A questão das evidências empíricas tem origem no campo da Medicina e tem relação direta com a atmosfera de nosso tempo, em seu afã de previsibilidade, antecipação e controle. Esta mesma ideia estará presente nos esforços de construção das práticas psicológicas baseadas em evidências, que buscam mapear as experiências anteriores de forma a colher as diretrizes garantidoras de bons resultados no porvir. Mas, seria a evidência empírica a única que ofereceria fundamentos e orientação para o fazer clínico em Psicologia? Recorro ao pensador dinamarquês Søren Kierkegaard, quando ele afirma que a experiência pode ser enganadora, na medida em que ela diz coisas diferentes. E, ainda, que nós, em nosso afã de apreender e controlarmos a experiência, tendemos a construir conjecturas, hipóteses e inferências. Kierkegaard dirá, ainda, que essas tentativas de apreensão da experiência acabam trazendo afetos tais como temor, angústia e inquietação frente a um porvir que resiste a toda tentativa de controle. Assim, ele mesmo pergunta: como, então, poderíamos ir ao encontro do porvir? E, complemento, como podemos nos orientar na relação com a existência, que é constante movimento? De forma a responder a estas questões, começarei por situar, rapidamente, a tradição da psicologia baseada em evidências, tentando apontar para os desafios enfrentados na elaboração de um modelo que possa representar as diferentes perspectivas teóricas, metodológicas, conceituas e práticas. Em seguida, pretendo recuperar informações sobre a relação de Kierkegaard com a psicologia experimental, nascente em seu tempo, e sua metodologia de comunicação indireta, usada para se comunicar com o leitor, convidando-o a buscar, na experiência sensível, referências orientadoras para sua própria existência. Para ilustrar essa forma de comunicação, acompanharei as experimentações dos personagens apresentados pelo pseudônimo Constantin Constantius, em sua psicologia experimentante. De forma a tornar mais claro os ensinamentos recolhidos até aqui, trarei reflexões sobre o lugar do empírico no contexto dos estudos sobre o envelhecimento. À guisa de conclusão, desenvolverei que não se trata de descartarmos tudo o que sabemos ou experimentamos, mas de não nos iludirmos pensando que estes saberes e experiências são suficientes para abarcar a existência em seu movimento incessante. É importante estarmos abertos para acolher outras perspectivas, notadamente aquelas que se tornam evidentes no curso da experiência, aprendendo a tomá-las como orientadoras para os caminhos percorridos na clínica psicológica.
É com imenso prazer que anunciamos os Anais do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste Fluminense. Este evento que está em sua quarta edição, começando como Jornada no ano de 2018 e convertendo-se em Congresso no ano de 2020, já se estabeleceu como um espaço essencial para os diálogos e a reflexões nas áreas da Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência e se propõe a explorar nesta edição o tema: "Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridade e Perspectivas em Diálogo".
Nosso objetivo foi transcender os limites convencionais das disciplinas acadêmicas, promovendo uma rica interação entre as Ciências e as Humanidades contribuindo assim também para a abertura e consolidação de diálogos interdisciplinares no campo das ciências em geral. O evento visou estimular uma reflexão profunda sobre como diferentes campos do saber podem se entrelaçar, dialogar e juntos contribuir para a compreensão e a solução de complexos desafios contemporâneos.
Pretendemos assim abrir novas perspectivas e possibilidades de pesquisa, ensino e aplicação prática, enfatizando a importância da colaboração entre as diversas áreas do conhecimento para pensarmos de forma consistente os principais desafios constituintes do nosso tempo. Esperávamos que, ao promover este encontro de ideias, poderíamos não só ampliar nosso entendimento sobre fenômenos humanos e existenciais sob diferentes prismas, mas também fomentar inovações metodológicas e teóricas que respondam a tais desafios.
O evento, aconteceu de forma presencial, contando com a participação de renomados acadêmicos, pesquisadores e profissionais de várias partes do Brasil oferecendo uma oportunidade única para estudantes, professores, profissionais e interessados em geral de se engajarem em palestras, debates, mas também a oportunidade para pesquisadores discentes, docentes ou profissionais de apresentarem suas pesquisas na modalidade de pôster, o que enriqueceu e expandiu os horizontes de todos os participantes.
Parabéns a todos os participantes do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
Comissão Organizadora
Núcleo Organizador
Comissão Organizadora
Comissão Científica
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Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência - NEPPFFE