Introdução: Infecções fúngicas costumam acometer felinos principalmente em condições de baixa imunidade e o contato com solos contaminados é um importante meio de transmissão dessas doenças. A histoplasmose é uma doença sistêmica causada por fungos que apresentam dimorfismo e características saprófitas, presente em locais que possuem matéria orgânica em decomposição. O Histoplasma capsulatum está presente em fezes de aves e morcegos que, misturadas aos solos, são um potencial meio de transmissão da doença. Pode ser encontrado também nas partes ocas de árvores devido à presença de umidade e porções da planta em decomposição. A histoplasmose é uma doença endêmica no continente americano que comete animais domésticos e humanos, sendo considerada a segunda micose sistêmica que mais afeta felinos. De prevalência ainda desconhecida, os dados epidemiológicos da doença são escassos, porém há relatos de casos em animais de todas as idades, sendo mais comum em jovens, e, no caso dos gatos, em felinos da raça persa. A transmissão ocorre através da inalação dos esporos quando o animal tem contato com terra ou cheira vasos de plantas que venham a ter micélios nas fezes que compõe a mistura do adubo orgânico. Os macroconídeos podem chegar aos alvéolos pulmonares e lá mudarem de forma para leveduriforme, devido à temperatura mais alta do organismo. Neste processo, o animal apresenta inflamação causada pela infecção, cursando em linfadenopatia e aumentando as possibilidades de disseminação através do sistema circulatório. Trata-se de uma infecção oportunista que leva, além da infecção pulmonar inicial, a características muitas vezes subclínicas. Achados como letargia, perda de peso, inapetência, febre, anemia normocítica e normocrômica, icterícia, hepatomegalia, comprometimento gastrointestinal e esplenomegalia são importantes para pesquisa, porém são sinais inespecíficos que dificultam ou retardam o diagnóstico. A anamnese associada à citologia e histopatologia, são considerados métodos de diagnóstico padrão ouro na busca das estruturas do agente infecioso. Outros exames também podem ser utilizados, como lavado broncoalveolar, líquor e medula óssea. Devido ao seu caráter oportunista, a histoplasmose é comumente associada a outras enfermidades. Este também é o caso da criptococose, doença causada pela infecção por fungos Cryptococcus neoformans que podem ser encontrados em matéria orgânica, como fezes de pombos, e causam sinais respiratórios, neurológicos, cutâneos e oculares. Objetivo: Descrever os achados clínicos e patológicos em um caso de coinfecção de histoplasmose e criptococose em paciente felino. Metodologia: Para o estudo, foi avaliado paciente da espécie felina, da raça siamês, macho, com idade de 6 anos, que apresentava ataxia como queixa principal. Inicialmente, paciente foi avaliado em uma clínica da cidade de Fortaleza – CE e foi submetido a exames bioquímicos urinários e hepáticos, hemograma e ultrassonografia abdominal. Com a progressão dos sinais clínicos, também foram solicitados sorologia para coronavírus felino (FCoV), exames para avaliação do líquido cefalorraquidiano (LCR) e raio-X de tórax do paciente. Ainda sem melhora clínica, o paciente veio a óbito e foi submetido a técnica de necropsia. Resultados e Discussão: Na primeira avaliação clínica, além da ataxia, o paciente apresentou no teste neurológico déficit proprioceptivo do lado esquerdo, observado no teste de saltitar, no teste de propriocepção consciente e no teste de propriocepção utilizando a mesa. Também foi observada uma discreta redução da reação ao teste de ameaça e leve inclinação de cabeça, ambas para o lado esquerdo. Em análise dos resultados obtidos nos exames complementares iniciais, o hemograma completo apresentou um aumento das proteínas plasmáticas totais (8,6 g/dl), estando todos os outros analitos avaliados, ureia, creatinina, fosfatase alcalina e alanina aminotransferase (ALT), dentro dos valores de referência esperados para a espécie. No exame ultrassonográfico, alguns achados importantes foram identificados. No fígado, o aumento das dimensões do órgão e a redução da ecogenicidade sugeriram uma discreta a moderada hepatomegalia e hepatopatia inflamatória/toxêmica. As paredes espessas da vesícula biliar (0,22 cm de espessura) sugeriram quadro de colecistite. O baço apresentou textura minimamente grosseira, sugerindo quadro inflamatório/infeccioso. O pâncreas apresentou dimensões aumentadas (espessura: 1,10 cm – lobo esquerdo; cm – corpo e 0,86 cm – lobo direito) e aspecto sugestivo de pancreatopatia por hipertrofia, infiltração lipídica/fibrótica e pseudocistos no lobo esquerdo. Os rins, apesar de apresentarem dimensões normais e simetria (E: 3,73 cm x 2,25 cm e D: 3,72 cm x 1,95 cm), apresentaram córtex discretamente ecoico que sugeria aspecto sonográfico de infiltração lipídica ou nefropatia aguda (nefrite), sugerindo correlação com exames laboratoriais, que se apresentaram normais. Ao apresentar piora dos sinais clínicos com a ocorrência de crise convulsiva e agravar a ataxia, o paciente foi submetido a nova avaliação clínica e foi realizado exame de relação albumina/globulina (A/G), onde as proteínas totais séricas apresentaram-se elevadas (8,90 g/dl) e a relação A/G (0,53) sugeriu resposta do paciente à estímulos inflamatórios, como alguma infecção. O exame para análise do LCR também apresentou aumento no número de proteínas (208 mg/dL), além de pleocitose com presença predominantes de neutrófilos (86%), linfócitos (11%) e raros macrófagos (3%). O teste sorológico para identificação do FCoV apresentou score 3, médio positivo, sugerindo prévia indicação ou infecção corrente por coronavírus felino. Na terceira avaliação clínica do paciente, 15 dias após a última consulta, os sinais cerebelares ainda estavam presentes e o paciente apresentava postura descerebelada, iniciando também um quadro de dispneia. Os achados radiográficos sugeriram correlação com processo infeccioso/inflamatório de vias aéreas inferiores e indicaram sinais de esforço respiratório do paciente. Apesar dos esforços no diagnóstico, a evolução do paciente foi ruim, levando-o ao óbito 2 dias após o início do quadro dispneico. Por meio da realização de exame de necropsia foi possível observar alterações macroscópicas sugestivas de pneumonia e, ao exame microscópico, foi possível identificar presença de histoplasma no parênquima pulmonar e sugestivo de criptococos no encéfalo do paciente. Não foram identificados granulomas característicos de peritonite infecciosa felina (PIF). Considerações finais: A busca do diagnóstico rápido e eficiente em pequenos animais é de suma importância para determinadas patologias que necessitam de uma atenção emergencial. A histoplasmose é uma doença fúngica sistêmica de caráter subclínico, e muitas vezes, pode passar despercebida pelo tutor até apresentar sinais evidentes de comprometimento do trato respiratório.
Palavras-chave: Histoplasmose; Infecção respiratória; Ataxia cerebelar; Felino.
Seja bem-vind@ à leitura dos Anais da Conexão Unifametro 2024!
Temos o prazer de disponibilizar à comunidade acadêmica os Anais do XII Encontro de Iniciação à Pesquisa, XII Encontro de Monitoria, o XIV Encontro de Pós-graduação e o V Encontro de Experiências Docentes. Aqui estão os trabalhos que foram apresentados durante o evento, que agora são compartilhados em forma de artigos digitais.
Esperamos que essa coletânea possa auxiliar em estudos e pesquisas, estimular outros alunos e professores à produção científica e dar subsídios a novas práticas em campos de atuação diversos das áreas da saúde, humanas e exatas.
Agradecemos a todos pela confiaça em compartilhar suas produções científicas em nosso evento e contamos com sua participação na próxima Conexão!.
Boa leitura!
Prof. Antonio Adriano da Rocha Nogueira
Coordenador da Comissão Científica da Conexão Unifametro 2024.
As normas para submissão e apresentação de trabalhos podem ser acessadas em: https://doity.com.br/conexao-unifametro-2024-1/artigos
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