Este trabalho é um relato de pesquisa em andamento sobre o uso de um ateliê
de pintura como intervenção em Saúde Mental. Tomando a fenomenologia como
fundamento da reflexão, busca-se construir uma experiência de revalorização
dos afetos e da percepção como fatores protetivos e promotores de saúde. Para
isto propõe-se avaliar os efeitos de um ateliê de pintura em grupos terapêuticos
formados por membros de uma comunidade acadêmica no Estado do Paraná. O
uso das atividades expressivas visa promover uma ruptura na serialização das
atividades clínicas e interventivas, pois a arte tem esse potencial dinâmico e
criativo que leva o indivíduo a se experimentar como si mesmo a partir de suas
vivências e afetos. Essa experiência só é possível, porque a arte rompe com a
lógica do mesmo (mesmidade, positividade). Assim, pode-se dizer que no Ateliê,
por meio do uso das tintas, cores, texturas, além da exploração do próprio corpo,
é oferecido um lugar para a expressão estética. Nesse movimento expressivo, é
possível arrebatar elementos e signos de sua existência empírica e transpô-los
para um outro mundo (Merleau-Ponty, 1999, p. 248). Dessa forma, ampliam-se
possibilidades de repensar vivências e elaborar processos de vida por meio
dessa experiência estética de produção. Também pela expressão estética,
confere-se para aquilo que se exprime uma existência material, acessível a todos
que o veem (Merleau-Ponty, 1999, p. 248). Isso significa que aquela imagem
produzida se torna disponível para que todos os participantes do grupo
dialoguem, atribuindo seus próprios sentidos com base em sua posição
contextual no mundo. Assim, principalmente por ter como pressuposto uma
postura não interpretativa, é fomentada no Ateliê a significação das produções e
da experiência pelo próprio grupo. Metodologicamente, foram organizados três
grupos com uma média de 15 participantes que se reúne quinzenalmente. O
encontro é dividido em duas partes, a primeira é pictórica e a segunda verbal.
Os participantes também recebem um follow-up a fim de mapear as suas
experiências na participação dos grupos. Nos primeiros encontros notou-se uma
ênfase significativa no processo de “representar” algo. A pintura foi um lócus de
manifestação de angústias e aflições que estavam presentes no corpo. Existia
uma “urgência” em “pôr para fora” tais conteúdos. A partir do quarto encontro,
notou-se que a representação foi dando lugar à experimentação. As frases “não
sei o que vou pintar hoje” apareceram mais no início da atividade combinadas
com “não imaginei que sairia isso” no final da oficina. Consequentemente, os
relatos também foram se tornando mais profundos e mais complexos e o suporte
1 Doutorando do PPG-PSI da Universidade Federal do Paraná.
2 Professor do Departamento de Psicologia e do PPG-PSI da Universidade Federal do Paraná.
do grupo também foi se consolidando com participações mais espontâneas de
apoio ou identificações. Tais dados preliminares apontam fortemente na direção
de que a oficina expressiva tem um potencial protetivo e potencializador em
Saúde mental principalmente nas categorias “vínculos”; “relações significativas”;
“suporte emocional” e “cuidado”. À medida que essas categorias se fortalecem
a percepção sobre o ambiente acadêmico se torna mais positiva e fortalecedora.
É com imenso prazer que anunciamos os Anais do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste Fluminense. Este evento que está em sua quarta edição, começando como Jornada no ano de 2018 e convertendo-se em Congresso no ano de 2020, já se estabeleceu como um espaço essencial para os diálogos e a reflexões nas áreas da Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência e se propõe a explorar nesta edição o tema: "Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridade e Perspectivas em Diálogo".
Nosso objetivo foi transcender os limites convencionais das disciplinas acadêmicas, promovendo uma rica interação entre as Ciências e as Humanidades contribuindo assim também para a abertura e consolidação de diálogos interdisciplinares no campo das ciências em geral. O evento visou estimular uma reflexão profunda sobre como diferentes campos do saber podem se entrelaçar, dialogar e juntos contribuir para a compreensão e a solução de complexos desafios contemporâneos.
Pretendemos assim abrir novas perspectivas e possibilidades de pesquisa, ensino e aplicação prática, enfatizando a importância da colaboração entre as diversas áreas do conhecimento para pensarmos de forma consistente os principais desafios constituintes do nosso tempo. Esperávamos que, ao promover este encontro de ideias, poderíamos não só ampliar nosso entendimento sobre fenômenos humanos e existenciais sob diferentes prismas, mas também fomentar inovações metodológicas e teóricas que respondam a tais desafios.
O evento, aconteceu de forma presencial, contando com a participação de renomados acadêmicos, pesquisadores e profissionais de várias partes do Brasil oferecendo uma oportunidade única para estudantes, professores, profissionais e interessados em geral de se engajarem em palestras, debates, mas também a oportunidade para pesquisadores discentes, docentes ou profissionais de apresentarem suas pesquisas na modalidade de pôster, o que enriqueceu e expandiu os horizontes de todos os participantes.
Parabéns a todos os participantes do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
Comissão Organizadora
Núcleo Organizador
Comissão Organizadora
Comissão Científica
congressodefenomenologia@gmail.com
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência - NEPPFFE