Na contemporaneidade é comum ouvirmos as pessoas falarem sobre o autoconhecimento como algo que todos deveriam buscar e praticar em seu cotidiano. Por vezes, o fenômeno soa como uma capacidade intelectual e volitiva de se aperfeiçoar, ou seja, de melhorar como humano se aproximando de si mesmo em busca de chegar à um nível de conhecimento sobre sim que tornaria a pessoa um tanto quanto evoluída com relação às outras pessoas, tendo em vista que supostamente tenha alcançado progressivamente um nível de maturidade emocional incontestável. Na prática da clínica psicológica, isso não seria diferente. A lógica seria de buscar o acompanhamento psicoterapêutico a fim de atingir esse estado de perfeição progressivamente. Entretanto, a proposta que apresentamos neste trabalho sobre autoconhecimento é outra. Acredita-se que o fenômeno não se relaciona com um melhoramento do humano através da busca por um estado de perfeição e estabilidade emocional. Todavia, trata-se de um processo constante de descobrimento de si, considerando a fala de Heidegger que evidencia que o que nos é mais próximo é o que nos é mais distante, isto é, nós mesmos. Neste caso, diante do nosso estado constante de impermanência e indeterminação, o autor nos convida a pensarmos sobre o sentido de ser do ente que somos, sendo este ente o único dentre os outros entes que teria condições de pensar sobre o sentido de seu ser. Portanto, o autoconhecimento trata-se de um processo constante tendo em vista que lida com entes inconstantes no intuito de aproximar o ente de seu sentido, sendo o seu sentido transformado em outro a cada momento de sua vida. Além disso, cabe ressaltar que o processo de autoconhecimento não é progressivo porque não pretende-se chegar a um lugar de melhoria e perfeição após cada consulta, tendo em vista que pelo contrário esta ideia se aproximaria muito mais de uma (des)humanização, que invisibiliza a condição existencial de indeterminação para entificar o ente a partir de uma adaptação e padronização comportamental de como ele deve ser e estar no mundo. Entretanto, precisamos pensar sobre o que estamos falando quando falamos sobre autoconhecimento? Será que realmente seria sobre alcançar um nível de perfeição humana inquestionável ? Desse modo, objetiva-se com este trabalho compreender o sentido de ser do processo de autoconhecimento na clínica psicológica. Contudo, entende-se que o autoconhecimento ocorre todo dia a todo momento e pensar o sentido deste fenômeno na psicologia clínica fenomenológica contemporânea apresenta-se como uma necessidade, tendo em vista que ressoa em todos os âmbitos da vida humana e em seus modos de ser e estar no mundo.
É com imenso prazer que anunciamos os Anais do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste Fluminense. Este evento que está em sua quarta edição, começando como Jornada no ano de 2018 e convertendo-se em Congresso no ano de 2020, já se estabeleceu como um espaço essencial para os diálogos e a reflexões nas áreas da Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência e se propõe a explorar nesta edição o tema: "Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridade e Perspectivas em Diálogo".
Nosso objetivo foi transcender os limites convencionais das disciplinas acadêmicas, promovendo uma rica interação entre as Ciências e as Humanidades contribuindo assim também para a abertura e consolidação de diálogos interdisciplinares no campo das ciências em geral. O evento visou estimular uma reflexão profunda sobre como diferentes campos do saber podem se entrelaçar, dialogar e juntos contribuir para a compreensão e a solução de complexos desafios contemporâneos.
Pretendemos assim abrir novas perspectivas e possibilidades de pesquisa, ensino e aplicação prática, enfatizando a importância da colaboração entre as diversas áreas do conhecimento para pensarmos de forma consistente os principais desafios constituintes do nosso tempo. Esperávamos que, ao promover este encontro de ideias, poderíamos não só ampliar nosso entendimento sobre fenômenos humanos e existenciais sob diferentes prismas, mas também fomentar inovações metodológicas e teóricas que respondam a tais desafios.
O evento, aconteceu de forma presencial, contando com a participação de renomados acadêmicos, pesquisadores e profissionais de várias partes do Brasil oferecendo uma oportunidade única para estudantes, professores, profissionais e interessados em geral de se engajarem em palestras, debates, mas também a oportunidade para pesquisadores discentes, docentes ou profissionais de apresentarem suas pesquisas na modalidade de pôster, o que enriqueceu e expandiu os horizontes de todos os participantes.
Parabéns a todos os participantes do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
Comissão Organizadora
Núcleo Organizador
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Comissão Científica
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Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência - NEPPFFE