Este relato de experiência descreve a execução de um projeto acadêmico realizado por alunos do primeiro período de medicina, que participaram de visitas domiciliares em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), supervisionadas por uma agente de saúde. O objetivo do projeto foi integrar o conhecimento teórico adquirido na sala de aula com a prática real em um contexto comunitário. Os alunos aplicaram conceitos aprendidos para identificar e entender as necessidades de saúde da população atendida pela UBS. O principal propósito das visitas domiciliares foi conectar a teoria acadêmica com a prática clínica, permitindo que os alunos desenvolvessem habilidades essenciais, compreendessem melhor o contexto de saúde da comunidade e contribuíssem para a melhoria dos cuidados oferecidos aos pacientes da UBS.A metodologia adotada incluiu a seleção da UBS, a divisão dos alunos em grupos e a designação de supervisores para cada grupo, com a função de fornecer orientações e acompanhar o trabalho do agente de saúde nas visitas. Os alunos coletaram informações sobre as condições socioeconômicas, físicas e domiciliares dos pacientes. Durante as visitas, foi notado que, apesar dos esforços da equipe de saúde local, muitos pacientes enfrentam dificuldades para acessar plenamente o Sistema Único de Saúde (SUS). Essas dificuldades resultam em lacunas no atendimento, seja por problemas de locomoção ou pela dificuldade em obter certos serviços de maneira eficaz e rápida. Certa visita chamou muita atenção, pois tratava-se de uma família bastante desestruturada, composta por 6 pessoas, onde o pai é traficante de drogas e utiliza a casa como um ponto de armazenamento e revenda desses produtos ilícitos, a mãe é profissional do sexo, tem um menino de 10 anos, uma menina de 2 anos e outra de um ano, além do avô das crianças que também reside no local. O ambiente demonstra uma vulnerabilidade social preocupante, principalmente para as crianças, que já chegou a culminar em um episódio onde a mãe levou a criança de até então 2 anos para ser atendida pelo médico da Unidade de Saúde, pois a mesma apresentava sangramento vaginal, o exame médico constatou que o hímen dela estava rompido, levantando a hipótese de violência sexual. Essa vivência proporcionou aos alunos uma visão mais explícita de como realmente funciona a atenção primária e destacou a importância que ela representa na vida de muitas pessoas. Além de demonstrar que o médico deve esperar por qualquer tipo de ocorrência e estar preparado emocionalmente para prestar o melhor atendimento possível dentro de suas limitações.
Comissão Organizadora
Sérgio Augusto Fortes e Sá Fortes
Júlia Enes Medeiros Silva
Raquel de Reis Haddad
Danielly Gomes
LARISSA MIRELLE DE OLIVEIRA PEREIRA
Danielly Gomes
Comissão Científica