Introdução:
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido com uma doença do neurodesenvolvimento associada à diversos fatores biológicos, genéticos, exposição à medicamentos ou até mesmo, substâncias tóxicas como os inseticidas. Os critérios de diagnóstico do TEA baseiam-se em prejuízo na comunicação social e interesses restritos/comportamentos repetitivos. Para acompanhar integralmente o paciente com TEA faz-se necessário participação de uma equipe multiprofissional, incluindo o cirurgião dentista, pois a dificuldade de interação social, medicações administradas e a restrição do paciente ao atendimento clínico odontológico aumentam a vulnerabilidade ao desenvolvimento de diversas afecções da cavidade oral como cárie dentária, doença periodontal, bruxismo, hipoplasias e estomatites.
Objetivo: O objetivo deste trabalho é evidenciar através de um relato de caso, as formas de prevenção e promoção da saúde, apresentando situações que contribuem para o desenvolvimento da cárie na primeira infância em pacientes com TEA.
Metodologia:
Tratou-se de um estudo longitudinal que envolveu paciente da primeira infância na condição de portador de TEA que buscou atendimento odontológico em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) de Fortaleza (CE). O projeto foi realizado após autorização pelo Comitê de ética em Seres humanos (CAAE 58106322.1.0000.9267/2022) mediante autorização pelo responsável com assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). Após o acolhimento do paciente na clínica odontológica e registro dos procedimentos éticos, realizou-se o exame da cavidade oral e depois registradas outras informações como: idade, outras doenças sistêmicas, hábitos alimentares, medicamentos utilizados. O acompanhamento foi monitorado durante as consultas subsequentes.
Resultado e Discussão:
Paciente T.K.T.L, 4 anos e 6 meses chegou à UAPS, com queixas (referência da mãe) de lesões cariosas nos dentes e insatisfação com lesões escuras nos dentes anteriores e posteriores. Na anamnese, a mãe do menor, relatou que a gravidez foi tranquila e que não apresentou complicações. Também não fora submetida a nenhum tratamento médico e/ou farmacológico durante a gestação. A criança nasceu de parto cesariana realizada na 39ª semana de gestação. A mãe informou que o paciente é portador de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção (TDA). Que faz tratamento farmacológico com Neuleptil 1% Gotas pediátricas (15 gotas) à noite, Melatonina 2mg/ml (1 ml à noite), Risperidona 1mg/ml 0,6 ml 3 vezes ao dia. Há 2 anos que o menor apresentava uma falta de habilidade cooperativa para escovação. Referente à dieta, relatou que sua alimentação é razoável, consome especialmente alimentos caseiros, mas que gosta de doces e refrigerantes. A escovação é realizada pela mãe 2 vezes ao dia, mas com bastante dificuldade. No exame dos tecidos moles, não foi observada nenhuma infecção odontogênica ativa, nem alterações da cadeia ganglionar ou das glândulas salivares. No exame dentário foram observadas lesões cariosas em vários dos elementos dentários superiores: 55, 54, 52, 51, 61, 62, 64 e nos elementos dentários inferiores: 74 75, 84 e 85. É importante destacar que o paciente e a mãe foram colaborativos em todas as etapas do atendimento clínico, viabilizando a realização do atendimento na própria unidade de Saúde. No presente caso clínico foi realizado um trabalho educacional com a criança e com a família, sendo estabelecidas orientações sobre higiene bucal, hábitos dietéticos e disciplina alimentar, visto que a falta de conscientização por parte dos responsáveis em relação à manutenção da saúde bucal pode comprometer o prognóstico do tratamento realizado. Além disso, este trabalho educacional visou promover uma nova perspectiva não apenas para a saúde bucal da criança, mas também de todo o núcleo familiar. A literatura destaca que o tratamento da cárie rampante exige cooperação mútua entre responsável-família-criança, para que novos hábitos alimentares sejam introduzidos. Conforme estudos acerca do tema, dentre os principais caraterísticas do autismo infantil estão as dificuldades de interação social, de fala e compreensão, reação às texturas diferentes, hábito alimentar limitado, potencialmente coexistindo com deficiências sensoriais e se não tradadas, pode causar piora do quadro consideravelmente. Esses fatores dificultam o atendimento odontológico do paciente autista, principalmente na relação profissional e paciente (manejo), tornando-o mais vulnerável as doenças bucais. Além de todas as condições multifatoriais existentes para o aparecimento da doença cárie, em pacientes com Transtorno Espectro do Autismo, há a questão medicamentosa, pois em sua maioria recorrem a medicamentos psicotrópicos para melhoria no neurodesenvolvimento do paciente. A literatura refere os efeitos desses medicamentos para o aparecimento e/ou causas para o surgimento de doenças bucais. Nesse caso clínico, identificou extensas lesões cariosas em quase todos os dentes da criança. Considerando vários fatores aparentes, pode-se citar algumas de suas causas como: dificuldade de higienização; uso de Risperidona que causa xerostomia e aumento de apetite; uso de melatonina que provoca o surgimento de aftas; esteriótipos do autismo e limitação às texturas.
Considerações finais: O autismo apresenta diversos aspectos que dificultam muito a abordagem odontológica e é necessário a proposta de alternativas que possam viabilizar esta relação e possibilitar a promoção de saúde bucal. O desconhecimento sobre a doença e o consequente despreparo dos profissionais para lidar com as especificidades do autismo, bem como com as apreensões familiares, muitas vezes limitam uma intervenção eficaz e práticas clínicas efetivas. O comportamento ritualístico faz com que o paciente não aceite novas experiências e as deficiências de comunicação entre o profissional e o paciente autista são um entrave para a realização do tratamento odontológico. Assim, o tratamento dos pacientes com TEA em consultório odontológico é possível desde que o profissional esteja devidamente capacitado, tendo uma abordagem adequada, com um atendimento individualizado ao paciente.
Palavras-chave: cárie dentária; transtorno do espectro do autismo; saúde pública
Seja bem-vind@ à leitura dos Anais da Conexão Unifametro 2023!
Temos o prazer de disponibilizar à comunidade acadêmica os Anais do XI Encontro de Iniciação à Pesquisa, XI Encontro de Monitoria, o XIII Encontro de Pós-graduação e o IV Encontro de Experiências Docentes. Aqui estão os trabalhos que foram apresentados durante o evento, que agora são compartilhados em forma de artigos digitais.
Esperamos que essa coletânea possa auxiliar em estudos e pesquisas, estimular outros alunos e professores à produção científica e dar subsídios a novas práticas em campos de atuação diversos das áreas da saúde, humanas e exatas.
Agradecemos a todos pela confiaça em compartilhar suas produções científicas em nosso evento e contamos com sua participação na próxima Conexão!.
Boa leitura!
Drª. Denise Moreira Lima Lobo
Coordenadora da Comissão Científica da Conexão Unifametro 2023.
As normas para submissão e apresentação de trabalhos podem ser acessadas em: https://doity.com.br/conexao-unifametro-2023/artigos
Comissão Organizadora
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Laiza.Rodrigues
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A Comissão Científica permanece à disposição pelo e-mail conexaocientifica@unifametro.edu.br e presencialmente na sala da Coordenadoria de Pesquisa e Monitoria (COOPEM) localizada no Campus Carneiro da Cunha do Centro Universitário Fametro - Unifametro.
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