O trabalho foi um componente essencial para a subsistência e progresso das comunidades humanas. Com a Revolução Industrial, houve a ascensão das fabricas e da produção em massa, intensificando o trabalho e criando relações muitas vezes precárias e exploratórias. Embora avanços na legislação trabalhista tenham ocorrido, os desafios relacionados à exploração, precarização e desigualdade no mercado de trabalho ainda persistem de maneira latente. Além disso, os indivíduos na sociedade moderna são frequentemente confrontados com demandas esmagadoras que minam sua identidade e bem-estar. O presente trabalho tem por objetivo identificar como a Sociedade do Cansaço interfere no fenômeno da exaustão do trabalhador e em seu processo de individuação no contexto do trabalho. O curso metodológico envolveu uma revisão bibliográfica acerca de autores de destaque que abordam a relação entre trabalho, exaustão e individuação. Os principais autores norteadores desta revisão são Byung-Chul Han (2015) em “Sociedade do Cansaço” e Murray Stein (2006) em “Jung: O mapa da alma: uma introdução”. Também considerando as obras “Tempos Modernos”, dirigida por Charlie Chaplin (1936), "Bartleby, o Escrivão" (1853) de Herman Melville e "A Metamorfose" (2002) de Franz Kafka, como ilustrações elucidativas de tal fenômeno. Byung-Chul Han (2015), em sua obra "Sociedade do Cansaço", analisa a contemporaneidade sob a ótica da exaustão física e mental que permeiam as relações laborais e sociais. Han argumenta que na sociedade contemporânea o indivíduo é incitado a produzir constantemente, sem pausas, alimentando uma cultura do excesso e da produtividade sem fim, que se impõe tanto sobre a vida pessoal quanto a profissional de modo que ambas as áreas se mesclem de maneira indiscriminada. A história do trabalho, com suas demandas crescentes por eficiência e resultados, converge com a análise de Han (2015) sobre a sociedade do cansaço. O autor descreve como a pressão para performar constantemente leva à exaustão física e mental dos trabalhadores, resultando em uma perda de identidade e alienação. O trabalho na sociedade contemporânea não apenas desafia os limites físicos e psicológicos dos indivíduos, mas também molda uma cultura onde a busca incessante por realização se confunde com a própria identidade. Nesse contexto, o processo de individuação de Carl Jung (1998) fala sobre o tornar-se um ser único, alcançar uma singularidade profunda, tornando-se o seu próprio Si-mesmo. Entretanto, a constante pressão para se encaixar em padrões pré-estabelecidos de sucesso profissional e social pode criar uma desconexão entre o eu autêntico e a persona adotada para atender às expectativas externas. Dito posto, esse estudo visa abordar e compreender a forma como a sociedade do cansaço também representa um desafio significativo para o processo de individuação, pois dificulta a busca por autenticidade e significado em meio à pressão constante por desempenho e realização material. Salientando também a necessidade de encontrar um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e profissional, essencial para o bem-estar mental e emocional do trabalhador.
É com imenso prazer que anunciamos os Anais do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste Fluminense. Este evento que está em sua quarta edição, começando como Jornada no ano de 2018 e convertendo-se em Congresso no ano de 2020, já se estabeleceu como um espaço essencial para os diálogos e a reflexões nas áreas da Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência e se propõe a explorar nesta edição o tema: "Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridade e Perspectivas em Diálogo".
Nosso objetivo foi transcender os limites convencionais das disciplinas acadêmicas, promovendo uma rica interação entre as Ciências e as Humanidades contribuindo assim também para a abertura e consolidação de diálogos interdisciplinares no campo das ciências em geral. O evento visou estimular uma reflexão profunda sobre como diferentes campos do saber podem se entrelaçar, dialogar e juntos contribuir para a compreensão e a solução de complexos desafios contemporâneos.
Pretendemos assim abrir novas perspectivas e possibilidades de pesquisa, ensino e aplicação prática, enfatizando a importância da colaboração entre as diversas áreas do conhecimento para pensarmos de forma consistente os principais desafios constituintes do nosso tempo. Esperávamos que, ao promover este encontro de ideias, poderíamos não só ampliar nosso entendimento sobre fenômenos humanos e existenciais sob diferentes prismas, mas também fomentar inovações metodológicas e teóricas que respondam a tais desafios.
O evento, aconteceu de forma presencial, contando com a participação de renomados acadêmicos, pesquisadores e profissionais de várias partes do Brasil oferecendo uma oportunidade única para estudantes, professores, profissionais e interessados em geral de se engajarem em palestras, debates, mas também a oportunidade para pesquisadores discentes, docentes ou profissionais de apresentarem suas pesquisas na modalidade de pôster, o que enriqueceu e expandiu os horizontes de todos os participantes.
Parabéns a todos os participantes do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
Comissão Organizadora
Núcleo Organizador
Comissão Organizadora
Comissão Científica
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Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência - NEPPFFE