O relato de experiência descreve a vivencia dos discentes do primeiro período do curso de Medicina da UNIPTAN ao acompanharem visitas domiciliares realizadas por agentes de saúde na Estratégia Saúde da Família (ESF). O objetivo principal foi explorar a importância dessa prática na formação inicial dos futuros médicos, destacando a interação direta com as condições de saúde das famílias atendidas pelo Programa de Saúde da Família (PSF). Durante a vivência, os discentes foram acompanhados pela agente comunitária, visitando diversas famílias na comunidade. A primeira visita foi ao lar de M., uma senhora acamada há mais de 10 anos, que depende de auxílio para suas atividades diárias. Esta visita permitiu uma reflexão sobre o papel do cuidado familiar e o suporte necessário para pacientes com imobilidade prolongada. A segunda visita foi à casa de B., uma menina de 10 anos com paralisia cerebral, que estuda na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e precisa de terapias contínuas. A realidade de B. evidenciou as dificuldades de acesso a tratamentos especializados para pacientes com deficiência em áreas menos favorecidas, destacando a importância de uma assistência mais abrangente e acessível. A terceira visita foi realizada na casa de S., uma senhora com problemas cardíacos e cuja família enfrenta dificuldades adicionais, como epilepsia. A situação complexa dessa família revelou a necessidade de uma coordenação eficaz entre diferentes níveis de cuidado dentro do sistema de saúde, ressaltando a importância de uma abordagem integrada para o manejo de condições crônicas e múltiplas. Finalmente, os alunos visitaram C., uma idosa de 111 anos que, apesar das dificuldades típicas da velhice, como a diminuição da mobilidade, exibia uma memória notável. Esta visita trouxe importantes lições sobre envelhecimento ativo e a importância de manter a qualidade de vida, mesmo em idades avançadas. As visitas domiciliares permitiram uma visão abrangente das diversas situações enfrentadas pelas famílias atendidas pelo PSF. Os alunos puderam observar não apenas as condições clínicas específicas, como imobilidade prolongada, paralisia cerebral e doenças crônicas, mas também como fatores sociais, econômicos e emocionais influenciam a saúde e o bem-estar das pessoas. Ficou evidente que, além do cuidado médico, muitas dessas famílias necessitam de suporte social e econômico, destacando a necessidade de ações intersetoriais que integrem saúde e assistência social. A experiência de acompanhar as visitas domiciliares foi fundamental para a formação dos discentes, oferecendo uma compreensão mais profunda do paciente em seu contexto total – social, familiar e econômico. A citação de Carl Jung, “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”, resume a lição aprendida: a relação médico-paciente deve ser construída com empatia e sensibilidade, especialmente em comunidades onde o cuidado muitas vezes começa dentro da própria casa do paciente. Essa vivência reforça a importância da atuação comunitária e a necessidade de uma abordagem holística no cuidado em saúde.
Comissão Organizadora
Sérgio Augusto Fortes e Sá Fortes
Júlia Enes Medeiros Silva
Raquel de Reis Haddad
Danielly Gomes
LARISSA MIRELLE DE OLIVEIRA PEREIRA
Danielly Gomes
Comissão Científica