EXAMES COMPLEMENTARES EM DIAGNÓSTICO DE CISTITE EM UMA CADELA: UM BREVE RELATO

EXAMES COMPLEMENTARES EM DIAGNÓSTICO DE CISTITE EM UMA CADELA: UM BREVE RELATO

• Autor
• Anna Rachel Vasconcelos Fava
• Co-autores
• Ana Karine Rocha de Melo Leite , Lucilma Gurgel Leite
• Resumo

•  

  Introdução: A cistite corresponde à inflamação da bexiga ou vesícula urinária. Embora a presença de bactérias seja esperada, sua multiplicação e a colonização do trato urinário de animais carnívoros é impedida pelo ato da micção, uma vez que a urina desses animais possui propriedades que dificultam a sobrevivência bacteriana, como o pH ácido e a presença de imunoglobulina A e de fatores bacteriostáticos. Quando há falha em um ou vários desses mecanismos de defesa, seja por alterações primárias diretamente nos componentes do sistema urinário ou por afecções sistêmicas com reflexos na fisiologia urinária, a proliferação bacteriana não cessa e essas acabam por penetrar na mucosa vesical e invadir os tecidos, causando inflamação e caracterizando a cistite. Objetivo: Descrever as alterações laboratoriais e morfológicas induzidas pela cistite em uma cadela e seu diagnóstico. Metodologia: Foi recebida no Centro de Diagnóstico e Especialidades Veterinárias em Fortaleza, Ceará, a paciente Nola, uma cadela de 8 anos e 5 meses, da raça buldogue francês. Os exames realizados foram: ultrassonografia abdominal completa, urinálise e cultura urinária com antibiograma, coletada a urina via cistocentese. Resultados e Discussão: Todos os órgãos avaliados durante a ultrassonografia apresentaram aspecto sonográfico dentro da normalidade, com exceção do fígado, cujas alterações apontadas já haviam sido descritas em um exame prévio e não apresentaram agravo, e da vesícula urinária, que apresentou paredes regulares, porém espessadas (0,39 cm) e presença de imagens ecogênicas e hiperecóicas puntiformes em suspensão ao balotamento, sugestivas tanto de debris celulares quanto de microlitíases. Tais achados sonográficos sugerem a presença de cistite, a ser confirmada em associação a outros exames investigativos. A urinálise apresentou diversas alterações, tanto nas análises físicas como químicas e sedimentoscópica. Foram detectados leucocitúria leve, proteinúria acentuada, hematúria moderada, que somadas ao resultado do ultrassom, confirmam o diagnóstico de cistite, especificamente catarral aguda. Além disso, foi evidenciado turbidez e odor pútrido na amostra, que sugerem a bacteriúria confirmada na sedimentoscopia pela presença superabundante de bacilos, além de uma quantidade moderada de cristais de estruvita e oxalato, que deveriam ser ausentes. Dessa forma, dados mostram que a presença de cristais pode estar relacionada ao tipo de alimentação o qual o animal é submetido, podendo levar a lesão na mucosa vesical e turbidez da urina. O resultado da urocultura e antibiograma mostraram a presença de bacilos gram negativos da espécie Escherichia coli, uma das espécies mais comumente associadas à cistite em cães, mostrando-se sensíveis à ação de nove dos vinte e seis princípios ativos antibacterianos testados, a saber: amicacina, amoxicilina+ácido clavulânico, cefepime, ceftazidima, cloranfenicol, enrofloxacina, ertapenem, marbofloxacina e piperacilina+tazoban. Considerações finais: Conclui-se, nesse trabalho, que a cistite induziu alterações morfológicas na vesícula urinária da paciente, passíveis de detecção via ultrassonografia, e alterações urinárias significativas que possivelmente comprometeram o bem estar do animal e estão intimamente relacionadas à evolução de sua patogenia, bem como da resposta imunológica do animal. A realização da cultura e antibiograma da urina permitem um tratamento mais direcionado e eficaz contra o agente etiológico da cistite, visando uma melhor resolução do quadro inflamatório e infeccioso e melhor qualidade de vida para o animal.

• Palavras-chave
• cistite, ultrassom, urinálise
• Modalidade
• Pôster
• Área Temática
• Clínica e biotecnologias aplicadas em medicina veterinária

Voltar Download