Introdução: A doença do trato urinário inferior de felinos (DTUIF) é um complexo de doenças rotineiro na clínica veterinária, podendo acometer principalmente gatos machos, castrados, obesos e sedentários. Sua etiologia é multifatorial, podendo levar a diversos sinais clínicos que podem comprometer o bem-estar e, até mesmo, a saúde do animal. Dessa forma, o diagnóstico precoce da DTUIF é essencial. Nesse contexto, diversos exames laboratoriais podem ser solicitados para auxiliar no diagnóstico e, dentre um dos mais importantes, tem-se a urinálise, um exame prático, de baixo custo e de fácil acesso. Objetivo: Caracterizar o perfil de felinos atendidos em clínicas veterinárias em Fortaleza com suspeita de DTUIF e descrever os achados visualizados em sua urinálise. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, transversal e quantitativo. O projeto foi executado no período de agosto de 2021 a julho de 2022 no Centro de Diagnóstico e Especialidades Veterinárias em Fortaleza, Ceará. Laudos de urinálise (n=29) de gatos, de ambos os sexos, de várias raças, de várias idades, atendidos em várias clínicas veterinárias de Fortaleza foram selecionados. Em seguida, os laudos selecionados foram separados para posterior coleta de dados. Após a realização da coleta dos dados, estes foram plotados em planilha de Excel e expressos em forma de gráficos. O trabalho foi submetido à Comissão de Ética no Uso de Animais e aprovado sob o número 1046260519. Resultados e Discussão: Em relação aos dados epidemiológicos dos animais participantes do estudo, os mesmos possuíam idade entre 9 meses e 15 anos, sendo a maior incidência entre 1 e 9 anos de idade (76%). Esses dados mostram uma ampla variação em relação à idade dos animais do estudo. Esse fato comprova que tutores estão levando os seus gatos às clínicas veterinárias mais precocemente, já que o número dessa espécie nos lares vem crescendo e, consequentemente, a preocupação dos tutores em relação à saúde dos seus animais. Ainda, sabe-se que os gatos são animais mais independentes e se adaptam a ambientes menores, já que com a modernidade, tutores residem em pequenos apartamentos e isso leva a um maior número de adoções ou até mesmo “compra” desses animais. Não se pode descartar que gatos de meia idade a idosos também são propensos a DTUIF, o que os leva às clínicas veterinárias. Quanto à raça, verificou-se que 93% dos animais não tinham raça definida, achado já esperado, já que, de fato, a grande maioria da população felina em Fortaleza são SRDs. Verificou-se que 55% (16) dos animais avaliados foram machos e 45% (13) fêmeas. Isso pode ser justificado porque machos têm mais acesso à rua e, portanto, estão expostos a brigas e doenças infecciosas, necessitando, assim, de cuidados veterinários. Em relação ao resultado da coleta de dados referentes à urinálise dos animais do estudo, todos apresentaram proteinúria. Dados da literatura mostram que a proteinúria pode estar presente em dano renal, achado muito comum em gatos ou em dieta rica em proteína. A hematúria foi visualizada em 45% dos animais e leucocitúria em 59%. Sabe-se que estes sinais estão relacionados principalmente com processo inflamatório/hemorrágico. Dessa forma, estudos mostram que a cistite idiopática, uma DTUIF, é de grande prevalência na clínica veterinária e pode induzir quadro de leucocitúria e hematúria. De fato, gatos são predispostos a essa enfermidade, já que são estressados e ingerem pouco líquido. Quanto a análise do pH urinário, verificou-se que 24% dos animais apresentaram alguma alteração, sendo 6 (21%) deles com pH mais ácido e 1 (3%) com pH alcalino. Sabe-se que, normalmente, a alteração do pH está associada à alimentação, necessitando de orientação veterinária no intuito de evitar a formação de cristais e urolitíase. Em relação à avaliação física da urina, 38% mostraram alteração na coloração, 24% no aspecto e 31% na densidade. A grande maioria (90%) apresentou odor sui generis. Normalmente a alteração da coloração, aspecto e densidade urinária está associada a quadros bacterianos, inflamatórios e/ou hemorrágicos, necessitando assim, de maiores investigações do veterinário para avaliar o diagnóstico e prognóstico do animal. Quanto ao resultado do exame de sedimento, foi identificada presença de células descamativas (7%), células transicionais (72%) e células caudadas e células renais em 3%. Estudos mostram que elas estão associadas à cistite, pielonefrite, ureterite, ou seja, DTUIF. Em relação aos cilindros, foram identificados 4% hialinos, 10% celulares e 34% granulares. Dados da literatura mostram que esses cilindros estão associados à proteinúria, hematúria, leucocitúria, degeneração ou até mesmo necrose tubular, achados comuns na DTUIF. Bactérias foram identificadas em 41% dos exames, onde 35% apenas cocos, 3% apenas bacilos e 3% bacilos e cocos. Esses achados mostram a presença de infecção, possivelmente cistite bacteriana, caso muito comum na rotina clínica. Também foram encontrados cristais em 72% dos exames avaliados, onde 59% eram cristais amorfos, 7% cristais de estruvita, 3% cristais amorfos e de estruvita e 3% cristais amorfos e de oxalato de cálcio. Sabe-se que os cristais estão intimamente associados à dieta do animal e isso leva a quadros de urolitíase e até mesmo cálculo na bexiga, sendo considerados achados importantes na doença do trato urinário inferior de felinos. Gotículas de gordura foram visualizadas em 28% dos exames, podendo estar relacionadas à dieta ou obesidade, fatores de risco para a DTUIF. Bilirrubina e cetona foram identificadas em 3% das amostras avaliadas, indicando que possivelmente esses animais apresentavam um quadro hepático e/ou hemorrágico e anoréxico, sendo necessária a investigação de cada caso. Conclusão: Conclui-se, nesse trabalho que o perfil da população de gatos em Fortaleza com suspeita de DTUIF não teve predileção por idade, entretanto, machos e animais sem raça definida foram os mais predispostos. A urinálise mostrou alteração no exame físico, químico e de sedimento, sendo consideradas clássicas de DTUIF. Ainda, conclui-se que doença do trato urinário inferior de felinos pode levar a sinais clínicos sistêmicos que comprometem o bem-estar e, até mesmo, a vida do animal. Dessa forma, é essencial visualizar os fatores de risco e as alterações urinárias comuns na população felina de Fortaleza para auxiliar o médico veterinário em um diagnóstico precoce e prognóstico da doença.
Seja bem-vind@ à leitura dos Anais da Conexão Unifametro 2023!
Temos o prazer de disponibilizar à comunidade acadêmica os Anais do XI Encontro de Iniciação à Pesquisa, XI Encontro de Monitoria, o XIII Encontro de Pós-graduação e o IV Encontro de Experiências Docentes. Aqui estão os trabalhos que foram apresentados durante o evento, que agora são compartilhados em forma de artigos digitais.
Esperamos que essa coletânea possa auxiliar em estudos e pesquisas, estimular outros alunos e professores à produção científica e dar subsídios a novas práticas em campos de atuação diversos das áreas da saúde, humanas e exatas.
Agradecemos a todos pela confiaça em compartilhar suas produções científicas em nosso evento e contamos com sua participação na próxima Conexão!.
Boa leitura!
Drª. Denise Moreira Lima Lobo
Coordenadora da Comissão Científica da Conexão Unifametro 2023.
As normas para submissão e apresentação de trabalhos podem ser acessadas em: https://doity.com.br/conexao-unifametro-2023/artigos
Comissão Organizadora
Thalita Rodrigues
Fábio Júnior Braga
Laiza.Rodrigues
Thaiane Bezerra
Tom Lobo
Davi Menezes
Raphaela Sobral
Rita Maria Lima Reouças
Keise Daiane Teixeira Sousa
Comissão Científica
Denise Moreira Lima Lobo - Coordenação Comissão Científica
Antônio Adriano da Rocha Nogueira
A Comissão Científica permanece à disposição pelo e-mail conexaocientifica@unifametro.edu.br e presencialmente na sala da Coordenadoria de Pesquisa e Monitoria (COOPEM) localizada no Campus Carneiro da Cunha do Centro Universitário Fametro - Unifametro.
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2022 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2022
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2021 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2021
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2020 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2020
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2019 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2019
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2018 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaofametro2018