Medicina, psicologia e filosofia sempre estiveram historicamente em contínuo contato. A psicologia, enquanto experiência clínica, nasce no interior da medicina, e a filosofia sempre esteve entre as áreas do conhecimento que lheserviram como fundamento. Vivemos, no entanto, em um outro tempo, atravessados pelo horizonte da técnica, em que tudo se afirma como verdade apenas quando é possível de ser manifestado através da janela instaurada pelo método científico, passa a imperar a chamada medicina baseada em evidências. Não há mais lugar para a reflexão e o mistério, o que impera é o pensamento que mede e calcula. Por um outro lado, muitas são as queixas dos pacientes, que se deparam com profissionais excessivamente técnicos, incapazes de abarcar a dimensão humana e existencial do sofrimento. Provocados pelo horizonte da técnica, esses profissionais se desvelam como consertadores de um aparelho extremamente sofisticado; o seu esforço é o de explicar os variados mecanismos que envolvem os elementos fisiológicos, identificar eventuais mal funcionamentos e corrigi-los. Esse movimento fica evidente na própria formação médica, que claramente privilegia os conhecimentos técnicos biologizantes, em detrimento de conteúdos considerados próprios às humanidades. Vivemos um paradoxo, já que futuros médicos, que lidarão todo o tempo com o ser humano, em um momento de as habilidades necessárias para acolher a dimensão existencial do sofrimento, interpretando tudo o que surge somente a partir da lógica da disfunção. Nesse cenário, se faz urgente e necessária a aproximação entre a medicina, a psicologia e a filosofia. Essas outras áreas do conhecimento lhe são efetivamente complementares, alguém que adoece, ou que recebe a notícia de estar com uma doença grave e potencialmente fatal, não o faz unicamente como um fenômeno biológico. Ao contrário, para além da técnica, estamos falando de medos, anseios, expectativas e projetos. Obviamente que a própria psicologia também tem sido atravessada pelo clamor por uma psicologia baseada em evidências. Faz-se, desse modo, ainda mais imperiosa a companhia da filosofia, que tem o potencial de manter aberto o horizonte de reflexão, o exercício do pensar meditante, nos lembrando dos limites de um pensamento que unicamente calcula. Muito mais do que clamarmos por humanização na medicina, temos que refletir sobre o horizonte histórico que desvela a medicina como uma profissão meramente técnica, permitindo que o seu papel possa ser o de realmente curar, no sentido mais pleno do termo.
É com imenso prazer que anunciamos os Anais do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste Fluminense. Este evento que está em sua quarta edição, começando como Jornada no ano de 2018 e convertendo-se em Congresso no ano de 2020, já se estabeleceu como um espaço essencial para os diálogos e a reflexões nas áreas da Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência e se propõe a explorar nesta edição o tema: "Ciências e Humanidades: Interdisciplinaridade e Perspectivas em Diálogo".
Nosso objetivo foi transcender os limites convencionais das disciplinas acadêmicas, promovendo uma rica interação entre as Ciências e as Humanidades contribuindo assim também para a abertura e consolidação de diálogos interdisciplinares no campo das ciências em geral. O evento visou estimular uma reflexão profunda sobre como diferentes campos do saber podem se entrelaçar, dialogar e juntos contribuir para a compreensão e a solução de complexos desafios contemporâneos.
Pretendemos assim abrir novas perspectivas e possibilidades de pesquisa, ensino e aplicação prática, enfatizando a importância da colaboração entre as diversas áreas do conhecimento para pensarmos de forma consistente os principais desafios constituintes do nosso tempo. Esperávamos que, ao promover este encontro de ideias, poderíamos não só ampliar nosso entendimento sobre fenômenos humanos e existenciais sob diferentes prismas, mas também fomentar inovações metodológicas e teóricas que respondam a tais desafios.
O evento, aconteceu de forma presencial, contando com a participação de renomados acadêmicos, pesquisadores e profissionais de várias partes do Brasil oferecendo uma oportunidade única para estudantes, professores, profissionais e interessados em geral de se engajarem em palestras, debates, mas também a oportunidade para pesquisadores discentes, docentes ou profissionais de apresentarem suas pesquisas na modalidade de pôster, o que enriqueceu e expandiu os horizontes de todos os participantes.
Parabéns a todos os participantes do II Congresso de Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
Comissão Organizadora
Núcleo Organizador
Comissão Organizadora
Comissão Científica
congressodefenomenologia@gmail.com
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência - NEPPFFE