RECOMENDAÇÕES DE ENERGIA EM PACIENTES IDOSOS ONCOLÓGICOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

  • Autor
  • Melina Sá da Silveira
  • Co-autores
  • Alane Nogueira Bezerra
  • Resumo
  • Introdução: As doenças neoplásicas representam a segunda principal causa de morte em todo o mundo e estima-se que o número de novos casos cresça significativamente nas próximas décadas (Muscaritoli et al., 2021). O envelhecimento está associado a uma falha no controle da inflamação, conhecida como “envelhecimento-inflamação”. Dessa forma, a inflamação é uma alteração muito frequente no câncer, agindo por meio de uma combinação de efeitos autônomos de células, como o aumento da proliferação de células acarretando à instabilidade genômica e epigenômica e consequências não autônomas de células, como fibrose, rarefação de componentes da MEC e imunossupressão local por células supressoras derivadas de mieloides (López-Otín et al., 2023). Por esse motivo, a inflamação tem um papel duplo no envelhecimento e no câncer, o que implica que a supressão da inflamação pode ter um impacto multifacetado no desenvolvimento de um amplo espectro de distúrbios associados à idade. Distúrbios nutricionais e metabólicos estão relacionados a um efeito prejudicial nos resultados clínicos, como maior tempo de internação hospitalar (Loan et al., 2018), aumento de infecções e readmissões hospitalares (Marshall et al., 2019), complicações pós-operatórias (Loan et al., 2018; Nishiyama et al., 2018) e mortalidade (Marshall et al., 2019; Sanchez-Rodriguez et al., 2020). Assim, avaliar o estado nutricional, o estresse metabólico e o hipercatabolismo relacionado a outras condições, como a sepse, em idosos com câncer é primordial para o sucesso da terapia nutricional. Objetivo: Revisar na literatura sobre as recomendações de energia para pacientes idosos oncológicos. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, realizada no mês de setembro de 2024, a partir da análise de diretrizes nacionais e internacionais que norteiam o manejo nutricional do paciente oncológico: Diretrizes da Brazilian Society of Parenteral and Enteral Nutrition (BRASPEN) (Horie et al., 2019), do Consenso Nacional de Nutrição Oncológica elaborado pelo Ministério da Saúde em conjunto com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) (2016) e da European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN) (Muscaritoli et al., 2021). A partir dessa análise, foi realizado um levantamento das recomendações energéticas para pacientes idosos oncológicos. Resultados e Discussão: Os idosos tendem a estarem em risco nutricional, pois, com o envelhecimento, mudanças fisiológicas, metabólicas e na capacidade funcional resultam em modificação das necessidades nutricionais (INCA, 2016). Para manter o estado nutricional estável, a ingestão de energia precisa englobar o Gasto Energético Total (GET) diário do paciente, que é a soma do Gasto Energético de Repouso (GER), atividade física e uma baixa porcentagem da termogênese estimulada pela dieta (Correia et al., 2016). De acordo com a diretriz da BRASPEN, para o cálculo da necessidade energética de pacientes oncológicos, recomenda-se o uso da calorimetria indireta. Porém, na ausência deste método, deve-se considerar o uso de equações preditivas, ajustando o gasto energético posteriormente, com base nos sinais clínicos e no julgamento dos profissionais que acompanham o paciente (Horie et al., 2019). Segundo o Consenso Nacional de Oncologia (INCA, 2016), em pacientes idosos oncológicos que não apresentam estresse, deve ser utilizado de 25-30 kcal/kg de peso atual/dia para manutenção do peso; em estresse leve, de 30-35 kcal/kg de peso atual/dia para ganho de peso e repleção nutricional; em estresse moderado ou grave, recomenda-se a partir de 35 kcal/kg de peso atual/dia, para pacientes hipermetabólicos; em casos especiais como sepse, de 25-30 kcal/kg de peso atual/dia; na presença de obesidade, de 21-25 kcal/kg de peso atual/dia. De acordo com a diretriz da BRASPEN, a ingestão calórica recomendada é semelhante a de indivíduos saudáveis, de 25-30 kcal/kg/dia, sendo que em idosos com Índice de Massa Corporal (IMC) <15,5 kg/m² deve ser de 32-38 kcal/kg/dia (Horie et al., 2019). Ademais, a diretriz da ESPEN (Muscaritoli et al., 2021) também reforça que as necessidades energéticas desse público são consideradas semelhantes ao de indivíduos saudáveis, com a mesma recomendação de 25-30 kcal/kg/dia. Considerações finais: Portanto, considerando a revisão realizada nas diretrizes nacionais e internacionais, conclui-se que a ingestão calórica apropriada dos pacientes idosos oncológicos é de extrema relevância para recuperar adequadamente o paciente durante o tratamento antineoplásico, reduzir intercorrências e evitar o agravamento da doença, visando diminuir o risco de desnutrição, caquexia, sarcopenia e síndrome de realimentação, que são muito frequentes. Em relação às diferentes recomendações calóricas, observa-se que as diretrizes apresentam recomendações semelhantes em relação aos intervalos utilizados para o cálculo da energia diária que o paciente deve ingerir, ressaltando que as recomendações podem variar de acordo com o seu estado metabólico. Diante do importante papel da ingestão calórica no tratamento nutricional de idosos com câncer, faz-se necessário reforçar o uso dessas diretrizes em nutrição oncológica para a atualização dos profissionais integrantes de equipes multiprofissionais de terapia nutricional, para assim promover um cuidado nutricional mais assertivo.

  • Palavras-chave
  • Câncer; Ingestão Calórica; Recomendações Nutricionais; Idosos.
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • Alimentos, nutrição e saúde
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Temos o prazer de disponibilizar à comunidade acadêmica os Anais do XII Encontro de Iniciação à Pesquisa, XII Encontro de Monitoria, o XIV Encontro de Pós-graduação e o V Encontro de Experiências Docentes. Aqui estão os trabalhos que foram apresentados durante o evento, que agora são compartilhados em forma de artigos digitais.

Esperamos que essa coletânea possa auxiliar em estudos e pesquisas, estimular outros alunos e professores à produção científica e dar subsídios a novas práticas em campos de atuação diversos das áreas da saúde, humanas e exatas.

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