A NOVA ERA DO ROMANTISMO NA CONTEMPORANEIDADE

A NOVA ERA DO ROMANTISMO NA CONTEMPORANEIDADE

• Autor
• Marília Maria Martins Guimarães; Vinícius Félix Ferreira da Silva
• Co-autores
• Maria Zelfa de Souza Feitosa Oliveira
• Resumo

•  

  Introdução: o romantismo como escola literária surgiu na Europa no século XVIII, com a publicação de “Os sofrimentos do jovem Werther” de Johann Goethe. Uma das principais características dessa escola é supervalorização das emoções nas artes, especialmente no campo das relações interpessoais, por exemplo, com a criação da concepção de “amor romântico”. Ainda hoje, é possível identificar essa noção sendo internalizada nos relacionamentos contemporâneos por meio, principalmente, das redes sociais. Através desse meio, foi escolhido como objeto de estudo a música “Chico” de Luíza Sonza. Luíza vem construindo sua carreira como artista musical e lançou em agosto deste ano (2023) um álbum intitulado “escândalo íntimo”. Neste álbum, a música “Chico” foi uma das mais comentadas nas redes sociais. Essa foi destinada ao Chico Veiga, seu namorado da época. Destarte, o intuito da discussão é evidenciar a reprodução das idealizações românticas na construção das relações da atualidade. Objetivo: discutir como as idealizações da corrente literária do romantismo interagem com as noções de relacionamentos que foram sendo construídas no presente contexto social. Metodologia: a pesquisa foi realizada a partir da análise da música da cantora-compositora e atriz Luísa Sonza, apresentando-se como natureza descritiva, pois identifica “características de determinada população ou fenômeno” (BOAVENTURA, 2014, p.57). As técnicas utilizadas tiveram base em análise textual discursiva devido sua natureza investigativa (GONÇALES, 2020), a qual consiste na mediação da produção linguística ou de significado e análise de conteúdo (BARDIN, 1977), por auxiliar na interpretação de aspectos intrínsecos à letra, como a retratação das idealizações e do romantismo; abordagem qualitativa; material utilizado foi adquirido por meio de literatura cinzenta e banco de dados EBSCOHost. Resultados e Discussão: com os estímulos constantes e a supervalorização da produção, determinados estilos de vida são propagados como “perfeitos” ou “recomendados”, uma vez que correspondem ao ideal de cultura. Tal ideal é retratado na conceituação de sociedade positiva (HAN, 2016), principalmente no que diz respeito à busca por um corpo ideal, um relacionamento ideal e em atingir metas irreais no trabalho, quando reais, adquiridas em detrimento da saúde. Ao se observar as relações mostradas na contemporaneidade, identificou-se uma frequência em representar a vida amorosa e familiar de modo harmônico e idealizado. Nessa lógica, é possível observar, na música, as idealizações da relação como fenômeno de dessubjetivação, marcando um afastamento de um “eu” para se estar com “um outro”, como nos trechos “rebusco palavras para te encontrar” e “meu futuro, no Rio será” (Chico vive no Rio de Janeiro). Houve muita exposição midiática do casal Luísa Sonza e Chico Veigas, e esses holofotes destinados ao casal, em muitos momentos, transmitiu ao público a relação como um produto ou mercadoria, e, consequentemente, por ser um relacionamento público, foi perpassada por inúmeras opiniões de terceiros. Essa forma de perda da subjetividade em busca de um parceiro, como pôde ser lida na música e as consequências que geraram aos fãs e internautas evidencia como na contemporaneidade, os relacionamentos podem ser afetados e talvez prejudicados pelo romantismo. Inclusive, a obra que marcou essa escola, de Goethe, evidencia a problemática de se idealizar um parceiro. Na obra, o personagem principal se apaixona por uma moça comprometida, cria uma idealização de futuro no qual iria conseguir construir algo com ela, mas ela se casa e ele, então, comete suicídio no final do livro. Assim, o amor romântico (LIFE, 2018) presente na música se aproxima de um amor mais ideal e, portanto, distante da realidade, distante de um amor real. “[...] O mundo da mercadoria é assim mostrado como ele é, pois, seu movimento é idêntico ao afastamento dos homens entre si e em relação a tudo que produzem” (DEBORD, 2016, p. 28). A lógica mercadológica vigente em nossa cultura ofusca a formação de valores por mostrar possibilidades além de nossa realidade, a qual se mistura com uma realidade alheia. Sendo assim, idealizações historicamente marcantes se tornam atrativas para sujeitos afastados de si. Considerações finais: pode-se perceber a grande influência das idealizações românticas na construção dos relacionamentos de hoje, retratando como o romance, contemporaneamente, adquiriu um caráter mercadológico, o qual está intimamente ligado a um estilo de vida. Ademais, o propagar de uma imagem repleta de idealizações pode se tornar um fator contribuinte para a positividade conceituada no texto, pois, com a constante reprodução de valores alheios à realidade, as pessoas se afastam dos aspectos inerentes a sua vida. Portanto, é importante que haja mais contribuições no campo desta discussão, uma vez que houve escassez de trabalhos científicos acerca da temática e somos rotineiramente abordados pelas mídias. 

  Palavras-chave: Romantismo; Contemporaneidade; Idealização.

• Palavras-chave
• Romantismo; Contemporaneidade; Idealização.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• POLÍTICAS E PRÁTICAS EM SAÚDE MENTAL

Voltar Download