COMPREENDENDO A EXPERIÊNCIA SUBJETIVA DO AUTISMO: UMA PERSPECTIVA FENOMENOLÓGICA

  • Autor
  • Gisele da Cunha de Mello
  • Co-autores
  • Geovanna Angélica Ribeiro Pinto , Julia Mendonça Juliasse
  • Resumo
  •  

    O autismo foi descrito em 1940 por Leo Kanner e Hans Asperger, observando comportamentos como isolamento, falhas na comunicação, rotina rígida, fascinação por objetos e reações sensoriais atípicas. Inicialmente considerado esquizofrenia infantil e na CID 9 de 1975 como psicose infantil. Estudos posteriores indicaram que o autismo está ligado a falhas biológicas no neurofuncionamento. No DSM IV, o autismo foi incluído nos "Transtornos Invasivos do Desenvolvimento" , e no DSM V, é descrito como "Transtorno do Espectro Autista", englobando diferentes condições anteriormente consideradas distintas. O diagnóstico do TEA é clínico, baseado em observações e entrevistas, com  etiologia desconhecida, mas multifatorial, envolvendo fatores genéticos e ambientais. O tratamento inclui medicamentos e abordagens pedagógicas e fonoaudiológicas. A perspectiva existencial-humanista e fenomenológica do TEA se diferencia da biomédica tradicional focando na experiência subjetiva e singularidade do indivíduo, questionando categorizações diagnósticas rígidas. A fenomenologia analisa experiências subjetivas, promovendo uma compreensão mais integrada do psiquismo autista, contribuindo para avaliações e tratamentos mais adequados, atentos às particularidades de cada pessoa com TEA. As manifestações comportamentais no autismo, podem ser compreendidas como a consolidação da singularidade da vivência autista, evitando o enquadramento em categorias prévias. Essa perspectiva não busca compreender o autismo em si, mas o sujeito e seus modos de ser autista. A fenomenologia descreve que ao perceber a essência dos fatos, seus sentidos se revelam como são. Deve-se levar em consideração a sensibilidade sensorial e cognitiva das pessoas no espectro, que percebem o mundo como uma série de demandas desconectadas; limitando a compreensão das atividades e lógicas sociais. Para situar-se na perspectiva da pessoa com autismo, os entendemos  como pertencentes a uma cultura particular, compartilhando características como hipersensibilidade a estímulos sensoriais (órgãos dos sentidos e dor) e dificuldades em rupturas de rotinas. Compreender suas sensibilidades perceptivas, ressalta a importância da dimensão afetiva e das interações que promovem inclusão, diferenciando-se pela capacidade de uma interação inicial gerar mudanças estruturais, expandindo o sistema de interações e afastando comportamentos automatizados. O desafio com pessoas no TEA, é identificar o limiar entre reconhecer suas expressões corporais como formas próprias de ser e a intervenção em direção a comportamentos "culturalizados" não autistas. A fenomenologia busca compreender o indivíduo em seu entorno, percebendo-o em contextos que lhes “falam”. Essencial para pessoas no TEA, promovendo interações que criam confiança para aproximação e comunicação empática. A posição humanista no ato de despatologização, combate estigmas antes incontestáveis e promove uma aceitação libertadora dos sujeitos autistas. As abordagens existencial-humanista e fenomenológica oferecem um olhar humanizado sobre o TEA, divergindo das abordagens biomédicas que o reduz a sintomas a serem corrigidos. A compreensão do autismo deve ir além de diagnósticos rígidos, que promovem uma patologização generalizada, ignorando a subjetividade autista. Ao invés de reduzir sintomas, é crucial promover inclusão social e emocional, respeitando a individualidade. Contestando diagnósticos e tratamentos padronizados, destaca-se a importância de métodos qualitativos e personalizados. A fenomenologia valoriza o prognóstico invés do diagnóstico, promovendo inclusão mais eficaz e melhoraria na qualidade de vida das pessoas dentro do espectro autista.

  • Palavras-chave
  • Autismo, Fenomenologia, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Subjetividade, Perspectiva.
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridades e Perspectivas em diálogo
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É com imenso prazer que anunciamos os Anais do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste Fluminense. Este evento que está em sua quarta edição, começando como Jornada no ano de 2018 e convertendo-se em Congresso no ano de 2020, já se estabeleceu como um espaço essencial para os diálogos e a reflexões nas áreas da Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência e se propõe a explorar nesta edição o tema: "Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridade e Perspectivas em Diálogo".


Nosso objetivo foi transcender os limites convencionais das disciplinas acadêmicas, promovendo uma rica interação entre as Ciências e as Humanidades contribuindo assim também para a abertura e consolidação de diálogos interdisciplinares no campo das ciências em geral. O evento visou estimular uma reflexão profunda sobre como diferentes campos do saber podem se entrelaçar, dialogar e juntos contribuir para a compreensão e a solução de complexos desafios contemporâneos.


Pretendemos assim abrir novas perspectivas e possibilidades de pesquisa, ensino e aplicação prática, enfatizando a importância da colaboração entre as diversas áreas do conhecimento para pensarmos de forma consistente os principais desafios constituintes do nosso tempo. Esperávamos que, ao promover este encontro de ideias, poderíamos não só ampliar nosso entendimento sobre fenômenos humanos e existenciais sob diferentes prismas, mas também fomentar inovações metodológicas e teóricas que respondam a tais desafios.


O evento, aconteceu de forma presencial, contando com a participação de renomados acadêmicos, pesquisadores e profissionais de várias partes do Brasil oferecendo uma oportunidade única para estudantes, professores, profissionais e interessados em geral de se engajarem em palestras, debates, mas também a oportunidade para pesquisadores discentes, docentes ou profissionais de apresentarem suas pesquisas na modalidade de pôster, o que enriqueceu e expandiu os horizontes de todos os participantes.

 

Parabéns a todos os participantes do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.

 

Comissão Organizadora

  • Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridades e Perspectivas em diálogo
  • Palestrantes

Núcleo Organizador

  • Crisóstomo Lima do Nascimento
  • Ignez Brígida de Oliveira Pina
  • Mabel Lopes de Azevedo
  • Rayssa Silva de Medeiros
  • Tamara Cecília Rangel Gomes

Comissão Organizadora

  • Crisóstomo Lima do Nascimento
  • Daniel Fonseca Ferreira
  • Fabiana Teixeira Ramos Tavares
  • Flora Paula Freitas
  • Gesiane Rima do Vales
  • Gilberto Mazoco Jubini
  • Ignez Brígida de Oliveira Pina
  • Joel de Sá Rosa
  • Lívia Oliveira Vidigal
  • Lorena de Azevedo Gomes
  • Lucas Clem Grijó Carvalho
  • Lucas Valadão Emerich
  • Mabel Lopes de Azevedo
  • Peterson Gonçalves Teixeira
  • Rafaela Sepulveda Aleixo Lima
  • Rayssa Silva de Medeiros
  • Renato Faria da Gama
  • Rodolfo Moura Pereira
  • Tamara Cecília Rangel Gomes

Comissão Científica

  • Crisóstomo Lima do Nascimento
  • Fabiana Teixeira Ramos Tavares
  • Gilberto Mazoco Jubini
  • Ignês Brígida de Oliveira Pina
  • Peterson Gonçalves Teixeira
  • Rafaela Sepulveda Aleixo Lima
  • Renato Faria da Gama
  • Rodolfo Moura Pereira
  • Tamara Cecília Rangel Gomes

 

congressodefenomenologia@gmail.com


Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência - NEPPFFE