SIDA EM IDOSOS: SEXO ALÉM DA IDADE

  • Autor
  • Gustavo de Oliveira Mota Maciel
  • Co-autores
  • Raquel Aziz Batista , Matheus Cardoso Ferreira Nunes , Marta David Rocha de Moura
  • Resumo
  •  

    Introdução: Com os avanços nos cuidados da saúde, chegar aos 60 anos saudável se tornou algo comum, esperado e até aspirado. Nesse ínterim, envelhecer significa manter uma vida sexual ativa, mas pouco se fala sobre a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) entre idosos. Dentre essas, merece particular atenção a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA). O objetivo deste trabalho é Identificar e analisar o perfil epidemiológico dos casos notificados de SIDA, no Brasil, em idosos (60 anos ou mais) de 2000 a 2019. Métodos: Trata-se de estudo descritivo, ecológico, em série temporal, feito a partir de dados obtidos no Sistema de Controle de Exames Laboratoriais da Rede Nacional de Contagem de Linfócitos CD4+/CD8 e Carga Viral (SISCEL), no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) e no Sistema de Informações de Agravos de Notificações (SINAN). Resultados: No período em análise, a incidência da SIDA na população idosa foi equivalente a 4,09% dos casos totais (756.586). Apesar de ser uma porcentagem baixa, a incidência anual aumentou em mais de três vezes ao se comparar 2000 e 2019, ao passo que, no restante da população, observou-se uma certa estabilização da incidência. A maioria dos casos foi notificada na região Sudeste (46,41%), seguido pelas regiões Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Quanto à forma de exposição, a relação sexual foi a principal via de transmissão (98,31%) e, dentro desse grupo, predominaram as relações heterossexuais (87,78%), seguidas pelas homossexuais (7,05%) e bissexuais (5,15%). A relação "Homem/Mulher" de novos casos de SIDA em idosos diminuiu nos últimos anos. Em 2000, essa relação era de 1,83:1, enquanto, em 2019, a proporção passou a ser de 1,69:1, decorrente de um aumento da infecção em mulheres em detrimento de homens, seguindo o mesmo padrão de decréscimo observado no restante da população. Apesar de ainda ser baixa a incidência anual de HIV em idosos quando comparada à população geral, notou-se um aumento expressivo do número de casos ao longo dos anos, com destaque à principal categoria de exposição: a via sexual. Esses fatos evidenciam como o sexo sem proteção entre idosos é algo mais frequente, seja por desinformação ou por negligência. Conclusões: Faz-se, assim, necessário o acompanhamento mais próximo da saúde sexual desse grupo etário específico, com políticas públicas de educação em saúde mais direcionadas à prevenção primária e secundária do HIV, além de outras ISTs, como HPV, herpes e sífilis.

  • Palavras-chave
  • SIDA, Idosos, Políticas Públicas
  • Área Temática
  • Epidemiologia e Saúde Coletiva
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