EFEITOS DA CO-SUPLEMENTAÇÃO DE SELÊNIO E COENZIMA Q10 NA MORTALIDADE CARDIOVASCULAR – UMA REVISÃO DE LITERATURA

EFEITOS DA CO-SUPLEMENTAÇÃO DE SELÊNIO E COENZIMA Q10 NA MORTALIDADE CARDIOVASCULAR – UMA REVISÃO DE LITERATURA

• Autor
• Erika Ferraz de Andrade Amorim Mendes
• Co-autores
• Melina Sá da Silveira , Roberta Freitas Celedonio
• Resumo

• Introdução: O selênio é um micronutriente importantíssimo para a manutenção do funcionamento adequado do organismo, possui ação antioxidante, atua também no sistema imunológico, auxiliando na prevenção de diversas doenças. Sua deficiência está associada à doença de cardiomiopatia congestiva (Pinheiro et al., 2019), fraqueza muscular, fadiga e comprometimento do sistema imunológico. A coenzima Q10 - conhecida também por ubiquinona - por sua vez, é considerada uma provitamina lipossolúvel (Jacobs et al., 2020) produzida pelo próprio organismo e encontrada em vários tecidos, incluindo o tecido muscular cardíaco. Atua na produção de adenosina trifosfato (ATP), no aumento da proteção miocárdica, na melhora dos sintomas de insuficiência cardíaca e como antioxidante, reduzindo a incidência de radicais livres e estresse oxidativo (Silva et al., 2022). Com o envelhecimento, o organismo humano tende a diminuir a produção deste composto, facilitando assim a aquisição de doenças cardiovasculares. Diante disso, muitos estudos sugerem que a suplementação de selênio e da ubiquinona pode ter um papel fundamental na melhora da saúde cardíaca e dos sintomas de insuficiência cardíaca devido aos seus potenciais antioxidantes e imunológicos. Objetivo: Revisar na literatura os efeitos da suplementação de selênio e coenzima Q10 de forma concomitante sob a mortalidade cardiovascular. Metodologia: Trata de uma revisão de literatura sobre os efeitos da co-suplementação de selênio e coenzima Q10 na saúde cardiovascular, em que a busca foi realizada no mês de setembro de 2024, através das bases de dados PubMed, Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), a partir dos descritores em ciências da saúde em inglês e português: Ubiquinona (Ubiquinone), Selênio (Selenium) e doenças cardiovasculares (Cardiovascular Diseases), combinados com o operador booleano “AND”. Como critérios de inclusão, foram selecionados trabalhos publicados na língua portuguesa ou inglesa, em que o estudo fosse do tipo randomizado controlado por placebo, publicados nos últimos cinco anos (2019 a 2024), que abordassem a co-suplementação de selênio e coenzima Q10 relacionadas a mortalidade cardiovascular. Como critérios de exclusão, foram considerados trabalhos de revisão, dissertações, teses e realizados em animais. A partir da busca foram encontrados 30 artigos, que a partir da adoção dos critérios de elegibilidade foram selecionados 4 para compor o estudo. Resultados e Discussão: A presente revisão é composta pelos estudos de Alehagen et al. (2021), Alehagen et al. (2022), Dunning et al. (2023) e Opstad et al. (2022). Um estudo realizado com 434 indivíduos com idade média de 77 anos, sendo 50,6% homens e 49,4% mulheres, 218 participantes receberam suplementação de ativa (100mg de coenzima Q10 e 100 mg de levedura de selênio) e 216 participantes que receberam comprimidos de placebo. Os tiois séricos médios nos grupos ativo e placebo foram 91,4ym/L e 64,1ym/L, respectivamente. Após 48 meses de suplementação, os tiois livres séricos dos pacientes aumentaram significativamente para 100,7ym/L no grupo ativo, em contrapartida nos pacientes que receberam placebo ocorreu uma redução média de tiois livres séricos para 81,4ym/L. Dessa forma, a suplementação aumentou significativamente os níveis de tiois livres séricos, apoiando um efeito benéfico no estresse oxidativo sistêmico, sendo inversamente associados ao risco de mortalidade (Dunning et al., 2023). As doenças cardiovasculares (DCV), por exemplo, doença cardíaca isquêmica (DIC), acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e doença arterial periférica, são uma das principais causas de mortalidade global (OMS, 2022). Um ensaio clínico, realizado por 4 anos com 118 indivíduos (67 fizeram tratamento ativo e 51 receberam placebo), observou que a suplementação preveniu o desgaste do telômero, e pacientes que vieram a óbito apresentaram telômero mais curto. Dessa forma, o menor encurtamento do telômero durante o período de suplementação foi associado a uma sobrevida significativamente maior (Opstad et al., 2022). A Síndrome de Progeria de Hutchinson-Guilford constitui um exemplo marcante de encurtamento dos telômeros relacionado à idade, no qual a maioria dos pacientes morre de infarto do miocárdio ou derrame na adolescência (Ahmed et al., 2018). Alehagen et al., 2021 desenvolveram um estudo com 213 indivíduos, em que106 receberam suplementação (200mg/dia de coenzima Q10 e 200mg/dia de levedura de selênio) e 107 receberam placebo, observando que o grupo tratado ativamente demonstrou função sistólica cardíaca aumentada, concentração reduzida do fragmento N-terminal do peptídeo cardíaco, do peptídeo natriurético tipo B e mortalidade cardiovascular significativamente reduzida em comparação aos indivíduos do grupo placebo. Ademais, outro estudo realizado com 443 indivíduos, dos quais 221 receberam suplementação (200mg/dia de levedura de selênio e 200mg/dia de coenzima Q10) e 22 receberam placebo, verificou que além dos efeitos clínicos positivos, a intervenção foi associada a efeitos favoráveis em biomarcadores de risco cardiovascular, resultando em uma redução significativa da mortalidade, sendo 5,9% no grupo de suplementação ativada, em comparação com 12,6% no grupo placebo (Alehagen et al., 2022). Os fatores de risco para o acometimento por DCV incluem idade e estilo de vida, fatores como tabagismo, alimentação pouco saudável e inatividade física (Yusuf et al., 2020). Esses fatores, no entanto, podem acarretar inúmeras doenças, como hipertensão, hipercolesterolemia e diminuição da tolerância à glicose, estimulando o desenvolvimento de aterosclerose, o que pode resultar em morte cardiovascular (Scott, 2004). Corroborando com os estudos apresentados, revisões mostram que a associação do uso de selênio com outros antioxidantes, como a coenzima Q10, apresenta um risco reduzido para a mortalidade por doenças cardiovasculares e por doenças em geral (Jenkins et al., 2020). Outra revisão mostra que a coenzima Q10 possui efeitos positivos na redução da mortalidade cardiovascular, em comparação a grupos controle que não fazem uso de suplementação (Al Saadi et al., 2021).  Considerações finais: Com os dados apresentados, conclui-se que a adoção da co-suplementação de selênio e coenzima Q10 mostra-se como uma intervenção nutricional positiva no que se refere a redução da mortalidade dos pacientes acometidos por doenças cardiovasculares, o que pode ser percebido através da redução dos níveis de tiois livres séricos, a prevenção do desgaste dos telômeros, o aumento da função sistólica cardíaca, a redução da concentração do fragmento N-terminal do peptídeo cardíaco, do peptídeo natriurético tipo B, além de efeitos favoráveis nos biomarcadores de risco cardiovascular. Entretanto, são necessárias mais pesquisas acerca desse assunto para que essa estratégia nutricional possa ser consolidada e adotada para essa finalidade.

• Palavras-chave
• Coenzima Q10; Selênio; Doenças cardiovasculares.
• Modalidade
• Pôster
• Área Temática
• Alimentos, nutrição e saúde

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