca dessa temática, que é pessoal e grupal, e de como a psicologia se entrelaça com esses movimentos, sendo uma ciência que também implica marcadores políticos e sociais. Por fim, foi feita uma roda de conversa para que as pessoas que se sentissem à vontade para falar, compartilhassem um pouco como tinha sido a experiência de fazer um museu pessoal e qual teria sido o resultado. Foi possível perceber os atravessamentos subjetivos envolvidos na vida de cada sujeito, que trouxe encadeamentos acerca de sua história de vida e sua relação com a territorialidade de onde viveu e vive, de seus hobbies, das suas saudades, suas necessidades e sonhos. Dessa forma, é possível concluir que a construção de um Museu Pessoal traz contribuições a nível de autoconhecimento, mas também de autopercepção e empoderamento, uma vez que a contação da sua própria história, através da escrita, de imagens ou de outras linguagens, é uma forma de produzir uma narrativa situada na percepção de vida do sujeito, abrangendo uma dimensão biopsicossocioespirituais, definição de bem estar proposto pela Organização Mundial da Saúde (1988). Além disso, oportunizar momentos de debates visa não somente o exercício da psicologia frente ao seu compromisso social, conforme o Código de Ética Profissional do Psicólogo (2005), mas também a problematização acerca da arte como um recurso que por longos anos tem sido desvalorizado e visto como algo frívolo, ainda que atravesse, de modo direto ou indireto, a vida das pessoas. 

• Palavras-chave
• Arte; Psicologia; Museu.
• Modalidade
• Pôster
• Área Temática
• Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação

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