Introdução:A cardiomiopatia cirrótica é uma complicação da cirrose hepática, caracterizada por alterações no miocárdio que comprometem a função cardíaca em situações de estresse hemodinâmico, como infecções e transplantes hepáticos. Apesar da função cardíaca em repouso ser frequentemente preservada, a resposta inadequada ao aumento da demanda resulta em consequências clínicas significativas.Objetivo: Este estudo visa revisar a literatura sobre a cardiomiopatia cirrótica, abordando sua epidemiologia, fisiopatologia, diagnóstico, tratamento e prognóstico, com o intuito de esclarecer as interações entre a cirrose hepática e a função cardíaca.Método: Foi realizada uma revisão integrativa em bases de dados médicas como PubMed,SciELO, BMJ, Medline, JAMA, Lancet e NEJM.Foram utilizados os descritores “Cardiomiopatias", "Cirrose Hepática", "Disfunção Ventricular", "Ecocardiografia" e "Transplante Hepático" para garantir a inclusão de estudos relevantes.Após a seleção, os dados foram organizados em temas-chave e analisados criticamente, destacando avanços e lacunas na literatura.Resultados:
A prevalência da cardiomiopatia cirrótica é difícil de determinar, com estudos sugerindo que mais de 50% dos pacientes com cirrose avançada apresentam disfunção cardíaca, seja ela sistólica, diastólica ou eletrofisiológica. A gravidade da cirrose e a presença de hipertensão portal severa aumentam a incidência da doença. A fisiopatologia é multifatorial, envolvendo alterações hemodinâmicas, neuro-hormonais e moleculares. A circulação hiperdinâmica inicial, marcada por aumento do débito cardíaco e vasodilatação, torna-se disfuncional ao longo do tempo, levando à incapacidade do coração de responder adequadamente a aumentos na demanda. Fatores genéticos também podem predispor indivíduos ao desenvolvimento da cardiomiopatia cirrótica, com polimorfismos relacionados à função cardíaca identificados. O diagnóstico se baseia em exames clínicos e ecocardiográficos, sendo a ecocardiografia uma ferramenta essencial para avaliar a função diastólica e sistólica. Técnicas avançadas, como Doppler tecidual, ajudam a identificar disfunções subclínicas. O manejo clínico é desafiador devido à coexistência da cirrose e disfunção cardíaca, com beta-bloqueadores e diuréticos sendo utilizados com cautela para evitar complicações. A cardiomiopatia cirrótica está associada a um pior prognóstico, especialmente em casos avançados de cirrose, onde complicações como insuficiência cardíaca, arritmias e eventos cardiovasculares agudos são comuns, impactando significativamente a mortalidade e a qualidade de vida dos pacientes.Conclusão:A cardiomiopatia cirrótica representa um desafio clínico significativo em pacientes com cirrose hepática, com impacto direto no prognóstico. A compreensão dos mecanismos moleculares envolvidos na doença abre novas perspectivas para terapias inovadoras. Embora o manejo atual seja complexo, pesquisas em andamento prometem avanços no tratamento e na monitorização da condição, contribuindo para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Comissão Organizadora
Sérgio Augusto Fortes e Sá Fortes
Júlia Enes Medeiros Silva
Raquel de Reis Haddad
Danielly Gomes
LARISSA MIRELLE DE OLIVEIRA PEREIRA
Danielly Gomes
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