A escola desempenha um papel fundamental na vida das crianças, principalmente na educação infantil, pois é nesse ambiente que se adquirem conhecimentos, habilidades e valores. Os processos comunicativos são essenciais para a aquisição dessas características. Contudo, a escola atual tende a se basear na ideia de turma homogênea, não abrindo espaço para singularidades. Aqueles que se desviam do padrão são frequentemente controlados por mecanismos institucionalizados. O objetivo deste estudo foi investigar como as crianças da educação infantil em escolas municipais de Santo Antônio de Pádua – RJ estão sendo observadas em seus processos comunicativos, dado o aumento dos encaminhamentos feitos por professores e gestores escolares ao setor de fonoaudiologia. O procedimento metodológico utilizado foi a cartografia na perspectiva de Deleuze e Guattari, que propõe uma pesquisa-intervenção. Nesse processo, o pesquisador atua diretamente e se envolve nos eventos analisados. Mapeamos as falas de professoras durante um conselho de classe da educação infantil, focando em uma docente que encaminhou alunos ao setor de fonoaudiologia. Esses alunos, segundo a professora, brincavam com as palavras, faziam associações e repetiam o que ela dizia. A professora compreendia essas características como patologias que necessitariam de intervenção fonoaudiológica. A fundamentação teórica do estudo baseia-se na concepção da escola como uma instituição atravessada por um viés hierárquico e disciplinar, moldada por uma classe dominante que estabelece padrões. Qualquer comportamento que foge a esses padrões, especialmente nos processos comunicativos, é controlado, sendo o encaminhamento para o setor de fonoaudiologia um exemplo disso. A fonoaudiologia, por sua vez, surge na junção entre a educação e as ciências biológicas. No entanto, a área foi dominada pela visão biológica, estabelecendo a ideia de que o fonoaudiólogo "cura" problemas de comunicação. Contudo, a verdadeira preocupação da profissão é o bem-estar nos processos comunicativos. Como resultados do estudo, percebemos que pela fala e encaminhamentos da professora as crianças estavam exercendo suas singularidades. Argumentamos que cada criança exercem modos diferenciados pelos quais simbolizam e comunicam suas percepções de mundo, como interagem, são únicas. Nos encaminhamentos, o que era visto como patologia nos fez recordar do fazer poético de Manoel de Barros. Manoel foi um poeta singular que, em suas poesias, muitas vezes utilizava um “crianciamento”, pois brincava com as palavras, fazia uso de neologismos e conferia novos sentidos e significados às expressões, assim como as crianças, que não possuem limites para sua imaginação. As crianças encaminhadas se assemelham ao poeta, como em um devir. Em síntese, concluímos que é importante entender que as crianças, enquanto educandos, são sujeitos com características únicas e distintas. Brincar com as palavras e fazer associações é algo muito potente e criativo, e não deve ser compreendido como patologia. É necessário que professores e gestores escolares da educação infantil se aproximem das individualidades das crianças sem um olhar normalizador. Trata-se de evidenciar as potências e a pluralidade dos corpos na sala de aula, aproveitando o criativo para integrar os processos comunicativos e, consequentemente, o aprendizado.
É com imenso prazer que anunciamos os Anais do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste Fluminense. Este evento que está em sua quarta edição, começando como Jornada no ano de 2018 e convertendo-se em Congresso no ano de 2020, já se estabeleceu como um espaço essencial para os diálogos e a reflexões nas áreas da Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência e se propõe a explorar nesta edição o tema: "Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridade e Perspectivas em Diálogo".
Nosso objetivo foi transcender os limites convencionais das disciplinas acadêmicas, promovendo uma rica interação entre as Ciências e as Humanidades contribuindo assim também para a abertura e consolidação de diálogos interdisciplinares no campo das ciências em geral. O evento visou estimular uma reflexão profunda sobre como diferentes campos do saber podem se entrelaçar, dialogar e juntos contribuir para a compreensão e a solução de complexos desafios contemporâneos.
Pretendemos assim abrir novas perspectivas e possibilidades de pesquisa, ensino e aplicação prática, enfatizando a importância da colaboração entre as diversas áreas do conhecimento para pensarmos de forma consistente os principais desafios constituintes do nosso tempo. Esperávamos que, ao promover este encontro de ideias, poderíamos não só ampliar nosso entendimento sobre fenômenos humanos e existenciais sob diferentes prismas, mas também fomentar inovações metodológicas e teóricas que respondam a tais desafios.
O evento, aconteceu de forma presencial, contando com a participação de renomados acadêmicos, pesquisadores e profissionais de várias partes do Brasil oferecendo uma oportunidade única para estudantes, professores, profissionais e interessados em geral de se engajarem em palestras, debates, mas também a oportunidade para pesquisadores discentes, docentes ou profissionais de apresentarem suas pesquisas na modalidade de pôster, o que enriqueceu e expandiu os horizontes de todos os participantes.
Parabéns a todos os participantes do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
Comissão Organizadora
Núcleo Organizador
Comissão Organizadora
Comissão Científica
congressodefenomenologia@gmail.com
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência - NEPPFFE