Introdução: A Doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória intestinal (DII), que tem sua abrangência em qualquer parte do trato digestivo e se dá através da espessura da parede da região intestinal afetada, podendo causar prejuízos nutricionais e sociais a pessoa acometida. A DC afeta ambos os sexos igualmente, possuindo uma distribuição bimodal com dois grandes picos apresentados nos intervalos de 20 e 40 anos e um segundo entre 50 e 60 anos. Sua incidência e prevalência aumentaram globalmente, estando em maior concentração nas áreas urbanas e desenvolvidas. Estes pacientes acabam por restringir suas oportunidades de vida, na maioria das vezes, por medo de futuras crises. Para o tratamento desta doença, vários são os agentes farmacológicos disponíveis no mercado, além das terapias não farmacológicas incluindo os aspectos de ordem emocional/mental e nutricional, de acordo com a fase da doença (aguda, remissão ou manutenção da remissão), por vezes, não estando claro quando deve ser iniciada ou em que momento a própria doença deve ser considerada moderada ou grave. Objetivo: Revisar na literatura atual as causas, consequências nutricionais e sociais, bem como o tratamento nutricional que seja eficaz na terapêutica da DC. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, a qual se baseia em artigos publicados nas plataformas Scientific Electronic Library Online (Scielo), National Center for Biotechnology Information (Pubmed) e Science Direct, publicados nas línguas inglesa, portuguesa e espanhola, entre 2018 e 2023. Artigos duplicados ou que fugissem do eixo temático foram excluídos. Resultados e Discussão: Dentre os achados na literatura, nove artigos nortearam os resultados e discussões do presente trabalho. Com isso, foi visto que o surgimento da DC se dá em um contexto de suscetibilidade genética, fatores ambientais sem definição específica e uma microbiota intestinal prejudicada. As formações de fístulas e inflamação transmural favorecem o diagnóstico da doença, apesar de não possuírem ainda explicações concretas que justifiquem estas ocorrências. Ademais, o tabagismo surge como um fator ambiental modificável para o surgimento da doença, pois este duplica essa possibilidade, bem como sua associação ao início precoce da DC, aumento de intervenções cirúrgicas e necessidade de imunossupressão. Outro fator ambiental marcante é a presença de disbiose intestinal, tendo na figura da dieta o seu fator mais preponderante para a alteração do microbioma. Estas alterações se deram pontualmente com a mudança da composição dos alimentos, uma vez que se tornou frequente o consumo de alimentos com baixo teor de fibras, levando a redução da diversidade da microbiota intestinal e desenvolvimento da doença. Pessoas acometidas com DC apresentam-se sintomáticas durante um longo período antes da confirmação do diagnóstico. Os principais sintomas incluem fraqueza, febre, dor abdominal, diarreia e perda de peso; de ocorrência mais esporádica o sangramento retal, porém ocorre quando o cólon distal é afetado. A desnutrição é uma ocorrência nas DII, presente em cerca de 65-75% dos pacientes com DC. Deficiência de ácido fólico, vitamina A e D, são comuns entre os pacientes. Outros micronutrientes podem estar presentes neste rol de carências, incluindo magnésio, zinco e ferro. É importante salientar que os surtos da doença principalmente em crianças e adolescentes comprometem seu estado nutricional, pelo fato de desviar o potencial energético advindo da ingestão calórica para a atividade da doença ao invés do crescimento e desenvolvimento. Deficiências nutricionais não são comuns em pacientes em estágio leve. Quando apresentado alguma alteração, as mais comuns são a carência de ferro, vitamina D e vitamina B12, esta última, particularmente mais evidente em pessoas com doença ileal extensa. A DC também pode causar prejuízos sociais. A ansiedade e a depressão podem ser fatores emocionais muito presentes e marcantes em pacientes acometidos, apresentando-se em torno de 18% a 35% e 20% a 34%, respectivamente. Para tanto, foi percebido que intervenções de ordem psicológicas podem trazer benefícios como a adesão ao tratamento, aceitação da doença, a melhora da percepção exacerbada da dor ou melhorando o quadro das desordens psicológicas que afetam diretamente o curso da doença. Outro ponto preponderante ao tratamento é o interesse crescente na nutrição, pois esta exerce no indivíduo uma melhor compreensão do microbioma e seu impacto funcional, mostrando uma forte relação entre dieta e saúde intestinal. Os nutracêuticos têm apresentado fortes evidências favoráveis ao tratamento da DC. Ao avaliar os efeitos do extrato polifenólico de Maqui berry sobre parâmetros clínicos, histológicos e inflamatórios, usando modelo animal de fase aguda da DC, observou-se a prevenção da perda de peso e a redução significativa dos danos nos tecidos do colón, uma vez indiciada por 2,4,6-trinitrobenzeno sulfônico (TNBS). Foi analisado também a utilização de hidrolisado de clara de ovo decorrente da digestão gastrointestinal simulada nos sintomas inflamatórios da DC induzida por TNBS. Os autores concluíram que o estudo fornece evidências que os peptídeos da clara de ovo têm potencial como ingrediente bioativo em alimentos funcionais para o manejo da DC. No entanto, em outro estudo os efeitos de curto prazo do Symprove, um probiótico alimentar, na qualidade de vida e inflamação intestinal em 250 pacientes com DC em comparação a um placebo, não apresentou resposta significativa quanto a inflamação intestinal para os pacientes com DC. Considerações finais: : Por fim, compreende-se que a DC traduz-se como uma doença inflamatória intestinal que pode ser desencadeada de forma multifatorial, mas sem explicação concreta acerca da principal causa. Identifica-se prejuízos nutricionais/biológicos percebidos através de deficiências pontuais como as de ácido fólico, vitaminas A e D, bem como desordens psicológicas, que por muitas vezes, dificultam e restringem às oportunidades de vida no âmbito social. Depressão e ansiedade também são fatores que influenciam a vida e o tratamento do paciente diretamente. A terapia farmacológica associada a terapia nutricional no combate de fase aguda da patologia parece ser promissora como terapêutica mais potencialmente assertiva, porém não se observa um consenso bem sedimentado de qual terapia incluir durante as diferentes fases do tratamento.
Seja bem-vind@ à leitura dos Anais da Conexão Unifametro 2023!
Temos o prazer de disponibilizar à comunidade acadêmica os Anais do XI Encontro de Iniciação à Pesquisa, XI Encontro de Monitoria, o XIII Encontro de Pós-graduação e o IV Encontro de Experiências Docentes. Aqui estão os trabalhos que foram apresentados durante o evento, que agora são compartilhados em forma de artigos digitais.
Esperamos que essa coletânea possa auxiliar em estudos e pesquisas, estimular outros alunos e professores à produção científica e dar subsídios a novas práticas em campos de atuação diversos das áreas da saúde, humanas e exatas.
Agradecemos a todos pela confiaça em compartilhar suas produções científicas em nosso evento e contamos com sua participação na próxima Conexão!.
Boa leitura!
Drª. Denise Moreira Lima Lobo
Coordenadora da Comissão Científica da Conexão Unifametro 2023.
As normas para submissão e apresentação de trabalhos podem ser acessadas em: https://doity.com.br/conexao-unifametro-2023/artigos
Comissão Organizadora
Thalita Rodrigues
Fábio Júnior Braga
Laiza.Rodrigues
Thaiane Bezerra
Tom Lobo
Davi Menezes
Raphaela Sobral
Rita Maria Lima Reouças
Keise Daiane Teixeira Sousa
Comissão Científica
Denise Moreira Lima Lobo - Coordenação Comissão Científica
Antônio Adriano da Rocha Nogueira
A Comissão Científica permanece à disposição pelo e-mail conexaocientifica@unifametro.edu.br e presencialmente na sala da Coordenadoria de Pesquisa e Monitoria (COOPEM) localizada no Campus Carneiro da Cunha do Centro Universitário Fametro - Unifametro.
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2022 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2022
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2021 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2021
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2020 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2020
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2019 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2019
Os anais da CONEXÃO Unifametro 2018 estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/conexaofametro2018