Introdução: O prolapso da glândula da terceira pálpebra, conhecida vulgarmente como “Olho de cereja” é uma alteração frequente na rotina clínica de cães com até 2 anos de idade (CUNHA, 2008). Sua etiologia ainda é desconhecida, embora traumas e a fraqueza do retináculo, um ligamento que une a glândula ao globo ocular, estejam relacionadas à sua origem (FILHO, 2004). Essa ocorrência pode comprometer o bem-estar animal, haja vista que a glândula lacrimal é responsável pela proteção física e imunológica do olho (CUNHA, 2008), e, ainda, em decorrência de sua retirada ou alteração de sua posição anatômica natural, pode haver a redução da produção lacrimal, predispondo o surgimento de ceratoconjuntivite seca (ALMEIDA et al., 2004). Por fim, levando em consideração o que foi supracitado, a conduta médica preconizada é a realização da cirurgia de reposicionamento da glândula, pois o tratamento unicamente medicamentoso não surte o efeito desejado (MOORE, 1998) e sua retirada reflete na integridade física do paciente (ALMEIDA et al., 2018). Objetivo: Relatar a ocorrência de um prolapso de glândula da terceira pálpebra em um cão atendido em uma clínica escola de uma instituição de ensino em Fortaleza, Ceará. Metodologia: Um cão, macho, 1 ano de idade, da raça Lhasa Apso, apresentou como queixa principal uma protusão unilateral na glândula da terceira pálpebra do olho esquerdo. Ademais, na avaliação física, denotou-se que ele estava taquipneico, embora a avaliação do pulso tenha sido normocinética e a frequência cardíaca limpa. Suas mucosas estavam normocoradas e a aferição da temperatura transretal foi de 38,4°C. Foram solicitados os exames complementares para a avaliação hematológica completa, os bioquímicos ALT, albumina e creatinina, e um eletrocardiograma. Resultados e Discussão: No que tange o resultado da análise das células vermelhas, foi apresentada uma discreta redução nos índices de hemoglobina e da concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), o que pode indicar, dentre outras causas, deficiência de ferro, todavia, o volume corpuscular médio (VCM) e a morfologia eritrocitária estavam dentro da normalidade, o que não correlaciona os achados a um quadro de anemia por deficiência de ferro (THRALL et al, 2015). Em relação ao leucograma, é notório um discreto aumento no número de leucócitos totais por neutrofilia e eosinofilia. A leucocitose por neutrofilia pode estar associada a um processo inflamatório e/ou infeccioso (LOPES et al., 2008), o que é reforçado pela tênue elevação no valor das proteínas plasmáticas totais, haja vista que as proteínas alfa e beta atuam na fase aguda, sendo decorrentes de um distúrbio inflamatório e/ou infeccioso agudo (THRALL et al, 2015). Como o animal apresentava um prolapso, provavelmente ele apresentava um quadro inflamatório, o que justificaria a leucocitose com neutrofilia. Em relação à eosinofilia, essa pode ser oriunda de uma parasitose, (THRALL et al, 2015) o que se complementa com o histórico clínico do paciente que estava sendo medicado com vermífugo, assim como também pode ser uma das explicações para o aumento das proteínas plasmáticas totais, já que as parasitoses e imunoglobulinas têm relação ímpar com o granulócito eosinófilo (LOPES et al., 2008; THRALL et al, 2015). Quanto aos resultados das dosagens bioquímicas séricas, esses apresentaram-se dentro do limite da normalidade, condizentes com o estado orgânico do paciente. O eletrocardiograma mostrou-se sem qualquer alteração com média de 85 batimentos por minuto, demonstrando estar com as ondas eletrocardiográficas dentro da regularidade (FEITOSA, 2020). Entretanto, o paciente apresentou uma arritmia sinusal com marca-passo migratório, que é uma variação fisiológica para os cães do ritmo sinusal normal, sendo mediada pela respiração; bem como o eixo cardíaco que também estava dentro dos valores normais para a espécie (FEITOSA, 2020). Como o animal apresentava prolapso de glândula da terceira pálpebra, foi realizada a cirurgia. Dados mostram que o tratamento definitivo da protrusão da glândula da terceira pálpebra é o cirúrgico, que tem como objetivo reposicionar a glândula para seu local de origem através de diferentes técnicas com o intuito de preservá-la (HAMOR, 2007). Dessa forma, foi realizada a técnica de Morgan, conhecida como sepultamento da glândula da 3ª pálpebra. Essa técnica foi descrita por Morgan et al., em 1993, como uma modificação daquela desenvolvida por Moore. Ela sugere como aprimoramento, não realizar dissecção da conjuntiva e substituir as duas suturas com ponto isolado simples por uma em padrão contínuo simples (MORGAN et al., 1993). Considerações finais: Portanto, em consonância com o que foi exposto, conclui-se que a temática explorada se mostra, irrevogavelmente, importante para o estudo clínico na rotina do Médico Veterinário, que é um profissional que deve estar apto a estudar e conhecer a protrusão da glândula da terceira pálpebra, de modo a seguir a conduta preconizada para o tratamento, zelando, assim, pelo bem-estar animal, o conhecimento clínico e a saúde pública veterinária.
Seja bem-vind@ à leitura dos Anais da Conexão Unifametro 2022!
Temos o prazer de disponibilizar à comunidade acadêmica os Anais do X Encontro de Iniciação à Pesquisa, X Encontro de Monitoria, XII Encontro de Pós-graduação e III Encontro de Experiências Docentes. Aqui estão os trabalhos que foram apresentados durante o evento, que agora são compartilhados em forma de artigos digitais.
Esperamos que essa coletânea possa auxiliar em estudos e pesquisas, estimular outros alunos e professores à produção científica e dar subsídios a novas práticas em campos de atuação diversos das áreas da saúde, humanas e exatas.
Agradecemos a todos pela confiaça em compartilhar suas produções científicas em nosso evento e contamos com sua participação na próxima Conexão!.
Boa leitura!
Drª. Denise Moreira Lima Lobo
Coordenadora da Comissão Científica da Conexão Unifametro 2022
As normas para submissão e apresentação de trabalhos podem ser acessadas em: https://doity.com.br/conexao-unifametro-2022/artigos
Comissão Organizadora
Juliana Pereira Pessoa
Thalita Rodrigues
Thaiane Bezerra
Arlan Diego Alencar Freitas
Ricardo Junior
Fábio Júnior Braga
Murilo Costa
Davi Menezes
Raphaela Sobral
Laiza Rodrigues
Comissão Científica
Denise Moreira Lima Lobo - Coordenação Comissão Científica
Lucas Souza
Roberta Mable Rabelo Sampaio Mapurunga
A Comissão Científica permanece à disposição pelo e-mail conexaocientifica@unifametro.edu.br e presencialmente na sala da Coordenadoria de Pesquisa e Monitoria (COOPEM) localizada no Campus Carneiro da Cunha do Centro Universitário Fametro - Unifametro.
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2021 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2021
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