Um dos fatores que torna o tema sexualidade e deficiência semelhantes é o preconceito da sociedade, principalmente quando são colocadas em uma mesma frase: “A sexualidade da pessoa com deficiência”, pois essas duas palavras nunca foram associadas entre si, sempre foram descartadas e problematizadas. Apesar de ser do conhecimento de todos que a sexualidade é fundamental para a saúde física, mental e social do ser humano, pessoas com deficiência são vistas como incapazes de ter relações afetivas, infantilizando e as impossibilitando, ou não são consideradas humanos. Estes estigmas são construídos e mantidos muitas vezes pelos familiares, tendo “boas intenções” ou não. (Pereira, 2013) Há uma imagem construída como se todo deficiente fosse santo, puro, afastando-o de um ser disposto a ser independente para criar relações interpessoais e ter desejos sexuais.
A Maioria dos temas voltados á deficiência e sexualidade trazem mais a perspectiva dos cuidadores e tutores, sempre mostrando as consequências da falta de educação sexual. Apesar dos pontos de vista dos tutores e curadores serem importantes para a rede de apoio, a educação sexual ter seu espaço relevante na saúde mental, é preciso problematizar o estigma do deficiente como pessoa que não tem desejo ou voz na sociedade, e dar foco á sua vontade de se relacionar afetivamente e sexualmente com o mundo. (Gomes, Caitano, Pinel, 2020)
Para Pereira (2013), muitos familiares preferem enxergar os filhos deficientes como assexuais, por medo ou vergonha de se exporem. Desde o momento do diagnóstico os pais são instruídos com visões limitantes propagadas pelos próprios profissionais da saúde, abordando as dificuldades que a criança vai ter no desenvolvimento e destacando o cuidado que os pais, (principalmente as mães), vão precisar ter pelo resto da vida, como uma sentença a carregar ao longo de sua existência. É A partir dessa visão que começa a superproteção. Acham que expor seus filhos deficientes a experiências sexuais e de afeto vai acarretar em sofrimento, esse medo acaba resultando no distanciamento de temáticas envolvendo afetividade e sexualidade, e consequentemente deixando eles mais vulneráveis ao abuso sexual. É como se a deficiência fosse estendida a outras áreas da vida, a deficiência não é vista só como um impedimento físico, sensorial ou intelectual, mas uma restrição na área da sexualidade também, mesmo não tendo nenhuma correlação que comprove.
Por que quando a temática da sexualidade é discutida a pessoa com deficiência é excluída? O presente trabalho não tem a intenção de descartar os aspectos fundamentais que é a saúde mental do ciclo de cuidado das pessoas com deficiência, mas problematizar falas hegemônicas que tiram de foco os desejos desse grupo, colocando como pauta principal a vulnerabilidade ao se expor as relações e as consequências da falta de educação sexual. Apesar de serem temáticas indispensáveis à saúde física e mental, falar sobre os desejos e a necessidade da sexualidade manifestar-se não deve ficar em segundo plano, falar sobre sexualidade é falar sobre a expressão da nossa existência, sobre nossa forma de se mostrar ao mundo e interagir com ele.
É com imenso prazer que anunciamos os Anais do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste Fluminense. Este evento que está em sua quarta edição, começando como Jornada no ano de 2018 e convertendo-se em Congresso no ano de 2020, já se estabeleceu como um espaço essencial para os diálogos e a reflexões nas áreas da Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência e se propõe a explorar nesta edição o tema: "Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridade e Perspectivas em Diálogo".
Nosso objetivo foi transcender os limites convencionais das disciplinas acadêmicas, promovendo uma rica interação entre as Ciências e as Humanidades contribuindo assim também para a abertura e consolidação de diálogos interdisciplinares no campo das ciências em geral. O evento visou estimular uma reflexão profunda sobre como diferentes campos do saber podem se entrelaçar, dialogar e juntos contribuir para a compreensão e a solução de complexos desafios contemporâneos.
Pretendemos assim abrir novas perspectivas e possibilidades de pesquisa, ensino e aplicação prática, enfatizando a importância da colaboração entre as diversas áreas do conhecimento para pensarmos de forma consistente os principais desafios constituintes do nosso tempo. Esperávamos que, ao promover este encontro de ideias, poderíamos não só ampliar nosso entendimento sobre fenômenos humanos e existenciais sob diferentes prismas, mas também fomentar inovações metodológicas e teóricas que respondam a tais desafios.
O evento, aconteceu de forma presencial, contando com a participação de renomados acadêmicos, pesquisadores e profissionais de várias partes do Brasil oferecendo uma oportunidade única para estudantes, professores, profissionais e interessados em geral de se engajarem em palestras, debates, mas também a oportunidade para pesquisadores discentes, docentes ou profissionais de apresentarem suas pesquisas na modalidade de pôster, o que enriqueceu e expandiu os horizontes de todos os participantes.
Parabéns a todos os participantes do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
Comissão Organizadora
Núcleo Organizador
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Comissão Científica
congressodefenomenologia@gmail.com
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência - NEPPFFE