A tradição histórica do conhecimento humano ocidental debruça-se em explicações lógicas e categóricas, ao assegurar-se em supostas certezas. Na contemporaneidade, busca-se constantemente por respostas ditas objetivas e prevalece a necessidade de adequação aos padrões sociais de rendimento, de posicionamento e de comportamento, de modo que guiam-nos de maneira automática em direção ao definido como normal. Essa tendência humana atrelada ao poder médico, por vezes, põe o diagnóstico como determinante daquela existência, reduzindo-a aos sintomas que expressa e ao modo generalista ao qual foi conferido. Embora o psicólogo guie-se por referências validadas da psicopatologia como a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), também o cabe, pautar-se na relação terapêutica, no fazer-se-junto-a e na experiência do cliente no momento presente. Esta pesquisa tem como objetivo provocar reflexões mais rigorosas sobre o processo de diagnóstico e seu impacto para as pessoas neurotípicas no cotidiano de quem o recebe, ampliando seu papel, em movimento reflexivo e constante sobre sua valoração, para a viabilização de direitos fundamentais à vida. Adota-se, então, como metodologia a pesquisa qualitativa coordenada por duas etapas, sendo a primeira revisão bibliográfica a respeito das concepções de normal e patológico por Georges Canguilhem e as percepções fenomenológico-hermenêuticas de Martin Heidegger. A segunda etapa preocupa-se pela pesquisa e análise das leis e projetos de leis que respaldam e asseguram direitos às pessoas neuroatípicas, baseando-se em documentos e emendas parlamentares, principalmente, tornando explícito o que, por lei, exige ou não o diagnóstico, sendo médico ou psicológico, para tornar-se direito. Logo, pensa-se na importância da identificação das neurodivergências, via diagnóstico, para viabilização de direitos básicos, como também, enquanto possibilitador de seu encontro consigo. Em outra face, refletir a respeito dos determinantes que imperam tanto no senso comum, quanto na academia cientificista, que reduzem e simplificam o sentido do Ser ao diagnóstico. Assim, busca-se compreender a responsabilidade do psicólogo ao conferir ou reforçar um diagnóstico, bem como os limites e possibilidades da prática psicoterápica.
É com imenso prazer que anunciamos os Anais do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste Fluminense. Este evento que está em sua quarta edição, começando como Jornada no ano de 2018 e convertendo-se em Congresso no ano de 2020, já se estabeleceu como um espaço essencial para os diálogos e a reflexões nas áreas da Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência e se propõe a explorar nesta edição o tema: "Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridade e Perspectivas em Diálogo".
Nosso objetivo foi transcender os limites convencionais das disciplinas acadêmicas, promovendo uma rica interação entre as Ciências e as Humanidades contribuindo assim também para a abertura e consolidação de diálogos interdisciplinares no campo das ciências em geral. O evento visou estimular uma reflexão profunda sobre como diferentes campos do saber podem se entrelaçar, dialogar e juntos contribuir para a compreensão e a solução de complexos desafios contemporâneos.
Pretendemos assim abrir novas perspectivas e possibilidades de pesquisa, ensino e aplicação prática, enfatizando a importância da colaboração entre as diversas áreas do conhecimento para pensarmos de forma consistente os principais desafios constituintes do nosso tempo. Esperávamos que, ao promover este encontro de ideias, poderíamos não só ampliar nosso entendimento sobre fenômenos humanos e existenciais sob diferentes prismas, mas também fomentar inovações metodológicas e teóricas que respondam a tais desafios.
O evento, aconteceu de forma presencial, contando com a participação de renomados acadêmicos, pesquisadores e profissionais de várias partes do Brasil oferecendo uma oportunidade única para estudantes, professores, profissionais e interessados em geral de se engajarem em palestras, debates, mas também a oportunidade para pesquisadores discentes, docentes ou profissionais de apresentarem suas pesquisas na modalidade de pôster, o que enriqueceu e expandiu os horizontes de todos os participantes.
Parabéns a todos os participantes do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
Comissão Organizadora
Núcleo Organizador
Comissão Organizadora
Comissão Científica
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Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência - NEPPFFE